Conteúdo publicado há 27 dias

Em filme, Edy Star pediu: 'faça enquanto estou vivo, ou não faça nada'

Edy Star, autodenominado primeiro artista brasileiro a se assumir gay, morreu hoje, aos 87 anos, por complicações de um acidente doméstico. A informação foi divulgada no perfil do músico. Em 2024, foi lançado o filme "Antes que me esqueçam, meu nome é Edy Star".

Faça enquanto estou vivo, ou não faça nada.
Edy Star, em filme

Após sua estreia no Festival Mix Brasil, em 2019, o documentário chegou aos cinemas somente em novembro do ano passado. Dirigido por Fernando Moraes, o filme retrata a trajetória do pioneiro do Glam no Brasil, com depoimentos do próprio artista e de ícones como Caetano Veloso e Zeca Baleiro. "Antes que me esqueçam, meu nome é Edy Star", não está disponível online.

Depois de duas tentativas de suicídio e um câncer, tudo é lucro.
disse ao diretor do documentário, Fernando Moraes

Edy Star afirmou que nunca impediria a produção de um filme sobre sua vida. "Quem quiser fazer, faça". No entanto, em entrevista à Rolling Stone Brasil, também deixou claro que jamais tomaria a iniciativa de contar sua própria história em um livro ou documentário. "Estou curioso para ver a reação das pessoas. E ainda tenho medo de ver essa reação... Será que minha história merece estar na tela do cinema?", questionou.

O documentário registrou seu reencontro com a música no álbum "Cabaré Star" (2017), feito em parceria com Zeca Baleiro.

"Antes Que Me Esqueçam, Meu Nome é Edy Star" resgata a vida e a obra de Edvaldo Souza, o excêntrico e genial Edy Star, por depoimentos emocionantes do próprio artista, amigos e colaboradores.

A obra revela sua jornada pela música, teatro, dança e artes plásticas, destacando momentos cruciais de sua carreira — como sua participação no programa "A Hora da Criança", na Rádio Sociedade da Bahia, e a criação do lendário álbum "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta: Sessão das 10", feito em parceria com Raul Seixas.

Com uma narrativa rica em memórias e imagens inéditas, o filme mostra como Edy Star se tornou uma figura essencial — ainda que subestimada — na cultura brasileira. Sua ousadia artística e sua capacidade de transitar entre diferentes linguagens são retratadas em cenas que mesclam arquivos históricos e registros contemporâneos.

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Mais do que uma simples retrospectiva, o documentário é um mergulho íntimo na mente de um artista que desafiou convenções e, apesar de seu talento, permaneceu à margem do reconhecimento. "Antes Que Me Esqueçam, Meu Nome é Edy Star" não somente homenageia o cantor, mas também questiona: por que um nome tão importante foi, por tanto tempo, apagado da história da arte no Brasil?

Morre Edy Star

O cantor, ator e artista plástico estava internado em situação crítica, com risco iminente de falência renal. Ele estava internado na UTI do Complexo Hospitalar Heliópolis, em São Paulo.

Edy Star sofreu um acidente doméstico na semana passada e seu estado de saúde se agravou na UPA. De acordo com Ricardo Santhiago, biógrafo do músico, Star sofreu com atrasos a seu tratamento pós-acidente e seu estado de saúde ficou cada vez mais grave.

Ainda não há detalhes sobre velório e funeral.

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Carreira

Natural de Juazeiro (BA), Edivaldo Souza —nome de batismo— estreou com o álbum "Sweet Edy" em 1974. O disco foi marco no rock alternativo do Brasil e, depois de todo o sucesso, abriu um hiato de 40 anos.

Parceiro musical de Raul Seixas. Edy colaborou no disco "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10", de 1971, com Raul Seixas (1945 - 1989), Sérgio Sampaio (1947 - 1994) e Miriam Batucada (1946 - 1994). Ele era o último vivo do grupo kavernista.

Após morar em Madri por cerca de 20 anos, voltou ao Brasil em 2009 para se apresentar na Virada Cultural de São Paulo. O show foi um sucesso no palco dedicado a Raul Seixas. Nos anos seguintes, Edy relançou seu álbum de estreia e, ainda, quebrou o hiato de quatro décadas e lançou seu segundo álbum de estúdio, "Cabaré Star".

Artista e cantor baiano Edy Star
Artista e cantor baiano Edy Star Imagem: Júlia Rodrigues/UOL
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Nos últimos anos, propostas de show diminuíram e o artista lidou com um câncer sozinho. "Olha, está muito difícil encontrar espaço para artistas como eu. Hoje em dia, existem 'caixinhas', sabe? Certas categorias têm prioridade, e eu entendo isso, mas, para artistas como eu, fica mais complicado", desabafou Edy em entrevista ao Estadão em 2024. "Lugares como o Sesc, por exemplo, têm aberto menos espaço para o meu tipo de trabalho. Mas continuo aqui, firme, mostrando que ainda estou presente. É difícil, mas é isso."

Sobre a posteridade, essas coisas... Olha, enquanto eu estiver aqui, quero respeito e reconhecimento. Mas depois que eu for, não me importa o que façam. Podem descartar meu trabalho, jogar no mar. Não tô mais aqui mesmo. Edy Star

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