Walter Salles: 'Mundo ganha muito ao descobrir Fernanda Torres'

Walter Salles conclui a maratona de festivais feliz e com a sensação de "dever cumprido".O diretor de "Ainda Estou Aqui", que venceu o prêmio de melhor filme internacional no Oscar, conta que nos últimos meses teve a oportunidade de levar o Brasil para outros países.

Foram seis meses de contato com públicos diferentes; uma experiência incrível. Fomos certamente para 30 países e festivais, que trouxeram perguntas totalmente diferentes, específicas. Walter Salles, em entrevista para Plano Geral

Na turnê ao lado de Selton Mello e Fernanda Torres, Walter Salles diz que se cansou, mas se sentiu "realizado". "Saímos exaustos, mas revitalizados com isso. Há uma energia nesse processo."

Apesar da vitória no Oscar, o diretor diz acredita que quem mais "ganhou" com "Ainda Estou Aqui" foi o público de fora do Brasil.

Fernanda é uma atriz extraordinária. O mundo ganhou. Nós ganhamos, mas eles ganharam muito pela possibilidade de conhecer uma atriz renascentista —uma grande atriz, escritora e pensadora. Walter Salles

Oscar prova que vitória de estrangeiros ainda é difícil

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"Ainda Estou Aqui" pode ter vencido o Oscar de melhor filme internacional, mas ainda não trouxe o prêmio de melhor atriz que há anos é esperado pelo Brasil.

No Plano Geral, Flavia Guerra defende que Fernanda Torres entregou uma atuação "mais complexa" que a de Mikey Madison, vencedora do prêmio de melhor atriz no Oscar por "Anora". "Discordo da escolha. Se o Oscar não fosse para a Fernanda Torres, acho que é Demi Moore quem merecia."

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"Um momento intragável", avalia Vitor Búrigo. "A gente esperava muito essa estatueta, era o grande momento. O resultado de um trabalho impecável da Fernanda, de uma entrega muito bonita. Estávamos preparados por esse momento; o grito estava pronto para sair e não veio".

Alguns resultados ainda refletem que, na Academia, ainda falta muito para mudar (...) Ainda é muito difícil o estrangeiro ganhar esse destaque Vitor Búrigo

Segundo Flavia, este foi o Oscar do cinema independente. A exemplo de filmes como "Flow", "Ainda Estou Aqui", "Anora" e "Brutalista", que tiveram um orçamento mais baixo do que outros concorrentes.

Maioria dos votantes só vê filmes em inglês

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Flavia Guerra reforça que o júri do Oscar segue "nacionalista". "A academia rejuvenesceu, e o prêmio para a Mikey Madison mostra isso. ["Anora"] É um cinema mais jovem. Por outro lado, a maioria da academia ainda é americana ou britânica; fala inglês. E vai favorecer a 'prata da casa'. É por uma questão de identificação também."

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Vitor Búrigo destaca o fator da "preguiça". "Saiu uma estatística falando que a categoria de filme internacional foi uma das menos votadas. Ou seja, é uma preguiça de ver um filme com legenda, de outro lugar do mundo."

Entre os pouco mais de dez mil votantes do Oscar, cerca de dois mil votaram na categoria de Filme Internacional, explica Flavia Guerra. "É muito pouco. As pessoas ou têm preguiça, ou não têm tempo, ou não têm interesse. Falta uma boa vontade dos votantes."

Búrigo ainda pontua que "Emilia Pérez" era um filme "mais fácil" de ser destacado no Oscar que um filme brasileiro. Isso ocorre justamente por ser falado em inglês e seguir uma cultura mais norte-americana, com atores locais. No entanto, dadas as polêmicas, saiu da mira e abriu espaço para "Ainda Estou Aqui".

Confira a íntegra do Plano Geral

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