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Por que ex-ator da Globo pode plantar maconha sem ser preso? Entenda

Mohammed Abdullah, que era conhecido como Ricardo Petraglia antes de se converter ao islamismo, tem em seu currículo de ator novelas como "História de Amor" e "A Viagem". Hoje, no entanto, exerce outra função: a de ativista canábico.

No Instagram, ele mostra sua plantação de maconha em Xerém, no Rio de Janeiro. Em entrevista a Splash, ele explica que o rosto conhecido e a idade ajudam a tornar o tema mais palatável para diferentes públicos: "As pessoas olham esse velhinho falando de maconha e pensam: vamos escutar o que ele está dizendo. E eu digo as coisas todas, que é uma hipocrisia, que no Brasil existe o apartheid da maconha. Grandes laboratórios podem vender essa planta mas, se alguém na favela for vender, vai preso como traficante".

Não estou fazendo nada errado, nada escondido, quero que todo mundo saiba. Quanto mais pessoas virem isso, mais pessoas vão se entusiasmar e querer fazer a mesma coisa. Eu não faço apologia à maconha. Eu faço apologia à liberdade da planta que foi Deus quem colocou nesse planeta. Mohammed Abdullah

Mohammed Abdullah, antes conhecido como Ricardo Petraglia, ao lado de um de seus pés de maconha
Mohammed Abdullah, antes conhecido como Ricardo Petraglia, ao lado de um de seus pés de maconha Imagem: Reprodução/Instagram

Desde 2017, ele tem um habeas corpus para plantar maconha para uso pessoal. Mohammed buscou o salvo-conduto porque sofre de hepatite C e dores decorrentes de uma prótese coxofemoral que desarranjou sua coluna. A primeira condição sobrecarrega o fígado e o impede de tomar anti-inflamatórios para a segunda. Com a idade, essas dores se somaram à pressão alta e à depressão. "O óleo me tira disso tudo sem efeitos colaterais. Quer dizer, eu não paro de envelhecer, mas não tem efeito colateral".

Ele obteve autorização da Anvisa para importar o remédio e, em seguida, comprovou não ter condições financeiras para fazê-lo. "O remédio é caríssimo, US$ 400 por vidrinho. Eu aleguei que sou um aposentado, não tenho esse dinheiro para gastar. Vou ter que plantar em casa para fazer meu próprio remédio", explica. Todo esse processo foi feito com a ajuda de um advogado.

O ex-ator não esconde que já era usuário da planta antes de ter a permissão para plantar. "Eu não tinha ideia dessa coisa da maconha medicinal. Eu era só um maconheiro", relembra. Um dia, visitou um amigo que tinha uma associação especializada em maconha medicinal e entendeu o potencial do tratamento: "Eu vi crianças parando de ter convulsão porque tomaram óleo. Aí eu comecei a plantar e dava um terço das minhas plantas para a associação. Era uma rede clandestina".

No Instagram, o ex-ator explica o processo de colheita e preparo da maconha
No Instagram, o ex-ator explica o processo de colheita e preparo da maconha Imagem: Reprodução/Instagram

Hoje, Mohammed não pode vender e nem doar o que produz. Por isso, usa sua visibilidade para desmistificar o assunto nas redes sociais: "Está sendo uma ferramenta para eu dizer o que eu preciso dizer, o que eu quero que as pessoas ouçam. Fora isso, eu não estou nem aí quanto seguidor tenho ou não. Eu quero mais é me expressar".

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Após se converter ao islamismo, ele passou a pesquisar como a religião vê o uso da maconha. Segundo ele, existe um debate sobre se o uso da planta é haram (proibido pela lei islâmica) ou halal (permitido pela lei islâmica). Seus estudos levaram à seguinte conclusão: "É como uma faca. Você pode usar para dar uma facada em alguém ou você pode usar para fazer uma cirurgia".

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