Na Globo, MV Bill lembra criticas à TV: 'Parecia que tava na Dinamarca'

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MV Bill discursou sobre o falta de diversidade na TV em décadas passadas durante o Festival Negritudes, realizado pela Globo hoje. Ator, que atuou em "Volta por Cima" recentemente, lembrou das críticas que fez à emissora e disse não se arrepender.
O que aconteceu
MV Bill lembrou as duras críticas à televisão e a teledramaturgia nos anos 90. Naquela época, o cenário era bem diferente do que vemos atualmente, no qual as três novelas do horário nobre são protagonizados por mulheres negras.
A gente ligava a TV nos 90 e parecia que a gente estava na Dinamarca, de tão distante que era do nosso povo.
Ele lembrou depoimento viral que fez no Altas Horas a favor das cotas em 2008. "Eu me expus quando estava no programa do Sérgio Grosman, o assunto cotas foi levantado. E eu nem tinha sido questionado, eu nem fazia parte daquela discussão. Mas eu ia me sentir muito mal se eu não me metesse naquele momento, não desse a minha opinião, não levasse a discussão pra outro lugar", começou.
Então eu fiz uma intervenção, fiz uma fala de improviso daquilo que eu pensava, que estava já na minha veia, por conta das minhas críticas. A emissora, o modo que o negro era retratado? Fiquei 14 anos sem voltar no programa.
MV Bill disse ainda não saber se esse foi o motivo dele não ter retornado ao programa e que não se arrepende de ter dado sua opinião. "Acho que aquilo ali norteou muita coisa. Acho que aquilo mexeu com muita coisa, com muita estrutura".
Ele lembra o que estava lendo na época. "Eu tinha acabado de ler o livro do Joel zito Araújo, chamado "A Negação do Brasil", que é um livro e documentário fundamental. Não foi uma história romantizada, de glamour. É a gente que levou muita porrada pra chegar nesse momento que a gente está aqui hoje."
Ele exaltou o período atual. "A gente ter um período com três protagonistas, nas três principais novelas do país, acho que diz muito. E o mais importante foi que a emissora não levantou bandeira. Não precisa. Isso tem que ser uma coisa natural, do jeito que foi. Tem que ser parte do nosso dia a dia. E que bom que está tendo uma mudança de pensamento".
Festival Negritudes
Fala do artista aconteceu durante a mesa "Música negra: samba, rap e funk cantam o Rio", que também contou com Neguinho da Beija-Flor e Erika Januza. A mediação do painel ficou por conta de Paulo César Vasconcellos.
Festival Negritudes no Rio de Janeiro foi acompanhado por 2000 pessoas no Galpão da Cidadania, região histórica para a diáspora africana na capital carioca. Gilberto Gil, Maju Coutinho, Duda Santos, Kenya Sade, Alcione, Flávia Oliveira, entre outros, passaram pelo palco de debates. Brasília, Salvador e São Paulo também receberão o festival ainda em 2025.
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