Conteúdo publicado há 27 dias

Por que acreditar em realidades paralelas a aceitar a vitória de Renata?

Eu me lembro do BBB 1. Provavelmente, muitos dos torcedores do programa, hoje, não eram nem nascidos ou eram jovens demais para lembrar do Kleber Bambam levando o prêmio ao lado de Maria Eugênia, uma boneca feita de sucata por ele para encarar a solidão dentro do confinamento.

Nessa época, a gente ficava mais surpreso com as eliminações e vitórias, pois não havia uma rede social que indicasse a temperatura do programa como há hoje. Nem o Orkut havia chegado e a votação era feita por telefone.

Muitos anos depois, às vezes, a gente se surpreende. Nesta edição, por exemplo, eu não imaginava que Diogo seria eliminado quando foi e não esperava uma final com um dos gêmeos João Pedro e João Gabriel. Mas, no geral, dá para sacar o que vai acontecer nos paredões e na final só acompanhando as redes sociais.

A vitória de Renata, por exemplo, já me parecia óbvia há algumas semanas. Ela conquistou uma torcida forte e presente nas redes sociais. A prévia de que ela ganharia foi a eliminação de Vitória, também muito querida, mas eliminada do programa pela torcida que se encantou por Renata e quis protegê-la.

Acho muito curioso que tenha gente invalidando a vitória da cearense no BBB25. Tem gente chamando de manipulação, tem gente reclamando das regras de votação, outros criando ou reforçando teorias da conspiração?

Na época do Kleber, muita gente queria que ele não fosse o campeão, com certeza, e é normal que muita gente preferisse outra vencedora que não a Renata. Mas será que é preciso invalidar a vitória de uma pessoa, só porque ela não vai de encontro com nossos desejos?

As regras do programa são claras para os fãs. O vencedor é escolhido a partir do voto do público. Gil do Vigor falou ontem sobre isso: Renata conseguiu cativar uma torcida que se dispôs a passar a madrugada votando nela para que ganhasse, e isso tem muito valor. Ele tem toda razão.

Dizer que foi marmelada me parece uma dificuldade de aceitar que nem sempre a sua vontade prevalece, e aí, para lidar com essa frustração, cria-se uma fantasia A pessoa entra em uma realidade paralela onde está sempre certa, mas foi vítima de uma conspiração. Será que isso faz sentido?

Renata construiu uma boa trajetória no programa. Foi respeitosa, equilibrada, dedicada às provas, consistente nas tretas em que se envolveu? Você pode até não gostar dela, claro, mas é preciso admitir, no mínimo, que ela conseguiu o que é preciso para ganhar o programa: cativar uma torcida.

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Compreendo perfeitamente a chateação de quem não teve seu candidato como vitorioso, assim como acontece no futebol ou nas eleições. Mas, deixando um pouco a paixão de lado por um participante e pensando mais friamente: você não acha importante respeitar uma votação? Eu acho.

*Vladimir Maluf é psicanalista clínico formado pelo CEP (Centro de Estudos Psicanalíticos), em São Paulo, jornalista e estrategista de conteúdo digital com passagens pelo UOL, Terra, Globo.com e iG e consultor sobre diversidade e produção de conteúdo digital. Ganhou o Prêmio UOL na categoria "Melhor Conteúdo" em 2020.
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