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De 'Hamnet' a 'Hind Rajab', Festival do Rio traz fortes candidatos ao Oscar

De Splash, em São Paulo

01/10/2025 12h00

O Festival do Rio, que acontece entre os dias 2 e 12 de outubro, traz uma programação imperdível com fortes candidatos a indicações ao Oscar.

Confira alguns destaques:

"Depois da Caçada" abre o festival com um elenco estrelado: Julia Roberts, Ayo Edebiri, Andrew Garfield e Chloë Sevigny. "É um filme adulto, parece um drama dos anos 70, cheio de tensão humana e muito diálogo. [...] Sabe um filme que mexe no vespeiro? É esse aí", diz Flávia Guerra.

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"Hamnet", de Chloé Zhao, é uma das grandes apostas de temporada. "Vai ser indicado ao Oscar e foi o grande vencedor do Festival de Toronto. É a história pré-Hamlet, uma história que emocionou muita gente em Toronto", conta a crítica.

O norueguês "Valor Sentimental", grande oponente do Brasil na categoria de melhor filme estrangeiro, segundo Flávia. "É um filme de consenso, todo mundo adora. Filme de família, filme de 'daddy issues', questões com o pai. Traz questões como família, amor, emancipação, e o próprio cinema como metalinguagem."

O tunisiano "A Voz de Hind Rajab" também é um dos destaques entre os filmes estrangeiros. Flávia aponta que o filme também estará muito presente na temporada de premiações, mas para levar as estatuetas, precisa ganhar força nos Estados Unidos, por tratar de um tema delicado: a morte de uma menina palestina de seis anos durante uma fuga dos ataques israelenses.

O festival contará com a exibição de "Yes", que "bombou" em Cannes, e a presença do diretor israelense Nadav Lapid. "É uma sátira cheia de comentários sobre o seu país, sobre dois artistas que estão querendo se colocar nesse cenário da elite israelense, e discute até onde eles vendem sua arte, se vendem em nome da sua carreira. Me lembra 'Brutalista', 'Assassinos', mas tem todo um contexto sociogeográfico de Israel dentro do filme", diz Flávia.

Entre os filmes nacionais, alguns destaques são "Virtuosas" e "Ato Noturno". No terror "Virtuosas", de Cíntia Domit Mittar, um retiro VIP para mulheres se transforma em uma jornada absurda e perigosa. Já no suspense erótico "Ato Noturno", de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, um jovem ator e um político embarcam em um caso secreto e descobrem o fetiche em fazer sexo em lugares públicos.

'Malês' mostra que negros não pensam 'univocamente', diz Camila Pitanga

Dirigido por Antonio Pitanga, longa conta a história da Revolta dos Malês, maior levante de escravizados na história do Brasil. O filme se passa em Salvador, em 1835, quando os malês, africanos muçulmanos escravizados no país, planejam uma rebelião enquanto lidam com dissonâncias entre diferentes movimentos étnicos e religiosos.

"Malês" é um sonho antigo de Antonio, que já pensava o filme em conversas com Glauber Rocha nos anos 1980. "Nada é por acaso, é só uma história desenhada dentro do seu ser, que um dia você faz luz. 'Malês' é isso", diz Pitanga.

Para Camila Pitanga, a obra mostra que negros não pensam todos da mesma forma e têm opiniões diferentes. Isso porque sua personagem, Sabina, uma negra forra e independente financeiramente, não concorda com o levante dos malês. "Nós, negros, não somos uma coisa. Não pensamos univocamente. Nós temos pontos de vista, muitas vezes diferentes, mas não necessariamente opostos, e às vezes opostos", diz.

Para Antonio, um dos grandes triunfos do filme é a exaltação da inteligência dos malês. "Nesse grupo, que tem o saber, a palavra árabe, tem o conhecimento da física, da engenharia, tem também a capacidade de liderar um movimento e chamar outros negros de outras nações, de outras tribos. Para se juntar, educar todos os cidadãos, [...] e [convocar] quem está contra todo esse tipo de opressão, de invisibilidade para fazer o movimento de um Brasil que a gente desejava."

Esse filme fala dos que vão se libertar. Que têm tino, estratégica, conhecimento. É algo em que a gnete pode se espelhar. Se a gente tem uma cinematografia que só faz a visualização do negro vítima, do negro sofredor... Por isso, esse contraponto de mostrar a luta, a perseverança, a resistência, a ousadia, a inteligência. Isso é necessário para a gente ter autoestima, para a gente se pensar a gente sujeito do nosso tempo. Camila Pitanga

O crítico Vitor Búrigo conta que o filme foi aclamado e ovacionado nos festivais brasileiros por onde passou. "É um filme com uma temática muito importante que precisa ser contada e é muito bem contada pelo Pitanga", avalia.

'Uma Batalha Após a Outra' é comentário explosivo sobre extremismo político

"Uma Batalha Após a Outra", em cartaz nos cinemas brasileiros, conta com um elenco estrelado. Leonardo DiCaprio, Benicio Del Toro, Teyana Taylor, Regina Hall, Sean Penn e mais estão em cena no novo filme de Paul Thomas Anderson.

Para Flávia Guerra, Anderson será o grande nome do Oscar em 2026. A obra, segundo a crítica, dividirá os holofotes com o brasileiro "O Agente Secreto".

É um comentário explosivo sobre o mundo de hoje. Se esse filme não levar o Oscar de melhor filme ou não for indicado, eu acho que tem algum problema com a Academia, diante dos outros indicados aí que a gente vai ter pela frente. É um filmaço. Tem que assistir. Flávia Guerra

No filme, Bob (DiCaprio) e Perfidia (Taylor) são guerrilheiros e companheiros de vida e luta. Eles fazem parte da French 75, um grupo de militantes que defende agendas identitárias e luta contra o capitalismo.

Do outro lado, está o Coronel Lockjaw (Penn), chefe de um centro de "acolhimento" de imigrantes ilegais. Lockjaw representa o "outro lado" e é parte de uma sociedade preconceituosa e racista.

Perfidia (Taylor) vai presa, deixando uma filha para Bob (DiCaprio) criar sozinho. Um avanço temporal na história mostra os desafios pessoais de Bob, que tenta se conectar com a filha enquanto volta a ser perseguido por Lockjaw (Penn) em uma trama que, segundo Flávia, é uma sequência de "tiro, porrada e bomba".

No filme, os dois extremos são retratados de forma "problemática e ridícula". "No meio disso há alguém tentando algum equilíbrio, mas todo mundo nesse filme é bem desequilibrado", diz Flávia.

"Uma Batalha Após a Outra" tem muitos paralelos com "O Agente Secreto", segundo Flávia Guerra. "Tem a história pessoal do protagonista, tem essa perseguição e um caldo sociocultural borbulhando", explica.

É nesse sentido que eu faço uma comparação com 'O Agente Secreto', que é exatamente isso. Um cara sendo perseguido, muita perseguição, ação também. O Paul Thomas Anderson obviamente tem muito mais ação, ele pesa muito mais nisso. Mas a gente tem esse caldo do Brasil daquele momento e de hoje, borbulhando em 'O Agente Secreto' e aqui também. Flávia Guerra

Apresentado por Flavia Guerra e Vitor Búrigo, Plano Geral é exibido às quartas-feiras, às 11h, no canal de Splash no YouTube e na home do UOL, com as principais notícias sobre cinema e streaming. Você pode ainda ouvi-lo no Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts.

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