Margareth Menezes: 'Audiovisual é nossa ponta de lança e devemos apoiá-lo'
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Em um ano cheio de vitórias para o cinema brasileiro, com direito a Oscar e Globo de Ouro, o Festival de Cannes escolheu o Brasil como país de honra da edição. Com isso, muitos artistas e personalidades importantes do audiovisual marcaram presença no evento da semana passada.
A ministra da Cultura, Margareth Menezes, passou por lá e destacou o "momento muito especial e de visibilidade para o Brasil". "É a primeira vez que houve um volume tão grande de produtores e artistas —temos mais de 400 brasileiros aqui. Com isso, a própria produção brasileira tende a um amadurecimento, porque tudo conquistado até agora vem de uma marcha de muita luta. É um ressignificado, uma porta aberta, e estamos maduros para passar por ela".
Agora, o Brasil entra em um campo de competição no cinema, passando por ainda mais exigências —mas, segundo Margareth, o país dará conta do que virá pela frente. "Há uma responsabilidade de entrega. Da parte do Ministério da Cultura, buscamos ampliar cada vez mais investimentos e organizar as regulações internas", afirma.

Segundo a ministra, o departamento só não avançou mais devido a retrocessos na área nos últimos anos. "Quando chegamos ao ministério, pegamos a desconstrução de tudo o que tinha sido avançado, então perdemos muito tempo com isso; e não houve continuidade nas articulações para regulações", diz. "Temos agora um marco regulatório, e a regulação é a maneira de analisar os projetos adequados ao setor cultural".
Em vários aspectos, podemos dizer que estamos avançando. Há muita coisa para fazer, mas o audiovisual brasileiro é a nossa ponta de lança nesse momento; a gente tem que apostar nele. É um mercado maravilhoso, potente, que gera emprego, renda e movimenta a economia. Margareth Menezes
'Lampião': Doc foi feito em 19 anos
O documentário "Lampião, Governador do Sertão" chega aos cinemas brasileiros com entrevistas e curiosidades acerca do líder do movimento cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião.
Wolney Oliveira, o diretor do longa, revisita o tema do cangaço 14 anos após lançar "Os Últimos Cangaceiros", que conta a história de vida do casal de Durvinha e Moreno, ex-integrantes do grupo de Lampião. "O novo filme resgata a história de Lampião, Maria Bonita e seu grupo, bem como histórias do cangaço", explica. "Tive a sorte de contar com grandes entrevistados, como Ariano Suassuna, J. Borges, Espedito Seleiro e tantos outros".
A biografia mergulha na complexidade do personagem, seu legado, lendas e polêmicas, segundo o jornalista Vitor Búrigo. "Não é só um 'é bandido ou herói?'", afirma ele no Plano Geral desta quarta-feira. "Conta toda essa trajetória, com uma contextualização do cangaço e com outros cangaceiros".

O filme, que começou a ser desenvolvido em 2005, só foi concluído no ano passado, 2024. "Foram anos coletando entrevistas", diz Búrigo. "É um passeio histórico por muitos acontecimentos da vida do Lampião (...) e com imagens emblemáticas".
Na avaliação da jornalista Flávia Guerra, este é um filme que ensina os brasileiros sobre sua própria história. "Ao mesmo tempo, é um filme divertido, gostoso, de causos e muita imagem de arquivo", diz. "É um filme que tem que ser visto por todos, da escola aos cinemas".
Wolney destaca ainda que o tema é um dos mais relevantes para a cultura nacional. "O tema cangaço é o tema mais abordado no cinema brasileiro —existem mais de 60 filmes de ficção sobre o cangaço", diz ele, que completa: "Mas esse é o primeiro documentário [sobre o tema]".
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