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Novelas são estrelas no Conversa com Bial dos 60 anos da Globo

Pedro Bial apresenta o Conversa com Bial Imagem: Daniela Toviansky/Globo

Bruno Silvano

Colaboração para Splash, em São Paulo

20/04/2025 05h30

Conversa com Bial estreia nova temporada com semana em homenagem aos 60 anos da TV Globo. Em entrevista exclusiva a Splash, Pedro Bial revela detalhes e alguns entrevistados que passarão pelo programa nesse ano.

A nova temporada de Conversa com Bial

A partir de segunda-feira, Pedro Bial dá início à nona temporada do Conversa com Bial com uma programação especial dedicada às comemorações dos 60 anos da TV Globo. Na primeira semana — do dia 21 ao dia 25 —, o apresentador recebe personalidades que marcaram a trajetória da emissora em temas que vão da dramaturgia ao jornalismo. As entrevistas prometem resgates importantes, histórias inéditas e conteúdos curiosos de bastidores.

Na segunda-feira, a estreia celebra os 40 anos de Roque Santeiro, um dos maiores marcos da teledramaturgia nacional. Para falar sobre esse fenômeno da televisão, Pedro Bial conversa com Regina Duarte, atriz que deu vida à icônica Viúva Porcina. Ao lado dela, a jornalista Laura Mattos, autora do livro "Herói Mutilado - Roque Santeiro e os Bastidores da Censura à TV na Ditadura", explora a sua investigação acerca do contexto político que levou à proibição da primeira versão da novela em 1975.

Na terça-feira a dramaturgia segue em pauta, mas desta vez voltada para aspectos sociais, com o tema "O crescente protagonismo negro na TV", com a presença de Lázaro Ramos. Ator, diretor, escritor e um dos nomes mais relevantes da atual geração artística, Lázaro conversa com Bial sobre os avanços, os desafios e os caminhos ainda a serem trilhados pela representatividade negra nas telas. Ele menciona, ainda, alguns marcos da carreira, vividos na TV Globo, e projetos mais recentes, refletindo sobre o papel da televisão na construção de narrativas mais diversas e inclusivas.

A quarta-feira é dedicada à arte de escrever novelas, com um encontro especial entre três grandes autores da teledramaturgia: Alessandra Poggi, Rosane Svartman e Walcyr Carrasco. Com estilos distintos, eles falam sobre os bastidores do processo criativo, o desafio de dialogar com diferentes públicos e a constante renovação do formato que é símbolo da televisão brasileira.

Alessandra, responsável por obras como "Além da Ilusão" e "Os Dias Eram Assim" — esta ao lado de Angela Chaves —, compartilha a experiência de "Garota do Momento", que conecta gerações. Rosane, que assinou sucessos como "Totalmente Demais" e "Vai na Fé", além de "Dona de Mim', próxima novela das 7, traz sua perspectiva sobre a força feminina nas narrativas. Já Walcyr, autor de tramas como "Verdades Secretas", "Êta Mundo Bom!" e "Êta Mundo Melhor!" — próxima novela das 6 — fala sobre versatilidade e influência na linguagem popular das novelas.

Na quinta-feira, o programa mergulha no "Encanto da música nas novelas" e recebe Ney Matogrosso, uma das figuras mais emblemáticas da música brasileira. Reconhecido como o artista vivo que mais interpretou aberturas de novelas, Ney fala sobre os bastidores de algumas trilhas que marcaram época e a ligação da sua obra com a televisão.

Encerrando a semana, na sexta-feira, o tema é "A evolução do telejornalismo na era digital", com a presença de William Bonner. O jornalista compartilha sua trajetória à frente do Jornal Nacional, o maior telejornal do país; fala sobre os desafios de manter a credibilidade jornalística em tempos de desinformação; e comenta as transformações tecnológicas que vêm mudando a forma como o público consome notícias.

Nova temporada que mantém a essência

Após várias mudanças e uma pandemia no meio do caminho, que fez as entrevistas serem de forma on-line, Pedro Bial analisa que o Conversa mantém a essência. "Essa nova temporada, na verdade, para mim, já completa praticamente uns 10 anos. Nada matemático, só uma coisa simbólica. Eu acho que o programa foi se adaptando às circunstâncias. Primeiro, se adaptando às circunstâncias sanitárias. E eu acho que a gente foi muito ágil e rápido a voltar logo para o ar, na pandemia, naquele sistema. E aí, depois, a gente voltou para o estúdio e conseguimos voltar também com plateia. Foi muito legal a plateia voltar e dar uma outra vida às conversas. O programa mantém sua essência, de promover um debate com uma boa conversa".

O que eu acho que mais mudou não foi o programa em si, muito menos a proposta original. O que mudou foi o mundo em geral e o Brasil em particular. A qualidade do debate público se deteriorou muito. Isso talvez nos tenha, entre aspas, favorecido, quer dizer, pelo efeito do contraste. A gente traz um debate de nível melhor. A gente lembra às pessoas o que é diálogo, o que é debate, o que é buscar confluência, pontos de encontro, pensar, juntar uma ideia na outra, vir uma terceira. Em vez dessa loucura que se apossou na lógica dos debates virtuais, nas redes sociais, das pessoas ficarem querendo fazer prevalecer as suas ideias e querer ter razão. Querer exterminar, extinguir, fazer desaparecer quem pensa diferente, e isso de todos os lados, da esquerda e da direita.
Pedro Bial

Para a próxima temporada, Bial conseguiu entrevistar a poetisa Adélia Prado, algo que ele desejava desde a estreia do programa. "O que a gente conseguiu, que para mim até agora é o grande momento desta nova temporada, é uma entrevista que eu tentava desde que o programa entrou no ar: gravamos com a Adélia Prado. Estamos tentando desde 2017 e, por vários motivos, ela não pôde fazer. Finalmente essa entrevista saiu, e foi um encontro extraordinário, uma conversa muito, muito legal. Além da Adélia, estão confirmados Regina Duarte; William Bonner; Heloísa Périssé com a filha, Luisa Périssé; e Wesley Safadão".

Na construção de tantas entrevistas marcantes, Pedro conta com uma vasta equipe de roteiristas e pesquisadores muito elogiados pelo apresentador. "Eu tenho um time de pesquisadores-roteiristas muito qualificado, gente muito boa. A pesquisa que me entregam poderia ser publicada em qualquer revista, em qualquer jornal, em qualquer publicação de altíssimo nível. Essa pesquisa me ajuda muito a abreviar o tempo de preparação. Aí depois eu fico muito aberto às sugestões de perguntas e de abordagens que me vêm, mas, na hora do vamos ver, sou eu que sento e penso 'o que eu gostaria de saber', 'o que o cara que está em casa gostaria de saber', 'o que ele perguntaria'".

Muitas vezes eu não falo só o que eu quero saber, mas, frequentemente, procuro entender qual é a curiosidade do espectador, esse ser, às vezes abstrato, mas com necessidades e curiosidades muito concretas. E deixo o ritmo da conversa fluir porque, às vezes, não é apenas o que você vai perguntar ou o que vai ser dito, mas o conteúdo vem da conversa fluir como um frescobol, como eu costumo dizer. Um jogo sem vencedor nem vencidos, mas de encontro e de pensar. 'E o pensamento parece uma coisa à toa, mas a gente voa quando começa a pensar'.
Pedro Bial

Entrando nas comemorações dos 60 anos da Globo, Pedro Bial relembra as várias histórias e redações que já passou como jornalista e apresentador na emissora. "Nossa, tenho 300 histórias curiosas de bastidores. O que eu posso dizer é que eu me sinto coautor dessa história. Entrei muito menino na Globo, com 23 anos, numa redação do Jornal Nacional que era menor do que a redação do 'Conversa'. Todos os jornais eram feitos ali, numa salinha. O Jornal Hoje, o Jornal Nacional, o Jornal da Globo. Era incrível como a gente fazia coisas com recursos físicos muito exíguos".

O jornalismo precisa sempre se aperfeiçoar. E que bom que a gente vai se aperfeiçoando, evoluindo, progredindo junto com o mundo. Então, acho que sim, a forma de fazer jornalismo mudou, mas o propósito permanece o mesmo: informar, causar empatia, dar base para que as pessoas tenham empatia, que não só fiquem sabendo do que está acontecendo, mas entendam o porquê de estar acontecendo, como isso as afeta e como elas podem afetar aquilo.
Pedro Bial

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