'Alô, galera de caubói': Por onde anda a 1ª voz do hit 'Clima de Rodeio'?

Mais de 20 anos depois de seu lançamento, o hit "Clima de Rodeio" segue embalando as quadrilhas juninas ainda hoje. Jameika Mansur, 47, ex-vocalista do Dallas Country e voz da música, diz que a canção se tornou um sucesso imediato em 2002.

A magia está no ar

A música, composição de Marcelo Kju, foi o primeiro lançamento autoral da banda, que já existia havia 10 anos. Jameika era a vocalista do grupo havia quatro. O Dallas cantou o hit pela primeira vez em um rodeio em Vitória, antes mesmo do lançamento na rádio, para um público de 40 mil pessoas.

Como o refrão é muito fácil, qualquer pessoa ouve uma vez e já sai cantando. [...] Na segunda vez que cantei ao longo da apresentação, já vi as pessoas cantando. Já fiquei toda arrepiada ali mesmo, e quando nós saímos daquele show, eu falei, 'olha, essa música vai estourar. Jameika Mansur em entrevista a Splash

O sucesso ainda foi alavancado por um empresário que prometeu colocar a música no Big Brother —e conseguiu. "Estava em casa e comecei a receber um zilhão de mensagens: 'ó, sua música no Big Brother, não sei o quê'. Aí, pum, estourou o Brasil todo. Foi aquela loucura".

Dallas Country

Natural de Colatina (ES), Jameika começou a cantar ainda na infância, na igreja. "Eu já era muito afinada desde muito pequenininha. Aí, na adolescência, eu entrei na minha primeira banda no colégio interno".

A chegada da artista ao Dallas Country aconteceu em 1998. Ela já era fã do grupo, que tinha um show teatral e violino, diferente do que ela conhecia até então.

A banda ficou conhecida como "one-hit wonder", quando tem um único sucesso, no caso "Clima de Rodeio". Mesmo assim, o grupo permaneceu ativo até 2009, quando entrou em hiato. Jameika conta que o desgaste na relação com o empresário levou à pausa.

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Dallas Country no início dos anos 2000; Jameika Mansur está no centro na fileira de baixo, Graciele Lacerda, no canto inferior direito, era bailarina da banda
Dallas Country no início dos anos 2000; Jameika Mansur está no centro na fileira de baixo, Graciele Lacerda, no canto inferior direito, era bailarina da banda Imagem: Divulgação

No final de 2009, ela saiu da banda. "Além de todo desgaste emocional, eu estava cansada do meio musical. Então resolvi dar um tempo da banda, ela já não me dava shows suficientes para o meu sustento".

A cantora ainda deu uma chance para a música ao fazer parte de uma dupla sertaneja, Jean e Jameika, por quatro anos. Depois disso, decidiu dar um tempo na música.

Nova profissão e retorno à música

Jameika fez curso de massoterapia e também é terapeuta holística há 5 anos. "Eu trabalho nessa linha de olhar traumas infantis, da cura da criança interior, que é a criancinha que a gente foi".

A experiência na área fez bem para a própria Jameika, que pôde lidar com os traumas do mundo musical. "Posso dizer que sou outra pessoa hoje. Muita gente tem a ilusão de que a fama traz felicidade, mas eu concluí que quando você vai para um lugar de poder, seja fama ou dinheiro, aquilo só vai intensificar os problemas emocionais e mentais que você já tem".

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Ter passado por todo esse processo de cura emocional me transformou. Falo que arrancamos aquilo que a gente não é, para sobrar o que somos de verdade. Talvez, hoje, eu seja muito mais autêntica. Jameika Mansur

Renovada, ela agora volta aos palcos. Jameika começou a conversar com o empresário no ano passado e, neste ano, começou o novo projeto: Jameika & Mustangs. "Eu tenho uma base emocional e mental para, talvez, fazer alguma coisa maior do que eu era naquela época, tão imatura e tão traumatizada", afirma.

O retorno da vocalista coincide com o retorno do Dallas Country, que voltou à ativa com uma nova formação, agora com Jenifer Ott nos vocais.

Além de cantora, Jameika também atua agora como compositora, e quer colocar seus valores em sua arte. Ela conta que não gosta de letras que falem de dependência emocional, como por exemplo "Saudade", música mais famosa do Dallas Country depois de "Clima de Rodeio".

Cada vez que eu respiro/ No meu ar está você/ Eu tento, não consigo te esquecer/A vida sem você, a vida sem você é vazia, é incompleta. Trecho da música "Saudade"

"Minha vida já tem que ser boa sem ter amor de outra pessoa nela", explica Jameika. "Eu diria [que quero cantar] sobre um amor mais real, sem dependência emocional. Um amor querido, onde eu já sou suficiente. Temos essa necessidade de se relacionar com as pessoas, mas, ao mesmo tempo, temos uma independência também, somos seres interdependentes."

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Solteira, a artista relaciona a criação narcisista que teve na infância às relações abusivas de sua vida. "Se eu tivesse tido esse conhecimento lá atrás, muito antes, eu acho que teria feito muita diferença, inclusive nessa questão de relacionamento amoroso". "Se você tem conhecimento, consegue identificar com pouco tempo se a pessoa é abusiva ou não."

Jameika fez um show de lançamento de seu novo projeto em abril e, em julho, começa a cumprir agenda de shows. No dia 12 ela se apresenta na Pomer Fest, em Laginha de Pancas (ES), e no dia 13 de julho na 3ª Festa de Conilon, em São Domingos do Norte (ES).

No dia 18 de julho ela vai fazer o lançamento de sua primeira música autoral. A apresentação será em Colatina (ES), cidade natal da cantora.


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