'Envelhecer não é uma merda': Carla Marins volta à TV e quer papéis maduros

Carla Marins, 57, se prepara para voltar à Globo após 12 anos longe da emissora. A atriz, lembrada por papéis como o de Joyce, em "História de Amor" —reprisada atualmente nas tardes da emissora—, e Cristina, em "Bambolê", diz estar vivendo um momento de "renascimento" e está pronta para interpretar personagens mais maduras.

Em entrevista a Splash, ela, que se prepara para a novela "Três Graças", próxima trama das 21h, fala dos cuidados com o corpo após os 50, da relação com a imagem e da expectativa para a nova novela.

Desde muito jovem na TV, Carla diz que lida com a passagem do tempo com tranquilidade e leveza. "Quando eu era mais jovem, brincava muito que eu queria envelhecer porque queria fazer personagens mais densos, sérios, profundos. Agora, estou nesse lugar. [...] Como na vida, vamos ficando mais fera para lidar com as coisas, com o próprio trabalho", diz.

Eu me cuido, mas sem muito excesso, porque quero refletir no meu rosto a vida que eu vivi, tudo que eu passei. Isso faz parte e, para o trabalho do ator, isso é até essencial.

Por isso, ela tem uma abordagem mais conservadora quando se fala em tratamentos estéticos. "Estou no momento de escolher como vou envelhecer: ou eu vou virar um maracujazinho de gaveta e fazer vários personagens centenários ou eu vou levantar um pouquinho. Eu fico com medo, porque sou de uma geração que começou a trabalhar na década de 1990, onde nossos rostos eram muito naturais, não fazíamos tantos procedimentos."

Carla tem investido em procedimentos pouco invasivos antes de voltar à Globo. Atendida pela cirurgiã-plástica Maiéve Corralo, a atriz passou pelo ultrassom Ultraformer, pela radiofrequência microagulhada, e fez aplicações de toxina botulínica, bioestimuladores de colágeno injetáveis e fios de polidioxanona. Todos os tratamentos são focados na produção de colágeno, em preenchimento e na melhora da flacidez. "Achei perfeito, ficou muito natural e eu estou gostando muito", diz.

Apesar de ser bastante dedicada ao exercício físico, ela afirma que o mais importante é ter um corpo funcional. "Eu vejo rugas, eu vejo pele e está tudo certo, faz parte. O que eu considero um corpo bom e que realmente me dá autoestima é um corpo funcional, mais até do que um corpo bonito. Poder andar, subir, caminhar, correr. Ter um corpo que me atende, ágil, que segue o que a minha mente está querendo fazer. Isso faz com que eu olhe para as dobrinhas e não me incomode."

Eu não sei se digo que eu sou velha, mas eu não sou jovem e não quero mais ser jovem. Eu já fui jovem. Quero ser uma mulher madura com a experiência que acumulei ao longo dos anos. Quero viver com potência essas novas décadas. São fases, e cada fase é maravilhosa.

Carla Marins cuida do corpo com a ajuda do marido, o personal trainer Hugo Baltazar
Carla Marins cuida do corpo com a ajuda do marido, o personal trainer Hugo Baltazar Imagem: Reprodução/Instagram @carlamarinsoficial
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Os cuidados com o corpo contam com a ajuda do marido, Hugo Baltazar, que é personal trainer. "Ele é muito danado, porque ele não me cobra nada. Ele faz, dá o exemplo, aí fica difícil não seguir. [...] Ele me colocou na linha na assiduidade, no comprometimento. Faço exercício seis vezes por semana. Treino com meu marido segunda, quarta e sexta, faço aeróbico terça, quinta e sábado. Domingo, descanso".

Os 50 vieram com uma crise que fez Carla "olhar para dentro" e se preparar para as próximas décadas. "Fiquei sem chão. Entrou a menopausa e surgiram vários questionamentos. Mas foi tudo muito válido. Fiz esse dever de casa e estou entendendo que vou entrar em plenitude na década dos 60. [...] Esse dever de casa é olhar para sim, olhar para dentro."

O perigo de envelhecer é que você pode envelhecer até com 20, 30. Envelhecer é ficar engessado em determinados pensamentos, não mudar, não se transformar. Envelhecer não é uma merda. Mas é perigoso se você entra no automático. [...] Por isso, essa fase dos 50 tem minhas memórias mais felizes. Estou sentindo um renascimento para viver as próximas décadas com muita potência e integridade. Carla Marins

O retorno à Globo é muito aguardado por ela e pelo público. Carla conta que a reprise de "História de Amor", na Edição Especial, impulsionou a "cobrança" por sua volta à televisão. Na novela, a atriz vive Joyce, que tem uma relação conturbada com a mãe, Helena (Regina Duarte), e com Caio (Ângelo Paes Leme), namorado de quem engravida. O último trabalho na emissora foi "Malhação", em 2012, enquanto o trabalho mais recente na TV foi a novela "Gênesis", na Record, em 2021.

Joyce (Carla Marins) em 'História de Amor'
Joyce (Carla Marins) em 'História de Amor' Imagem: Divulgação/Globo

A Globo tem uma amplitude maior, de público e de interesse. É muito gostoso. [...] A Globo é minha casa. Tenho memórias maravilhosas e sou muito grata a tudo que vivi lá, porque me formou como atriz, como pessoa, me deu oportunidades de vida, de trabalho. Estou com uma expectativa maravilhosa.

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Carla está empolgada para trabalhar novamente com Aguinaldo Silva, com quem trabalhou em obras como "Pedra sobre Pedra" (1992) e "A Indomada" (1997). "Ele escreve bem, gosta de ator, vê muito o que a gente faz. Tem um diálogo ali muito bacana."

Eu me dei um momento de viver com muita intensidade minha vida pessoal e foi muito bom. Tudo isso compõe a gente. Eu tinha uma vida profissional muito viva, colorida, e completei isso com minha vida pessoal. Essas décadas estão completas agora e, dos 57 aos 87, vai ser um novo momento profissional para mim. É uma Carla inteira, com vida pessoal e profissional bem amalgamada. Estou muito inteira.

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