Conteúdo publicado há 22 dias

Condenado por estelionato, Nego Di diz que também é vítima: 'Fui enganado'

Condenado a mais de 11 anos de prisão por estelionato, o humorista Dílson Alves da Silva Neto, o Nego Di, alega que ele também foi vítima de seu sócio, Anderson Bonetti, que o teria "enganado".

O que aconteceu

Nego Di afirma que Bonetti é um "estelionatário profissional" que também o enganou. "Eu fui enganado [por ele]. Eu tenho consciência de que, através de mim, um estelionatário acabou enganando pessoas. E eu gostaria de dizer que sinto a dor dessas pessoas porque eu vim do mesmo lugar dessas pessoas", declarou em entrevista ao Domingo Espetacular (Record) hoje.

Humorista alega que não tinha a intenção de enganar os clientes. "Não fazia sentido eu acordar um dia e decidir 'vou dar um golpe nos meus seguidores', isso não existe. A loja não era minha. Eu confiei numa pessoa que não conhecia direito, ele é um estelionatário profissional, não dá golpezinho. Eu queria que as pessoas comprassem porque eu também acreditava nele".

O ex-BBB acusa Bonetti de fazer proposta de parceria. Ele aceitou, mas não tinha acesso aos contratos. "Quando eu descobri que era um golpe, eu coloquei a cara dele nas redes, porque ninguém conhecia, ele não era uma pessoa famosa como eu. Eu botei a cara dele, falei onde ele morava, expus a esposa dele, aí ele parou de me responder".

Nego Di destacou que desde 2022 se culpa pelas vítimas que sofreram o golpe. "Isso é um fantasma que me acompanha desde 2022, quando se deu o fato da loja. Eu não consigo não pensar nisso quando estou na rua. Quando uma pessoa me olha, eu não sei se é um fã, se é alguém que comprou um produto... Quando alguém quer me ofender, me chama de estelionatário e de ex-presidiário. Eu preciso ser tratado com Justiça".

Ele afirmou que sua "vida desabou" após ser acusado de enganar ao menos 370 clientes e ser preso. "Eu estava sendo transportado numa viatura, algemado, vendo o mundo pelo vidro de um camburão. Pra mim, aquilo foi uma vergonha. Eu fui para o pior lugar que o ser humano pode ir, que é a prisão. Pior que isso, acho que só o cemitério".

O humorista diz que "todas as pessoas que estão no processo foram ressarcidas", à exceção de um cliente que não quis. "Eu me arrependo de ter feito um negócio com ele, de ter confiado nessa pessoa. Eu estava sendo enganado, mas eu não sabia que estava sendo enganado também".

Sobre a condenação, ele afirma que recebeu sentença de prisão por um crime que não cometeu. "Eu vou sair [da cadeia] depois dos meus 40 anos. Eu perco uma parte da minha vida por um crime que eu não cometi. Tem dias que eu acordo e penso: 'quando esse pesadelo vai acabar?'. Hoje eu vivo praticamente de nada, tive minhas contas bloqueadas, o restaurante que eu tinha fechou, estou impedido de aparecer nas redes sociais. Quem me sustenta é a minha esposa".

Condenação

Nego Di e o sócio dele, Anderson Benotti, foram condenados a 11 anos e 8 meses de prisão em regime fechado por estelionato contra 16 pessoas de Canoas (RS). Ao proferir a sentença, a magistrada Patrícia Pereira Tonet, da 2ª Vara Criminal da Comarca de Canoas, afirma que o inquérito policial registrou 370 crimes de estelionato da loja virtual dos denunciados, chamada "TADIZUERA", entre 8 de março e 26 de julho de 2021.

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A condenação detalha que a loja virtual comercializava televisões, smartphones e aparelhos de ar-condicionado com preços abaixo dos valores de mercado sem ter condições de cumprirem com as ofertas. A decisão informa que os clientes dos denunciados não receberam os produtos adquiridos e nem o estorno dos valores pagos.

A juíza Patrícia Pereira Tones classificou o caso como um "verdadeiro esquema meticulosamente organizado para ludibriar um grande público". Ela menciona que o artista usou de sua imagem pública para atrair as vítimas.

Nego Di e Anderson foram presos em julho de 2024. O humorista obteve habeas corpus em novembro do mesmo ano e permanece em liberdade, cumprindo medidas cautelares, estabelecidas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), entre elas a de não acessar redes sociais. Já Anderson não poderá apelar em liberdade, seguindo em prisão preventiva.

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