A trajetória 'assustadora' do sucesso de 'Guerreiras do K-Pop'

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Três meses após seu lançamento na Netflix, o filme de animação "Guerreiras do K-Pop" continua a ser um verdadeiro fenômeno cultural e dominou as paradas musicais, cativando audiências globais. O longa não somente se tornou um dos filmes mais assistidos da plataforma, como sua trilha sonora alcançou o primeiro lugar na Billboard 200, e o hit "Golden", composto por Ejae, permaneceu por sete semanas no topo da Billboard Hot 100.
Na produção, as HUNTR/X já têm uma rotina dupla: são ídolos do pop para seus fãs e caçadoras de demônios nas horas vagas. Mas a missão delas fica ainda mais complicada quando os próprios vilões decidem entrar para o mundo da música, criando o grupo rival Saja Boys. Assim, a batalha se torna pelo primeiro lugar nas paradas e também pelo coração do público.
A Sony produziu "Guerreiras do K-Pop" e vendeu os direitos de distribuição para a Netflix, para um lançamento direto em streaming. O filme acabou se tornando o título mais assistido de todos os tempos na plataforma, superando "Alerta Vermelho" com 236 milhões de visualizações. Posteriormente, uma versão do filme com letras das músicas para o público cantar junto foi lançada nos cinemas em 23 de agosto, arrecadando mais de US$ 19 milhões (cerca de R$ 95 milhões) na bilheteria em seu fim de semana de estreia.

Para os diretores Chris Appelhans e Maggie Kang, a trajetória do filme foi "assustadora". Kang comparou a experiência a criar um filho: "No começo, você fica: 'Ok, espero que as pessoas gostem de você. Espero que você fique bem'. E agora estamos: 'Somente vá. Viva sua vida'". Appelhans complementou, destacando o poder do "boca a boca" na plataforma de streaming, que permitiu ao filme construir um público semana após semana, impulsionado pela paixão e pela especificidade do material que ressoou com os fãs.
A conexão com o público vai além dos números. Ejae, a voz cantada da personagem Rumi e compositora de "Golden", se emocionou ao relatar uma mensagem que recebeu: uma fã, enlutada pela perda de um parente, encontrou consolo e um sorriso ao assistir ao filme repetidamente. "A música a ajudou, e isso é algo grandioso", disse.
O processo de criação musical foi um dos tópicos mais destacados por Ejae, que revelou que a melodia principal de "Golden" surgiu de forma espontânea, no carro, a caminho do dentista. "Cantei a melodia e não percebi que seria tão aguda", brincou. A diretora Maggie Kang contou que, ao ouvir a demo enviada pelo diretor musical Ian Eisendrath, começou a chorar no carro a caminho do aeroporto. "Eu sabia que era 'a' música", afirmou.
A vulnerabilidade necessária para dar vida aos personagens também foi crucial. Rei Ami, voz de Zoey, explicou que canções como "What It Sounds Like" exigiam que ela abandonasse uma "fachada forte" e fosse brutalmente honesta, uma jornada emocional que a fez chorar de frustração durante as gravações. "A música me salvou", confessou.
Questionados sobre como equilibrar a autenticidade da cultura K-Pop com um apelo universal, Maggie Kang foi enfática. "Queríamos representar o fandom corretamente". Ela explicou que a relação única entre ídolos e fãs foi incorporada à mitologia do filme como o "Honmoon", uma força mágica que protege o mundo.
Todo mundo sabe o que é ser fã de algo. E essa foi a porta de entrada para explicar o resto.
Maggie Kang
Kang também destacou a intenção de mostrar mulheres genuinamente engraçadas e desajeitadas. "Há empoderamento e força na comédia. Leva muita coragem para ser engraçado. Espero que as jovens que assistam possam aprender que há força nisso, e isso é o verdadeiro poder feminino".

O grupo Huntr/x, formado pelas vozes de Ejae, Audrey Nuna e Rei Ami, se prepara para sua primeira atuação ao vivo de "Golden" no "The Tonight Show Starring Jimmy Fallon", marcada para ser exibida ao final de outubro. As artistas descreveram os intensos ensaios, com sessões de até oito horas, como uma experiência de "acampamento de teatro" que as uniu. "Houve um momento em que nós três nos conectamos e nos sentimos como uma unidade. Foi um grande avanço", disse Audrey Nuna.
Por fim, ao serem questionados se a arte pode salvar o mundo, a resposta foi unânime. Chris Appelhans refletiu sobre a luta contra os "demônios internos" e a importância de enfrentá-los juntos. Audrey Nuna concluiu de forma poética: "Vivemos em um mundo bastante bagunçado, mas a arte nos conecta. Você encontra um estranho que assistiu a este filme e sente uma conexão imediata. É a única porta de entrada para chegar lá".





























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