Polêmica em 'Vitória': por que Fernanda Montenegro interpreta mulher negra?

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O filme "Vitória", nos cinemas na próxima quinta-feira, tem levantado polêmica pela escolha de Fernanda Montenegro, uma atriz branca, para interpretar uma mulher negra.
Sobre o que é o filme?
"Vitória" conta a história real de uma aposentada que, em 2005, desmontou uma perigosa quadrilha a partir de filmagens feitas da janela do seu apartamento no Rio. Joana da Paz, em quem a personagem de Montenegro foi inspirada, era uma mulher negra.

Joana da Paz comprou uma câmera e registrou vários crimes que aconteciam em frente à sua casa, no Rio. A aposentada compartilhava as imagens com o jornalista Fábio Gusmão, interpretado no longa por Alan Rocha sob o nome de Flávio Godoy. As fitas, entregues ao repórter, levaram a denúncias que resultaram na prisão de moradores da região e PMs envolvidos com narcotráfico.
A idosa foi então jurada de morte pelos criminosos e, por isso, ficou sob proteção do Estado. Ela teve sua identidade escondida até 2023, quando morreu e seu verdadeiro nome foi revelado. Até então, os jornais a chamavam de Vitória da Paz.
Qual o motivo da escolha dos atores?
O filme começou a ser produzido quando Joana da Paz ainda estava viva, o que gerou preocupação de proteger informações que pudessem facilitar sua identificação. Ao escolher uma atriz para protagonizar "Vitória", o então diretor Breno Silveira não viu problema em chamar uma mulher branca, afinal não se sabia ainda a verdadeira identidade de Joana, explica a produção.
O medo de que as informações ajudassem a identificar as pessoas envolvidas também levou a produção a escolher um ator negro para interpretar o jornalista Fábio, que é branco. Outro exemplo da preocupação em relação à proteção das identidades é a mudança de nomes: no filme, Joana é Nina. Fábio Gusmão é Flávio Godoy.

'Bem brasileira'
Montenegro elogiou a coragem de Joana da Paz e a chamou de "ser humano absoluto". "A personagem é uma porta-voz do momento que se vive nesse país, na miséria, dos que não têm para onde ir. Um ser humano absoluto, e bem brasileiro. Ela não é uma sofrida, demagógica, melodramatizadinha. Não", disse em entrevista ao Fantástico.
O diretor Breno Silveira morreu em 2022, aos 58, durante as gravações do filme. Ele foi substituído pelo cineasta Andrucha Waddington, amigo de Silveira e genro de Montenegro —Waddington é casado com Fernanda Torres desde 1997. Ele já dirigiu a sogra antes, em "Casa de Areia" (2005), em que mãe e filha contracenam.
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