Com Bruna Linzmeyer, 'Virtuosas' reforça auge do terror no cinema nacional

"Virtuosas" ganhou "passe livre" para estrear no streaming. O filme de Cíntia Domit Bittar venceu o Prêmio Netflix e garantiu sua distribuição pela plataforma em mais de 190 países.

A trama de ficção e terror acompanha um grupo de "tradwives", mulheres ultraconservadoras e religiosas, que vão "aperfeiçoar" seu papel como esposas e mães "perfeitas" em um retiro. Ainda sem data oficial de estreia, o longa com Bruna Linzmeyer já foi exibido em mostras de Cannes (França), Rio de Janeiro e São Paulo.

No videocast Plano Geral, o jornalista Vitor Búrigo destaca a representação do fanatismo no filme. "É um filme muito interessante, com uma questão muito atual", diz.

O horror fala muito dos medos da sua época pelo gênero, e é assustadora essa onda de conservadorismo que temos Flavia Guerra, colunista do UOL, no Plano Geral

Convidado do videocast, o crítico Thiago Stivaletti disse que Brasil vive "o auge" do terror no cinema. "O terror virou um gênero que os diretores todos resolveram explorar", opinou.

A diretora de "Virtuosas" defende que se trata de um gênero que "conversa bem" com o público e tem uma legião de fãs, e o prêmio demonstra o interesse de plataformas de streaming. "Estamos em um momento histórico do audiovisual brasileiro", diz Cíntia em entrevista ao videocast.

Para ela, o filme se diferencia por não se pautar no "olhar do homem" —nem na direção, nem no protagonismo. "'Virtuosas' está dentro desse 'terror psicológico', que também vem sendo chamado de 'terror feminista'", diz.

Além de "Virtuosas", o Plano Geral desta semana trouxe entrevistas e analises sobre "O Agente Secreto". Confira:

Wagner Moura comenta sensualidade em 'O Agente Secreto'

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Muito além das críticas políticas e sociais, "O Agente Secreto" conquistou o público internacional por expor a "liberdade" praticada pela população em períodos de ditadura, segundo Flavia Guerra.

O filme de Kleber Mendonça Filho narra um professor (Wagner Moura) que, em 1977, decide fugir de seu passado violento e misterioso. Ele se muda então para Recife com a intenção de recomeçar - mas começa a ser espionado pelos vizinhos.

Para Wagner Moura, o longa consegue captar a sensualidade que persiste mesmo em tempos de tensão. "Kleber captou muito bem esse entendimento de que a pessoa não para [em meio a conflitos nacionais]", diz. "Essas aparentes contradições são, na verdade, o cerne da natureza do ser humano".

Kleber Mendonça defende que o erotismo é muitas vezes "incompreendido" no audiovisual. "Ele é interpretado como nudez frontal. Mas, para mim, é um momento de sensualidade entre pessoas, que não necessariamente envolve uma cena pesada de sexo", diz. "É um erotismo que tem a ver com a pulsão de vida. Ser feliz com nosso corpo", completa Flavia.

Filme é projeto mais ambicioso de Kleber Mendonça Filho

O diretor de arte de "O Agente Secreto", Thales Junqueira, relembra a complexidade do roteiro e a dificuldade para compor os cenários do filme, que expõe um "Recife pobre e abandonado". "Recife, assim como grande parte das cidades brasileiras, teve grande parte de sua identidade histórica apagada no decorrer das últimas décadas", diz. "É um filme que encara esse problema do cinema brasileiro de época, que é filmar as ruas".

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Apesar das locações degradadas, o resultado foi positivo — e quem confirma é a recepção do público internacional, diz ele.

Quando li o roteiro pela primeira vez, tive a sensação de estar em contato com um grande filme e com o que me parece o projeto mais ambicioso de Kleber até agora Thales Junqueira

Visual meticuloso e cheio de camadas

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Flavia Guerra, que já assistiu ao filme três vezes, destaca a "evolução" que ele tem a cada reprise. "O filme tem muitas camadas e referências nas entrelinhas", diz. "Com tantas tramas paralelas, Kleber se mostra um grande cronista".

O fato do diretor trazer referências brasileiras e internacionais torna esse filme único, diferente de tudo Flavia Guerra

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Vitor Búrigo, por sua vez, destaca o visual "colorido" e o figurino. "É o filme em que Kleber Mendonça Filho mais ousou e se arriscou em escancarar suas referências", diz.

Para Flavia, o "visual meticulosamente trabalhado" torna o filme "um deleite visual". "Parece um thriller de ação dos anos 1970 (..), que faz uso de uma trilha sonora muito engenhosa. É um exemplar único do que o nosso cinema pode ser", diz.

Apresentado por Flavia Guerra e Vitor Búrigo, o Plano Geral é exibido às quartas-feiras, às 11h, no canal de Splash no YouTube e na home do UOL, com as principais notícias sobre cinema e streaming. Você pode ainda ouvi-lo no Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts.

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