Cinema cearense ganha destaque em Cannes: 'Deixamos de ser invisíveis'
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Quatro curtas-metragens "meio brasileiros" serão exibidos na noite de abertura de Quinzena de Cineastas em Cannes, mostra paralela do festival. Este feito só acontece graças a um projeto que, a cada ano, revela a cinematografia de uma região —e que, desta vez, elegeu o Ceará.
Apadrinhado pelo diretor Karim Aïnouz (de "Motel Destino" e "A Vida Invisível"), o projeto Director's Factory une quatro duplas de jovens cineastas locais e internacionais para criar produções únicas. Desta vez, ela mistura diretores de diferentes estados brasileiros com profissionais da Cuba, França, Portugal e Israel.
É uma iniciativa que forma novos diretores e diretoras, tendo a internacionalização como foco.
Flávia Guerra, no Plano Geral desta quarta-feira
Karim avalia o projeto como uma grande oportunidade para jovens diretores estrearem em um festival como Cannes, internacionalizando suas técnicas —e, a longo prazo, colocando o Brasil em voga. "Acho maravilhosa a possibilidade de troca, não só comigo, mas entre os autores e autoras também", diz. "São parcerias que provavelmente vão tornar a participação do Brasil no audiovisual internacional mais ativa. Deixamos de ser invisíveis."
A nova geração de diretores ainda traz seus "desejos" e repertórios para as novas produções, o que também enriquece muito o trabalho, diz o diretor. "Entendemos um pouco do que está passando no coração dessa geração", explica. "Criamos um contexto para que esses novos talentos possam se expressar. A [Directors'] Factory é um sonho para mim".
'Samba Infinito' estreia em Cannes e mantém Brasil em evidência
"Samba Infinito" estreia no 78° Festival Anual de Cinema de Cannes mantendo o cinema brasileiro em alta no mercado internacional. Esta é a segunda produção brasileira em disputa no festival, ao lado de "O Agente Secreto" (Kleber Mendonça Filho), que disputa a Palma de Ouro.
O curta-metragem brasileiro, feito com coprodução da França, entra em competição na Semana da Crítica, uma mostra paralela do festival. Com Camilla Pitanga e Gilberto Gil, o filme acompanha o luto de um gari que ajuda uma criança perdida no Carnaval.
Para o crítico de cinema Vitor Búrigo, Leonardo Martinelli, o diretor do curta-metragem, é um nome para "ficar de olho". "É um cara super jovem, mas com uma carreira brilhante de curtas-metragens", afirmou no Plano Geral.
Estou sentindo uma coisa muito boa desse curta --até um Oscar, ano que vem. Leonardo é muito talentoso e circula muito bem em festivais internacionais.
Vitor Búrigo
Falta de diversidade entre longas de mostra
Fora da programação oficial do Festival de Cannes, a Semana da Crítica surpreendeu pela seleção de longas metragem deste ano. Se "Samba Infinito" representa o Brasil entre os curtas-metragens, o cenário é diferente entre os longas.
A mostra paralela, que costuma trazer filmes brasileiros, desta vez não apresentou nenhum longa-metragem nacional em competição.
A falta de representatividade impacta principalmente se considerado que este é o "ano de honra" do Brasil. "O que está acontecendo? Acho que eles não estão muito atualizados e informados da agenda. Não é possível", opina Flavia Guerra no Plano Geral. "Vamos olhar com mais carinho para o Brasil".
Li que as duas comissões comentaram que foi um ano muito difícil e concorrido; que tinha muita produção boa e foi difícil chegar a essa lista. Mas a desculpa não me convence. Não é possível que não tinha filme brasileiro bom e bacana para colocar nessa lista. Foram, no mínimo, desatentos.
Flavia Guerra
Vitor Búrigo destaca que a lista é composta, em grande maioria, por filmes franceses. "Falta diversidade", diz. "É um privilégio francês. Uma pena não termos diversidade de países, continentes e regiões".
Apresentado por Flavia Guerra e Vitor Búrigo, Plano Geral é exibido às quartas-feiras, às 11h, no canal de Splash no YouTube e na home do UOL, com as principais notícias sobre cinema e streaming. Você pode ainda ouvi-lo no Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts.
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