'Filme clássico': você pode estar usando a expressão de maneira errada

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No mundo dos cinéfilos, é normal escutar a frase "este filme é um clássico". Normalmente, ela é usada para falar de títulos muito conhecidos, que marcaram época ou se tornaram memes. Mas, será mesmo que podem ser chamados de "clássicos"?
Segundo Roberto Sadovski, colunista de Splash, não é qualquer longa que deve ganhar tal alcunha. "Eu diria que um clássico é um filme que tem valor atemporal, que tem impacto no cinema como arte, que se ramifica para além do cinema, e que inspira cineastas a criares suas próprias obras."
Portanto, antes de chegarmos a conclusões sobre clássicos, é preciso se perguntar: "quais filmes influenciaram o cinema como forma de arte e tudo que veio depois dele?". Abaixo, damos exemplos de filmes que, sim, podem ser chamados de clássicos.
Cidadão Kane (1941)
"Cidadão Kane" é um clássico por revolucionar a linguagem cinematográfica. O diretor e protagonista Orson Welles inovou com narrativa não linear, profundidade de campo, ângulos expressionistas e montagem audaciosa. A história, inspirada no magnata William Randolph Hearst, mistura jornalismo, ambição e solidão, com temas universais como poder e decadência. A fotografia de Gregg Toland e a trilha sonora de Bernard Herrmann são referências técnicas. O filme influenciou gerações de cineastas e permanece atual em sua crítica à mídia e à natureza humana.
Nosferatu (1922)
"Nosferatu", de F. W. Murnau, é um clássico do expressionismo alemão e do cinema de terror. Adaptação não autorizada de "Drácula", o filme imortalizou o vampiro Orlok (Max Schreck), cuja figura sombria e simbologia da peste ecoa traumas pós-Primeira Guerra. A fotografia distorcida, os jogos de luz e sombra e a atmosfera onírica criam horror psicológico único. Pioneiro em efeitos práticos e narrativa visual, influenciou desde Hitchcock até o cinema moderno. Uma obra atemporal que fundou mitos e estéticas do gênero.
Rastros de Ódio (1956)
"Rastros de Ódio", dirigido por John Ford, é um clássico do western que transcende o gênero. John Wayne brilha como Ethan Edwards, um anti-herói complexo, obcecado por resgatar sua sobrinha (Natalie Wood) de comanches. A narrativa explora temas como racismo, vingança e redenção, enquanto a cinematografia de Winton C. Hoch captura a vastidão e hostilidade do território. O filme influenciou diretores como Scorsese e Spielberg, e seu final ambíguo permanece um dos mais discutidos do cinema. Uma obra-prima que redefine o mito do faroeste.
Lawrence da Arabia (1962)
"Lawrence da Arábia", dirigido por David Lean, é um épico cinematográfico que mistura história e mito. Peter O'Toole é T.E. Lawrence, um herói complexo e contraditório, dividido entre culturas e lealdades. A grandiosidade do deserto é capturada em paisagens espetaculares pela fotografia de Freddie Young, enquanto a trilha sonora de Maurice Jarre se tornou icônica. O filme explora temas como identidade, colonialismo e a loucura da guerra, com cenas de batalha memoráveis. Vencedor de sete Oscars, sua influência perdura no cinema de aventura e drama histórico.
E O Vento Levou (1939)
"E O Vento Levou", dirigido por Victor Fleming, é um dos maiores clássicos de Hollywood. Adaptado do romance de Margaret Mitchell, o filme retrata a vida da determinada Scarlett O'Hara (Vivien Leigh) durante a Guerra Civil e a Reconstrução dos EUA. Com produção grandiosa, cores vibrantes no Technicolor e atuações marcantes (como Clark Gable no papel de Rhett Butler), tornou-se um marco do cinema. Apesar das controvérsias atuais sobre sua representação romantizada do Sul escravista, sua narrativa épica e impacto cultural são inegáveis. Vencedor de oito Oscars, incluindo melhor filme.
Casablanca (1942)
"Casablanca", dirigido por Michael Curtiz, é um dos filmes mais amados de Hollywood, combinando romance, drama e suspense político com maestria. Humphrey Bogart brilha como Rick Blaine, um cínico dono de bar em Casablanca, que reencontra seu antigo amor, Ilsa (Ingrid Bergman), em meio à Segunda Guerra Mundial. Com diálogos afiados (como "Here's looking at you, kid"), uma trilha sonora inesquecível ("As Time Goes By") e temas universais como sacrifício e redenção, o filme transcende sua época. Vencedor de três Oscars, incluindo melhor filme, permanece um símbolo do cinema clássico.
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