Pioneiro LGBTQ+, Edy Star morre aos 87 anos após sofrer acidente doméstico
De Splash*, em São Paulo
24/04/2025 13h33Atualizada em 24/04/2025 13h56
Edy Star, autodenominado primeiro artista brasileiro a se assumir gay, morreu hoje, aos 87 anos, por complicações de um acidente doméstico. A informação foi divulgada no perfil do músico.
O que aconteceu
O cantor, ator e artista plástico estava internado em situação crítica, com risco iminente de falência renal. Ele estava internado na UTI do Complexo Hospitalar Heliópolis, em São Paulo.
Relacionadas
Edy Star sofreu um acidente doméstico na semana passada e seu estado de saúde se agravou na UPA. De acordo com Ricardo Santhiago, biógrafo do músico, Star sofreu com atrasos a seu tratamento pós-acidente e seu estado de saúde ficou cada vez mais grave.
Ainda não há detalhes sobre velório e funeral.
Carreira
Natural de Juazeiro (BA), Edivaldo Souza —nome de batismo— estreou com o álbum "Sweet Edy" em 1974. O disco foi marco no rock alternativo do Brasil e, depois de todo o sucesso, abriu um hiato de 40 anos.
Parceiro musical de Raul Seixas. Edy colaborou no disco "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10", de 1971, com Raul Seixas (1945 - 1989), Sérgio Sampaio (1947 - 1994) e Miriam Batucada (1946 - 1994). Ele era o último vivo do grupo kavernista.
Após morar em Madri por cerca de 20 anos, voltou ao Brasil em 2009 para se apresentar na Virada Cultural de São Paulo. O show foi um sucesso no palco dedicado a Raul Seixas. Nos anos seguintes, Edy relançou seu álbum de estreia e, ainda, quebrou o hiato de quatro décadas e lançou seu segundo álbum de estúdio, "Cabaré Star".
Nos últimos anos, propostas de show diminuíram e o artista lidou com um câncer sozinho. "Olha, está muito difícil encontrar espaço para artistas como eu. Hoje em dia, existem 'caixinhas', sabe? Certas categorias têm prioridade, e eu entendo isso, mas, para artistas como eu, fica mais complicado", desabafou Edy em entrevista ao Estadão em 2024. "Lugares como o Sesc, por exemplo, têm aberto menos espaço para o meu tipo de trabalho. Mas continuo aqui, firme, mostrando que ainda estou presente. É difícil, mas é isso."
No ano passado, ganhou o documentário "Antes Que me Esqueçam, Meu Nome é Edy Star". "A morte é inevitável, faz parte do ciclo da vida. Só quero que a morte venha tranquila, na hora certa", disse ao Estadão.
Sobre a posteridade, essas coisas... Olha, enquanto eu estiver aqui, quero respeito e reconhecimento. Mas depois que eu for, não me importa o que façam. Podem descartar meu trabalho, jogar no mar. Não tô mais aqui mesmo. Edy Star