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Juliette Binoche conquista Rio com carisma e dá pistas de projeto no Brasil

De Splash, em São Paulo

08/10/2025 12h00

Juliette Binoche foi uma das atrações do primeiro semana de Festival do Rio. A atriz francesa apresentou o filme "In-I in Motion", esbanjou carisma e deu pistas de um projeto brasileiro.

Juliette confirmou que tem um projeto no Brasil, mas que ainda não pode falar sobre o assunto. "Eu até falei para ela: 'O que te traz ao Brasil?'. Ela disse: 'Mostrar meu filme'. Ai, Juliette, para. Pode ir contando aí", brincou Flávia Guerra.

Por enquanto, a atriz promove seu documentário sobre a criação do espetáculo de dança contemporânea "In-I". Juliette divide a tela com o bailarino Akram Khan, com quem estrelou o espetáculo, e aparece sem produção, em movimento, totalmente dedicada ao processo criativo. O documentário surgiu a partir de uma sugestão do ator Robert Redford, grande admirador do espetáculo "In-I".

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Flávia descreve Juliette como uma entrevistada espontânea e muito interessada por cinema. Questionada sobre a entrega da Palma de Ouro para Wagner Moura em Paris, Juliette respondeu de forma divertida. "Ela falou: 'Gente, eu estava em Paris, me ligaram, e é óbvio que eu ia, porque é legal, porque é gostoso'. Ela não deu aquela resposta ensaiadinha, sabe? Essa passagem dela foi muito querida", conta a crítica.

Ela é muito, muito querida, a Juliette. Ela foi para o [Cine] Odeon, apresentou o filme e falou: 'Vocês querem o papo no final ou agora?'. Todo mundo falou: 'A gente prefere depois de ver o filme.' Ela disse: 'Então tá bom, gente. Eu vou embora amanhã cedo, vou voltar para casa, fazer minha mala e volto depois.' Duas horas e quarenta minutos depois, deu tempo de ela fazer a mala e voltar para o Odeon. Flávia Guerra

Entre outros destaques do Festival do Rio, está o filme argentino "Belén". Neste drama jurídico baseado em uma história real, uma jovem pobre de Tucumán é algemada na maca do hospital após ser falsamente acusada de fazer um aborto ilegal.

Não importa se [o aborto ilegal] aconteceu. O que importa é como a condenam sem saber nada. Não lhes importa se foi realmente [um aborto] ou não. A condenam diretamente, sem nenhuma investigação, sem nenhuma prova, sem nada. Sobretudo porque ela é pobre. Dolores Fonzi, protagonista de "Belén"

Os nacionais "Cyclone" e "Love Kills" também fizeram sucesso no festival. "Cyclone" conta a história da jovem operária e dramaturga Dayse Castro, enquanto "Love Kills" traz uma fantasia, ambientada em São Paulo, que traça um paralelo entre vampiros e vivências trans.

É um filme de fantasia, no terreno do fantástico, que o Brasil ainda produz muito pouco, e eu acho que a gente tem que produzir mais. É uma fatia de mercado, ótima para o público jovem. Flávia Guerra

Ingrid Guimarães junta moda e Amazônia em filme: 'Comédia com algo a dizer'

"Perrengue Fashion", novo filme de Ingrid Guimarães, também acaba de estrear no Festival do Rio. A produção aborda a sustentabilidade na moda com uma comédia de situação, repleta de cenas inusitadas.

Flávia Guerra diz que é um filme para "dar risada, se deixar levar e se divertir". "A Ingrid faz muito bem isso. Ela é uma criadora, muito mais do que atriz, que se joga nos projetos [...] É uma comédia de situação, popular, divertida, que a gente gosta. Eles aprontam altas trapalhadas e vivem grandes aventuras Amazônia adentro", brinca a crítica.

Ingrid vive Paula, uma influenciadora de moda e lifestyle 40+, que entra em conflito com as escolhas do filho, Cadu (Filipe Bragança). Ela recebe um convite para estrelar uma campanha global de Dia das Mães com o filho, mas descobre que ele abandonou a faculdade de Business nos EUA para viver em uma ecovila no Amazonas. Para convencê-lo a voltar, ela embarca com o assessor Taylor (Rafa Chalub) em uma viagem com muitos choques culturais.

O filme aborda questões como preservação da natureza e sustentabilidade no mundo da moda. "Eu gosto sempre de fazer uma comédia que tenha alguma coisa a dizer", diz Ingrid.

Durante o processo de criação, Ingrid e Rafa foram cuidadosos para abordar a cultura do Norte de forma bem-humorada, mas respeitosa. "A gente tem que pensar dez vezes antes de fazer uma piada. Eu acho que esse movimento [de policiar a comédia] deflagrou muitos preconceitos disfarçados de comédia. Porque a comédia é a melhor maneira de falar de coisas sérias, mas tem muita gente que usa da comédia pra esconder o preconceito, o racismo, o etarismo", avalia a atriz.

Qual o limite da comédia? É o bom senso, amor [...] Eu prefiro fazer piada comigo do que fazer piada com o outro. Eu acho que as pessoas se identificam mais quando você se detona do que detona o outro. Ingrid Guimarães

Nos bastidores, a produção manteve um set 100% sustentável e recebeu aulas e palestras sobre os temas abordados no filme. "Todo mundo quer ser sustentável na teoria, porque a gente quer que a sustentabilidade seja uma coisa conveniente e ela não é", diz Rafa Chalub, contando que o ambiente de gravações tinha controle de reciclagem e desperdício.

'Depois da Caçada' é filme provocador e complexo sobre denúncias de assédio

"Depois da Caçada", de Luca Guadagnino, é um dos principais lançamentos internacionais do Festival do Rio. O filme, que promete gerar debate, aborda denúncias de assédio com personagens complexos e diálogos elaborados, que remetem a dramas adultos dos anos 1970.

É um filme de que você sai incomodado, irritado. Eu gosto desse tipo de experiência porque, pra mim, a pior experiência é o filme que não causa nada. Esse fiilme é chieo de arestas, problemas, mas é provocador, e gosto disso. Não é que eu gosto do filme, mas eu gosto que ele exista. Flávia Guerra

Julia Roberts é Alma, professora de Yale que se vê no centro de uma crise ética e pessoal. Sua aluna Maggie (Ayo Edebiri) acusa outro professor, seu amigo de longa data, de agressão sexual. À medida que os conflitos no campus se intensificam, segredos obscuros do passado de Alma ameaçam vir à tona, desafiando os limites entre lealdade, justiça e convicção.

Para Vitor Búrigo, a complexidade do filme está nos personagens criados por Guadagnino. "Essa brincadeira que ele faz com os temas atuais do machismo, do feminismo, do Me Too, do cancelamento virtual hoje em dia? Hoje em dia, uma notícia mentirosa pode destruir a vida de uma pessoa. [...] O filme é uma montanha-russa de sentimentos e emoções reais desse momento atual", avalia.

"Depois da Caçada" traz ainda músicas brasileiras em sua trilha sonora, com faixas de João Gilberto e Tom Jobim. "Tem um uso sofisticado da bossa nova, que eu achei muito interessante", conta Flávia.

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