Ator de 'Vale Tudo' e 'Tieta' enfrentou dívidas e solidão no final da vida
Clara Ribeiro
Colaboração para Splash, em São Paulo
24/04/2025 12h00
Ao longo de sua carreira, Cláudio Corrêa e Castro, rosto marcante da televisão brasileira, atuou em mais de 50 novelas. Por trás das câmeras, porém, enfrentou dificuldades financeiras, problemas de saúde e um fim de vida solitário no Retiro dos Artistas.
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O que aconteceu
Nascido no Rio de Janeiro, Cláudio formou-se na Escola Nacional de Belas Artes, com estudos também na França e iniciou a carreira como pintor. Em 1955, foi responsável por ilustrar com águas-fortes o livro "Três Contos".
Nos anos 1960, expandiu seu talento para o teatro e assumiu o cargo de primeiro diretor do Teatro de Comédia do Paraná, ligado à Fundação Teatro Guaíra. Em Curitiba, dirigiu cerca de 20 peças e foi responsável por levar ao estado nomes como Nicette Bruno e Paulo Goulart, reforçando a cena cultural local.
Na televisão, imortalizou inúmeros personagens em mais de 50 novelas. Fez a primeira versão de "Cabocla" (1979), "Mulheres de Areia" (1973) e "O Profeta" (1977), "Dancin' Days" (1978), "A Gata Comeu" (1985), "Sinhá Moça" (1986), "Rainha da Sucata" (1990), "O Rei do Gado" (1996), "Esperança" (2002), "Chocolate com Pimenta" (2003), entre outras.
Na primeira versão de "Vale Tudo" (1988), Castro deu vida a Bartolomeu. No remake, atualmente exibido na Globo, o personagem é interpretado por Luís Mello.
Hoje, o ator pode ser visto nas reprises de "História de Amor" (1995) e "Tieta" (1989). Na primeira, ele surge como Rômulo, marido da personagem de Eva Wilma. Na segunda, interpreta Padre Mariano.
Dívidas e mudança para o Retiro dos Artistas
Apesar do currículo invejável, Cláudio enfrentou sérias dificuldades financeiras. Após a separação de Mirian Ayres, com quem foi casado por 20 anos e teve dois filhos, acumulou dívidas, se envolveu com agiotas e chegou à falência.
Em 2003, já doente, mudou-se para o Retiro dos Artistas, no Rio de Janeiro. O ator buscou abrigo e cuidados enquanto enfrentava problemas de saúde, como uma hérnia de disco que quase o deixou sem movimentos nas pernas.
Tive problemas pessoais graves e não tinha para onde ir. Precisava estar num lugar como o Retiro, onde eu não gastasse nada e cuidassem de mim.
Cláudio Corrêa e Castro, ao Jornal de Brasília, em 2003
Na mesma conversa, admitiu sua incapacidade de lidar com o dinheiro. "Sou péssimo administrador. Ganhei muito bem, mas não soube controlar meu dinheiro. Comprava tudo sem pensar. Nunca soube dizer não. As dívidas são as únicas coisas que me atormentam", desabafou Castro.
Morte após cirurgia
O ator morreu em 2005, aos 77 anos, após complicações de uma cirurgia de ponte de safena. Castro tinha diabetes, hipertensão e obesidade, condições que agravaram sua situação. Ele estava internado no Hospital das Clínicas de Niterói e morreu por falência múltipla de órgãos.
Cláudio Corrêa e Castro deixou três filhos. Guilherme, do relacionamento com a atriz Ileana Kwasinski, e Gabriel e João Pedro, do casamento com Mirian Ayres.