Por que neta de Walt Disney quer barrar 'robô' do avô em parques da empresa

O anúncio de que uma figura animatrônica - técnica que combina eletrônica e mecânica para animar bonecos, criando a ilusão de que eles estão vivos - representaria Walt Disney (1901-1966) para protagonizar o novo espetáculo "Walt Disney - A Magical Life" provocou forte reação de Joanna Miller, uma das netas do fundador da companhia.

O que aconteceu

Joanna usou seu perfil no Facebook para criticar abertamente a criação do animatrônico. "Eu agradeceria o apoio para convencer a EMPRESA a abandonar o Robô do Vovô", escreveu ela na rede social, em novembro de 2024

A ideia de um Vovô Robótico para dar ao público uma ideia de quem era o homem vivo simplesmente não faz sentido. Seria um impostor. Estão desumanizando-o. Pessoas não são substituíveis... Sabendo que ele não queria isso. Ouvindo seus antecessores lhe dizerem que isso era proibido... Tão triste e decepcionada Joanna Miller

Ela também chegou a pedir apoio para "proteger a memória e o legado do vovô", mas a postagem foi excluída. Apesar disso, a crítica dela, que é filha de Diane Marie Disney-Miller, única filha biológica de Walt Disney e sua esposa Lillian Bounds, repercutiu e gerou debate nas redes.

Neta diz que figura robótica não representa o verdadeiro Walt Disney. Em entrevista ao Los Angeles Times, publicada na última terça-feira (3), Joanna explicou por que decidiu tornar sua insatisfação pública.

Somos a família dele. Quando você fica mais velho, você simplesmente começa a ficar irritado. E se cansa de ficar quieto. Então, eu me manifestei no Facebook. Como se isso fosse adiantar alguma coisa? O fato de ter chegado aos ouvidos da empresa é bem engraçado Joanna Miller, ao Los Angeles Times

Ela chegou a ver de perto o animatrônico e revelou sua reação. "Acho que comecei a chorar. Não parecia com ele, para mim", pontuou ela, que tinha apenas 10 anos quando o avô morreu.

Registro de Joanna Miller no Museu da Família Walt Disney
Registro de Joanna Miller no Museu da Família Walt Disney Imagem: Reprodução/Facebook

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Também ao LA Times, Joanna Miller revelou o que acredita ter sido um dos maiores erros da família. Segundo ela, a falha foi ter vendido, em 1981, os direitos sobre o nome, a imagem e o retrato de Walt Disney para a própria companhia fundada por ele. O acordo foi fechado por US$ 46,2 milhões em ações.

Com essa transação, os herdeiros passaram a ter pouquíssima influência sobre o uso da imagem do patriarca. Atualmente, os descendentes integram o conselho do Walt Disney Family Museum, atuando em conjunto com a Walt Disney Imagineering (WDI), o braço criativo responsável pelas atrações imersivas dos parques temáticos.

Fora isso, também criticou a atual gestão da Disney, afirmando que o foco não é mais o mesmo. "São pessoas diferentes. Ele é um empresário, o vovô era um artista", comparou ela, que fundou o Museu da Família Walt Disney, em São Francisco, em homenagem ao empresário.

Walt Disney com os herdeiros na década de 1950
Walt Disney com os herdeiros na década de 1950 Imagem: Gene Lester/Getty Images

O que diz a Disney?

Disney defende projeto e diz que objetivo é inspirar o público. Em nota oficial no site da The Walt Disney Company, Tom Fitzgerald, executivo sênior da Walt Disney Imagineering, defendeu a proposta do espetáculo, que permanece em desenvolvimento.

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Queríamos que o espetáculo e a história atraíssem todas as idades e, embora parte do nosso público mais jovem possa não saber tanto sobre Walt Disney, sentimos que a história dele poderia ser inspiradora para eles. Siga seus sonhos, transforme contratempos em sucesso, nunca desista e dê ao mundo o seu melhor... Nosso trabalho é garantir que Walt pareça crível e se conecte com o público, como ele fez com tantas pessoas ao redor do mundo The Walt Disney Company, em comunicado oficial

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