Personagem de ator morto em 2004 virou herói de Lucimar no fim de Vale Tudo
Clara Ribeiro
Colaboração para Splash, em São Paulo
13/10/2025 05h30
Um dos dois atores negros no elenco da primeira versão de "Vale Tudo", de 1988, Fernando Almeida interpretou Gildo, menino em situação de rua que foi acolhido por Raquel (Regina Duarte) após roubá-la. No fim da trama, teve destaque ao salvar o sonho de uma personagem. Relembre o desfecho e a carreira do artista, morto tragicamente em 2004.
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Gildo 'deixou' Lucimar milionária na versão de 1988
Vivida por Maria Gladys, Lucimar ganhou uma 'bolada' no jogo do bicho após morte de Odete (Beatriz Segall). Também empregada doméstica naquela versão, ela acertou seu palpite usando o número da sepultura de Odete. O número escolhido se refere, ironicamente, à "cobra", e é vencedor da rodada, fazendo com que ela ganhe muito dinheiro.
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Lucimar foi assaltada e perdeu o bilhete premiado, mas Gildo foi o responsável por ajudá-la. O menino, que no remake virou Gilda (Letícia Vieira), entrou em ação e consegue recuperar a bolsa com o comprovante do prêmio ganho pela amiga. Com isso, Lucimar recebe o valor e parte para uma temporada na Argentina. No capítulo final, ela surge irreconhecível: penteado, roupas e atitude copiados da própria Odete, esbanjando arrogância e ao lado de um amante mais jovem.
Carreira de Fernando Almeida
Vindo de família humilde, do Rio, Almeida estreou na TV em 1980, na novela "Olhai os Lírios do Campo" (Globo). Depois, esteve no elenco de "Livre para Voar" (1984), "Sinhá Moça" (1986) e "O Outro" (1987), antes de ser escalado para "Vale Tudo".
Depois de viver Gildo, trabalhou em outras novelas da Globo. "Lua Cheia de Amor" (1990), "Pedra sobre Pedra" (1992), "Sex Appeal" (1993), "Olho no Olho" (1993), "O Campeão" (1996), "Malhação" (1997) e "Vila Madalena" (1999) são os destaques de seu currículo..
Ator perdeu espaço na TV nos anos 2000 e seu último trabalho aconteceu três anos antes de sua morte, em "A Padroeira" (2001), interpretando Gil. Depois disso, ele ficou deprimido e sem recursos financeiros por não receber convites como relatou Marcelo Gonçalves, irmão do ator André Gonçalves, ao O Globo, em 2004.
Depois que fez a novela 'A Padroeira', não rolou mais trabalho para ele. Ele vivia um momento difícil, estava sem dinheiro e sem trabalho. Tanto que acabou voltando para a casa dos irmãos, na Pavuna. Eu, meu irmão e Lui Mendes nos identificávamos com ele porque tivemos uma infância difícil e também viemos da zona norte. Marcelo Gonçalves, em 2004
Morte trágica
Fernando Almeida teve um fim trágico, marcado pela violência na periferia do Rio de Janeiro. Ele morreu aos 29 após levar dois tiros na nuca em um ponto de ônibus na avenida Brasil, na altura de Realengo.
Segundo as investigações, os tiros que mataram o ator teriam sido disparados por dois homens, após uma briga em um baile funk. Um deles, conhecido como Peixe, acabou sendo morto dois anos depois em uma troca de tiros com policiais, no mesmo bairro onde Fernando havia sido executado.
Família só soube da morte dois dias depois do ocorrido, quando o corpo foi identificado no IML. De acordo com o pai do ator, na época da morte, ele estava fazendo um curso de iluminação e teria sido convidado para participar de uma minissérie.
Ele deixou um filho, Samuel, com sete anos na época, fruto do relacionamento com a atriz Antonia Fontenelle. Ela, inclusive, relembrou a morte em entrevista para o podcast Papagaio Falante, em 2022.
Nós nos separamos quando nosso filho tinha alguns meses, mas continuamos amigos. No dia do assassinato, Fernando tinha ido a um churrasco com o filho da atual mulher do pai dele. De lá, eles foram para um baile funk em Padre Miguel. Ele teria se engraçado com a mulher de um traficante. Esperaram ele ir embora e depois o executaram. Antonia Fontenelle, em 2022