Ator de 'Por Amor' conviveu com doença degenerativa por quase 30 anos

A novela "Por Amor", de 1997, voltará a ser exibida no canal Globoplay Novelas (antigo Viva) a partir do dia 7 de julho. Com isso, o público poderá matar saudades de várias estrelas, incluindo do ator Paulo José (1937-2021). O artista, que morreu em decorrência de uma pneumonia, conviveu por 28 anos com o Parkinson.

Trajetória consagrada

Referência dos palcos, Paulo José começou a fazer teatro em 1955, em Porto Alegre. Lá, ajudou a criar o Teatro de Equipe ao lado de Paulo César Pereio, Lilian Lemmertz, Ítala Nandi e Fernando Peixoto, entre outros.

Roteirista e diretor, além de ator, compôs o elenco de dezenas de novelas, minisséries e seriados. Sua estreia na teledramaturgia foi em "Véu de Noiva" (1969). Nos anos 1970, ganhou destaque como Shazan em "O Primeiro Amor" e no seriado "Shazan, Xerife & Cia", formando uma dupla com Flávio Migliaccio (1934-2020).

Paulo José, Isabela Garcia e Flávio Migliaccio em 'Shazan, Xerife e Cia.'
Paulo José, Isabela Garcia e Flávio Migliaccio em 'Shazan, Xerife e Cia.' Imagem: Acervo/Globo

Nos anos 1980, esteve em "O Tempo e o Vento", "Armação Ilimitada", "Roda de Fogo" e "Tieta". Já na década seguinte, atuou em "Vamp", "Araponga", "Você Decide" e "Explode Coração", além de "Por Amor".

Em "Por Amor", Paulo José deu vida a Orestes, que sofria com o vício do alcoolismo. O personagem era pai amoroso de Sandrinha (Cecília Dassi), de seu casamento com Lídia (Regina Braga), e de Maria Eduarda (Gabriela Duarte), fruto da relação anterior com Helena (Regina Duarte).

Paulo José e Cecília Dassi em 'Por Amor'
Paulo José e Cecília Dassi em 'Por Amor' Imagem: Reprodução/Globo

Diagnóstico de Parkinson em 1993

Paulo José foi diagnosticado com Parkinson em 1993, aos 56 anos. A doença neurodegenerativa e progressiva começa com queda da produção da dopamina, afetando principalmente o controle dos movimentos, o que causa tremores, rigidez muscular, lentidão nos movimentos e problemas de equilíbrio.

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O Parkinson não aparece visualmente nos exames. É um diagnóstico por eliminação. Recebi uma receita para tomar dois medicamentos. Perguntei: 'Até quando?'. O médico fez uma pausa e disse: 'Para toda a vida!'. Paulo José, à revista Época, em 2013

Paulo José com Arlete Salles, em 'Tieta'
Paulo José com Arlete Salles, em 'Tieta' Imagem: Reprodução/Globo

Mesmo após o diagnóstico, seguiu trabalhando com intensidade. Participou de "Um Anjo Caiu do Céu" (2001), "Senhora do Destino" (2004), "JK" (2006), "Caminho das Índias" (2009) e "Morde & Assopra" (2011), entre outros. No cinema, protagonizou "Benjamim" (2004) e brilhou em "O Palhaço" (2011).

Nos últimos 20 anos, dirigi dez peças, participei de 19 filmes e 18 programas de TV, entre séries e novelas. Dirigi mais de 200 comerciais. Em todos esses trabalhos, o Parkinson estava lá. Ele tem sido meu companheiro de palco, de estúdio, de vida. Paulo José, à revista Época, em 2013

Em 1998, o veterano participou do programa Roda Viva, da TV Cultura. Na atração, comentou como passou a lidar com a doença ano após ano, sem deixar o trabalho de lado. Veja trecho da entrevista abaixo.

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Último trabalho de Paulo José como ator foi em 2014, na novela "Em Família". Na trama escrita por Manoel Carlos, o ator interpretou Benjamim, que convivia justamente com o Parkinson, uma das pautas sociais abordadas na história.

Teve vários relacionamentos, mas, oficialmente, foi casado com Dina Sfat, Zezé Polessa e Kika Lopes. Com Staf, atriz que morreu em 1989, aos 50 anos, vítima de câncer de mama, teve três filhas: Ana, Clara e Bel Kutner. Da relação com Beth Caruso teve seu quarto filho, Paulo Henrique Caruso.

O veterano morreu em 2021, aos 84 anos. Também com diagnóstico de enfisema pulmonar, lutou contra uma pneumonia durante o segundo ano da pandemia, mas não resistiu.

Paulo José em ' Em Família' e, ao lado, com as filhas Ana, Clara e Bel Kutner
Paulo José em ' Em Família' e, ao lado, com as filhas Ana, Clara e Bel Kutner Imagem: Divulgação/Globo e Reprodução/Instagram

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