Parceria entre Netflix e Cinemateca levanta debate importante sobre cinema

A recém-anunciada parceria entre a Netflix e a Cinemateca Brasileira tem gerado surpresa e debate. A plataforma de streaming destinará patrocínio cultural de R$ 5 milhões por meio da Lei Rouanet para um projeto de restauração da instituição, que prevê outros aportes, totalizando cerca de R$ 30 milhões.

A parceira levantou discussões "muito importantes e interessantes", afirmou o crítico de cinema Vitor Búrigo no Plano Geral desta quarta-feira. Essa é a primeira vez que uma empresa americana faz uso da lei, e isso ocorre em um momento delicado em que é discutida no Congresso a regulamentação do streaming.

Flavia Guerra, no entanto, observa que parcerias não são algo inédito, acordo parecido ocorreu na França em 2018, quando a Netflix começou a apoiar a cinemateca francesa. No país, o VOD é regulamentado e as plataformas de streaming pagam o tributo de 5%, além de investirem parte da receita bruta na produção local independente. Em países como Canadá e Espanha, entre outros, há a regulamentação e os impostos do setor também são pagos pelos streamings.

Vejo com bons olhos a parceria público-privada, e o debate tem que estar sempre aberto, para vermos com sobriedade esse tipo de parceria. Jamais vamos isentar o governo de sua responsabilidade de olhar para a Cinemateca e o cinema brasileiro.
Flavia Guerra

Maria Dora Mourão, diretora-geral da Cinemateca, também defende a preservação da instituição por meio de parcerias. "Tudo custa milhões, e o governo público não consegue arcar. Então, que o privado entre, sim, através das leis. Porque o privado entra, através da Lei Rouanet, e o dinheiro que ele transfere se transforma em público", explicou ela em entrevista ao Plano Geral.

Foi muito bom. Não só pelo fato de ter mais um apoiador --um apoiador de peso e importante--, mas porque a Netflix não é só uma apoiadora econômica e financeira; mas [ajuda] na divulgação do trabalho da Cinemateca. A Netflix é da nossa área [do cinema], e esse é um casamento muito importante.
Maria Dora Mourão, diretora-geral da Cinemateca

'Salomé' é puro suco do cinema contemporâneo

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Apresentado com destaque no 20° Panorama Internacional Coisa de Cinema, "Salomé" é um filme que resume o cenário do audiovisual contemporâneo e dos jovens realizadores no Brasil. A avaliação é do crítico de cinema Vitor Búrigo, durante o Plano Geral desta semana.

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O filme de André Antônio acompanha Cecilia, uma jovem que volta para Recife para passar as festas de final de ano com a mãe. Durante essa viagem, ela reencontra um vizinho que a faz conhecer uma seita onde glorificam a figura de Salomé, uma princesa bíblica.

O longa é uma mistura de romance cheio de camadas com um "neofuturismo LGBT+", afirma a jornalista Flavia Guerra. "É o cinema jovem de hoje; tem humor e não se leva a sério demais", explica. "Fiquei encantado, amei. Achei incrível, a direção de arte, atuação, o elenco. Essa brincadeira com a fantasia. Entrei nesse universo e na loucura deles", completa Vitor Búrigo.

É o puro suco do cinema contemporâneo do Brasil. É jovem e as pautas estão lá.
Flavia Guerra

O filme, que também foi vencedor do 57º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, ainda não tem data de estreia nos cinemas brasileiros. Apesar disso, Vitor garante que o longa vale a pena: "O final é apoteótico".

'Bateau Mouche' evidencia culpados de tragédia

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"Bateau Mouche: O Naufrágio da Justiça" (Max) estreou há cerca de um mês e segue em alta pela sua capacidade de reprodução de uma fatalidade que impactou vários brasileiros. Em quatro episódios, a minissérie retrata a tragédia do Réveillon de 1988 no Rio de Janeiro, que matou 55 pessoas após o naufrágio da embarcação Bateau Mouche 4.

"Essa série traz várias investigações, apontando os culpados e a negligência", resume o crítico de cinema Vitor Búrigo. "Foi uma tragédia praticamente anunciada. Muitas pessoas embarcaram e não deu certo. Muitos perceberam isso antes mesmo de embarcar, e a série traz os verdadeiros culpados", completa.

Foi um caso que marcou muito o Brasil.
Vitor Búrigo

O jornalista diz que a produção também tem "momentos pesados" e histórias de familiares que perderam entes queridos na embarcação. "Tem depoimentos muito tristes e outros mais jornalísticos", explica. "Mostra esses bastidores e como foi 'deixar' isso acontecer. É bem interessante".

Apresentado por Flavia Guerra e Vitor Búrigo, Plano Geral é exibido às quartas-feiras, às 11h, no canal de Splash no YouTube e na home do UOL, com as principais notícias sobre cinema e streaming. Você pode ainda ouvi-lo no Spotify, Apple Podcasts e Google Podcasts.

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