Feminista, 'melhor filme da história' expõe silêncio e rotina de uma mulher

"Jeanne Dielman" foi considerado, em 2022, o melhor filme da história, segundo 1639 críticos de cinema. A pesquisa é feita a cada dez anos, pela revista de cinema Sight & Sound, editada pelo British Film Institute.

O que aconteceu

"Jeanne Dielman, 23, quai du Commerce, 1080 Bruxelles" (1975), da cineasta belga Chantal Akerman, surpreendeu ao superar clássicos como "Cidadão Kane" (1941) e "Um Corpo que Cai" (1958). "Jeanne Dielman" está disponível na Filmicca.

Apesar de sua influência em cineastas como Gus Van Sant, Akerman nunca teve filmes lançados comercialmente no Brasil em vida. Filha de sobreviventes do Holocausto, a diretora suicidou-se em 2015, aos 65 anos.

Akerman tinha apenas 25 anos quando realizou o filme, hoje considerado pioneiro na representação do cotidiano feminino. Com planos-sequência minuciosos, a obra acompanha três dias na vida de uma viúva (Delphine Seyrig) cuja rotina aparentemente imutável — entre tarefas domésticas e prostituição ocasional — começa a se desintegrar.

"É feminista porque mostra gestos nunca filmados antes", disse Akerman, que rejeitava o rótulo de "cineasta feminista". A curadora Evangelina Seiler, que organizou exposição sobre a diretora no Rio em 2018, explicou ao jornal O Globo: "Ela traduzia experiências pessoais, como o contato com o feminismo em Nova York, sem se prender a rótulos".

Inédito. Esta foi a primeira vez, em 70 anos, que um filme dirigido por uma mulher ocupa o topo da lista dos "Melhores Filmes de Todos os Tempos" da "Sight & Sound.

Na edição de 2012, o longa-metragem figurava na 35ª posição. A escalada meteórica reflete uma mudança de paradigma na indústria cinematográfica, com maior reconhecimento a obras dirigidas por mulheres e a revisão de cânones tradicionalmente masculinos.

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