Depois de choradeira e abraços, será que vai começar o 'BBB do amor'?
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Na dinâmica do Sincerão de ontem, a promessa era de muito drama. E foi cumprida. Para quem não viu, os participantes escolhiam uma pessoa para destruir um áudio enviado por alguém amado, devolver um objeto com boas memórias sem a pessoa vê-lo para casa dela ou triturar uma foto enviada pela família.
O que o público e a produção não esperavam, porém, era um efeito rebote: conforme o jogo foi se intensificando, e as pessoas forçadas até a atacar pessoas de quem elas não são inimigas, todo mundo foi ficando mais emotivo. O resultado foram inimigos se abraçando e se perdoando, e não o oposto. É claro que a intenção do programa era intensificar os atritos, mas parece que não deu certo.
É compreensível que isso tenha acontecido. Com saudades de casa, todos estão sensíveis e carentes, e ter um presente vindo das pessoas queridas retirado é uma grande rasteira. Tanto que tirou a reatividade dos participantes e os colocou numa posição muito frágil e vulnerável. Com isso, ficou muito mais relevante acolher e ser acolhido do que pensar nas brigas por motivos menores.
Quando estamos vulneráveis, somos mais facilmente envolvidos por qualquer ser humano que esteja por perto. Quer um exemplo? Quando um casal termina um relacionamento se abraçando e desejando que o outro encontre alguém e seja feliz ou quando alguém é demitido do emprego, mas sai agradecendo todo mundo pela oportunidade (e ainda faz um post de gratidão no LinkedIn).
E tem outro lado: quando a gente vê alguém sofrendo muito, chorando copiosamente, por mais que tenhamos diferenças com essa pessoa, é totalmente humano passar por cima disso e oferecer colo. E se não significa que as brigas não vão continuar depois disso, tenho certeza, mas é uma trégua muito natural e saudável. É claro que os telespectadores do programa não esperam exatamente isso, pois querem treta. Para quem achou bonito e para quem achou desnecessário, eu posso adiantar: este não vai ser o BBB do amor. Já, já eles lembram das diferenças que têm e o clima bélico volta com tudo.
*Vladimir Maluf é psicanalista clínico formado pelo CEP (Centro de Estudos Psicanalíticos), em São Paulo, jornalista e estrategista de conteúdo digital com passagens pelo UOL, Terra, Globo.com e iG e consultor sobre diversidade e produção de conteúdo digital. Ganhou o Prêmio UOL na categoria "Melhor Conteúdo" em 2020.
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