Rebaixamento e intromissão de Cauã: os bastidores da treta de 'Vale Tudo'
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A exposição do comportamento de Cauã Reymond nos bastidores de "Vale Tudo" abafou os debates nas redes sociais em torno dos desdobramentos da novela e bloqueou as comparações com a versão original. Além das brigas com Bella Campos e Humberto Carrão, o intérprete do golpista César tem interferido na direção, dando palpites frequentes nas execuções de cenas, além de apontar falhas nos trabalhos de colegas --gerando um clima péssimo com uma parte importante do elenco. Tudo, ao que consta, seria resultado de um acúmulo de frustrações do ator dentro da Globo.
Splash procurou a Globo e Cauã Reymond para ter seus posicionamentos sobre os atuais escândalos, mas ambos não se manifestaram até a publicação desta reportagem. Atualizaremos caso as partes mudem de ideia. O espaço segue aberto.
Fontes de Splash relataram que Cauã tem extrapolado a função de ator desde que protagonizou "Terra e Paixão" (2023), quando passou a dar mais palpites na condução das cenas. Ele interpretava o mocinho Caio La Selva, mas seu personagem não cativou o público, que tinha mais simpatia pelos vilões e por figuras secundárias da trama.
Na época, o ator causou muitos desconfortos na equipe do diretor Luiz Henrique Rios ao forçar a aplicação de algumas de suas ideias.
Agora, em "Vale Tudo", o cenário se repete. A revista Veja noticiou na terça dia 15 que Cauã reclamou com a direção por não estar satisfeito com o trabalho de Bella Campos na pele de Maria de Fátima, alegando, entre outros fatores, ausência de química entre seus personagens. Além disso, ele teria incomodado a colega ao tentar dirigi-la em algumas gravações, apontando marcações de cena e entonação das falas.
A reportagem aponta que a atriz tem sofrido crises de ansiedade por conta das interferências do ator em seu trabalho e o denunciou ao compliance, alegando que o ator é debochado, mau colega, displicente, agressivo e machista. A queixa foi acolhida, mas não motivou a abertura de nenhuma investigação.
Curiosamente, dois anos antes, o ator também manifestou à direção da novela de Walcyr Carrasco sua insatisfação com falta de química com Barbara Reis, a protagonista Aline Machado de "Terra e Paixão". O problema que ele alegou não era a qualidade de atuação da colega, e sim o direcionamento artístico, que fez o público rejeitar seu personagem e torcer para que a mocinha tivesse qualquer outro par amoroso na história que não fosse o personagem de Cauã.
Em "Vale Tudo", o lado crítico de Cauã voltou a aflorar. Mas, internamente, a chefia não vê sua postura como abusiva ou excessiva. Fontes ouvidas por Splash afirmam que o ator utiliza uma abordagem técnica e profissional para dar sugestões e manifestar eventuais descontentamentos com o desempenho de colegas, sempre frisando sua preocupação com a qualidade do produto. O problema em questão, ainda segundo as fontes, são os egos de todos os envolvidos. E que os atores não reagiram bem ao saberem das avaliações negativas feitas por um profissional que não integra o time de diretores.
Embora a Globo não comente casos levados ao compliance, o que nos foi relatado é que as queixas de Bella Campos contra Cauã não possuem elementos que violam cláusulas do código de ética e que os apontamentos feitos por ela não são vistos pelo departamento como "graves" —e tampouco "inéditos".
Como a emissora está acostumada a lidar com desavenças entre atores nos bastidores de suas tramas, o caso em questão foi visto como um duelo de egos, e a medida adotada foi apenas a de monitorar os dois artistas sem o objetivo de puni-los, apenas visando o fim dos atritos.
A direção e a produção de "Vale Tudo" foram orientadas a redobrar suas atenções com os envolvidos nas queixas e incumbidas de evitar que novos atritos pessoais interfiram no andamento da novela, que é considerada sua maior aposta do ano na dramaturgia.
Frustrações acumuladas
Cauã se tornou uma figura mais crítica nos bastidores da Globo desde que foi "promovido" a produtor-executivo. Ele conseguiu emplacar dois projetos pessoais na emissora, mas ambos acabaram engavetados às vésperas do início das gravações. O primeiro foi um programa de entretenimento, que seria exibido no GNT.
No início de 2021, em entrevista a este repórter, o ator admitiu com exclusividade que estrearia naquele ano como apresentador em um projeto formatado por ele mesmo, onde abordaria o universo da moda masculina.
Na época, Cauã estava muito envolvido com este tema, chegou a assinar uma coleção de uma grife masculina e conseguiu o patrocínio desta mesma empresa para alavancar seu programa. Mas a atração acabou suspensa após ser escalado para protagonizar a novela "Um Lugar ao Sol", e a emissora afirmou que ele teria uma demanda alta de cenas, inviabilizando os dois trabalhos simultâneos. Fato é que o assunto nunca mais foi retomado.
Dois anos mais tarde, Cauã teve mais um projeto aprovado: a série de ficção "Mata-Mata", na qual ele assinava como criador, diretor e produtor-executivo. A trama seria um produto exclusivo do Globoplay e ele recebeu sinal verde para iniciar a pré-produção.
O trabalho avançou tanto que chegou a ganhar cronograma de gravações, a serem iniciadas em setembro de 2024, mas poucos meses antes a emissora optou por engavetar a obra, sem lhe apresentar uma justificativa convincente.
Fontes ouvidas por Splash apontam que o ator carrega consigo essa frustração de querer se provar na emissora como um profissional mais versátil na dramaturgia, mas as oportunidades que cavou e conquistou foram rapidamente desfeitas, sem um motivo plausível.
Como ele acumula uma experiência bem-sucedida no cinema, onde há mais de dez anos atua como produtor-executivo, Cauã se vê apto a dar pitacos em outras áreas. Mas, ao que consta, isso não tem sido bem digerido pelos demais atores com quem tem contracenado.
Posicionamentos
Cauã é visto internamente como um forte ativo na dramaturgia, com alto poder comercial, responsável por atrair ações publicitárias para dentro das novelas em que atua. Também é elogiado internamente por sua pronta disposição a aceitar os trabalhos que lhe são oferecidos, além de nutrir um ótimo relacionamento com figuras de poder dentro da Globo, sem nenhum histórico de insubordinação.
Por mais que nos últimos anos tenha atravessado os limites de sua atuação, com intromissões excessivas na direção das novelas em que trabalha, a maneira como ele conduz as conversas e expõe suas opiniões não são vistas internamente como abusivas ou desrespeitosas.
Os demais atores com quem contracena apenas o veem como uma figura inconveniente. E isso tem ficado cada vez mais explícito, já que Cauã é ignorado por uma fatia importante do elenco de "Vale Tudo". A indisposição com Bella Campos e Humberto Carrão provocou um racha nos bastidores, e a maioria optou por ficar contra o intérprete de César.
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