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Gerente demitido após crítica de padre Fábio de Melo: 'País te massacrando'

Jair Aguiar, 36, o gerente de uma cafeteria que foi demitido após uma crítica viral do padre Fábio de Melo, 54, está abalado e até com medo de sair na rua devido à proporção que a história tomou.

O que aconteceu

O padre relatou no Instagram uma situação que aconteceu na cafeteria Havanna em Joinville, no dia 10. Fábio disse que foi destratado pelo gerente ao questionar o preço de um doce de leite diet, que, no caixa, estava diferente do anunciado.

O gerente disse que o episódio aconteceu com um rapaz que acompanhava o padre e sua equipe. "O rapaz pegou o doce de leite zero, que custa R$ 61,90. Porém, ele olhou o preço do doce de leite normal, que custa R$ 43,90", contou em entrevista a Splash.

Jair disse que o rapaz questionou o preço do produto à funcionária do caixa, que repassou o questionamento a ele. Nesse momento, o gerente teria ajeitado a etiqueta de preço, que estava na posição errada, e confirmado o valor maior.

O profissional ainda acrescenta que as precificações da marca são padronizadas. "Não tem o nome do produto na placa, só o nome Havanna, a logo da loja e a numeração".

O público todo tem acesso, alguém pode mexer, que deve ter sido o que aconteceu. E na hora do movimento ali, a gente acabou não percebendo. Jair Aguiar

Jair diz que nem falou com o padre. "Ele falou que a gente teve um contratempo, que eu fui deselegante, desrespeitoso [...] o que ele falou é totalmente contraditório do que realmente aconteceu, a gente não discutiu, eu em momento algum falei mal dele, em momento algum eu faltei com respeito com ele ou com qualquer pessoa da equipe dele".

Ele reconhece o erro na precificação, mas diz que a reclamação não foi explícita. "Se ele tivesse vindo em mim, e falado: 'Olha, senhor, o preço está errado, o senhor tem que fazer pelo preço mais barato conforme manda a lei', logicamente eu teria feito isso".

Eu não maltratei o padre, em momento algum a gente chegou a conversar. Ele não me chamou para me contar que o preço estava errado. Jair Aguiar

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Jair diz que ficou "em choque" ao perceber que o vídeo do padre estava viralizando. Ele folgou no domingo e, na segunda-feira, foi demitido.

A informação da demissão do gerente foi publicada no jornal antes de ser informada a ele. O funcionário disse que pediu pelo emprego, mas não teve jeito. "Eu disse 'eu preciso desse emprego, eu moro de aluguel, eu tenho minhas contas para pagar, eu preciso do meu sustento, aí ele falou assim, eu não posso fazer nada, a decisão foi tomada.'''

Jair diz que está arrasado, pois além da demissão, está sofrendo ataques. "Eu estou muito mal com tudo isso. Eu tive um episódio depressivo, meu esposo chamou um carro, me levou para o hospital, porque eu estava muito mal. A médica me encaminhou para um psiquiatra para poder fazer acompanhamento, porque eu estou muito abalado com tudo isso".

Num dia, você não é ninguém, só os teus amigos e as pessoas da tua família te conhecem. Do nada, tem um país todo te massacrando, falando mal de você. E você entra nas redes sociais, os comentários são todos maldosos. Escutaram a versão do padre e ficou por isso mesmo. Jair Aguiar

Ele relata medo até de sair de casa. "É muito doloroso, muito triste para mim. Eu estou com medo de sair na rua, com medo de alguém fazer alguma coisa para mim. O meu esposo está com medo de ir para o trabalho, porque as pessoas ficam falando".

Jair também tem medo de não conseguir outra posição no mercado de trabalho. "Onde eu vou conseguir arrumar um emprego aqui em Joinville? Ou aqui no estado de Santa Catarina, ou até mesmo no país? Porque não é só Joinville que está falando que eu sou a vergonha da cidade, é o estado todo que está dizendo que eu sou a vergonha do estado".

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O gerente diz que quer que o padre se retrate. "O que ele fez comigo não é justo [...] A única coisa que eu quero é só ficar em paz e conseguir um trabalho de novo, eu preciso arrumar um trabalho, poder me sustentar e terminar minha faculdade.

A reportagem entrou em contato com a Havanna Brasil e ainda não teve retorno. O Instagram da Havanna Joinville publicou nota, afirmando estar "tomando medidas imediatas para que isso não volte a acontecer e também estamos revisando nossos processos internos para reforçar nossos padrões de atendimento". Leia abaixo na íntegra.

O que diz a legislação

O Código de Defesa do Consumidor (CDC) garante que o preço indicado na prateleira seja o valor a ser cobrado no caixa. Em caso de diferença, o consumidor tem direito de pagar o valor mais baixo.

A Lei n.º 10.962/2004 complementa o código, especificando que os preços devem ser claramente visíveis e legíveis.

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Nota da Havanna na íntegra

Reconhecemos que houve uma falha no atendimento do Padre Fábio de Melo recentemente em nossa loja.
Pedimos sinceras desculpas pela situação. Nosso compromisso é sempre com o respeito e excelência no atendimento a todos os nossos clientes.
A Havanna já entrou em contato diretamente com o padre Fábio de Melo, o pedido de desculpas já foi feito e as tratativas estão sendo tomadas no privado.
Estamos tomando medidas imediatas para que isso não volte a acontecer e também estamos revisando nossos processos internos para reforçar nossos padrões de atendimento.

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