Juliana Silveira vetou prostituta na Globo por Floribella: 'Não é maneiro'

Juliana Silveira, 44, decidiu abrir 2025 apostando em um trabalho nostálgico e especial em sua vida: Floribella. A atriz, inicialmente, planejou um meet and greet com fãs, mas a venda dos ingressos foi tamanha que a proposta se transformou em shows em São Paulo e Rio de Janeiro. Ela, que interpretou Maria Flor na trama da Band, se diz feliz em saber que o sucesso do trabalho perdura por 20 anos.

Isso veio de uma vontade minha. Desde 2019, quando acabei o contrato longo com a Record e resolvi experimentar esse mundo novo do streaming, eu resolvi ter mais autonomia e criar projetos que possa produzir. Na pandemia, eu abri lives para falar de Floribella e foi um sucesso. Em 2021, regravei as músicas em estúdio com o Rick Bonadio e nasceu o projeto Juliana Silveira Canta Floribella. Só agora em 2025 eu consegui realizar e tô começando a entender agora a força do que a gente construiu ali.
Juliana Silveira, em entrevista exclusiva para Splash

Decisão de promover os quatro eventos (dois em São Paulo e dois no Rio) foi custeada pela própria artista. A ideia era sentir como seria a recepção dos fãs da trama que marcou época na TV brasileira. "Ainda tem muito apelo. Existe um movimento de nostalgia muito forte que vem com as redes também, né? Quando a gente foi vender só esse encontro e a coisa aconteceu dessa forma muito rápida, eu falei: 'bom, não dá pra esperar'. A gente precisa montar alguma coisa que as pessoas realmente estão pedindo e fiz a loucura de montar um show em 15 dias".

Falei: 'bom, vamos ver quanto entrou e vamos entender quanto a gente vai gastar pra fazer esse show'. Nisso, eu vi que eu teria que investir e disse: 'não tem problema, porque se isso é um movimento que tem demanda, vamos'. Foi tudo muito rápido mesmo. Eu ainda estou elaborando o que aconteceu, mas graças a Deus as contas estão pagas, os profissionais estão pagos e está tudo certo. Todo mundo saiu feliz e deu certo. Agora todo mundo cobra de mim muito uma turnê.

"Neguei a Globo"

O trabalho em Floribella é um marco na vida de Juliana Silveira. Após trabalhos de destaque na Casa da Angélica (SBT), Malhação e Laços de Família (ambos da Globo), a atriz explodiu no Brasil com a personagem Maria Flor, mas só entendeu que o trabalho fez sucesso quando começou a escolher os próximos passos de carreira após o fim da trama da Band.

Quando terminou Floribella, eu precisava entender para onde eu iria depois, né? Como eu daria continuidade ao meu trabalho. Me proporão de se tornar apresentadora infantil, mas falei: 'não sou apresentadora, sou atriz'. Também recebi convite para continuar cantando, até estudei repertório para entender o que gostaria de cantar, mas parei também. Eu sei que o que eu faço melhor é criar personagens.

Após dois anos de Floribella na Band, a artista recebeu oferta da Globo para interpretar uma prostituta em horário nobre. Ela, no entanto, recusou o convite por entender que a mudança de um trabalho para o outro seria drástico. "Na hora de ir para Globo, com aquela proposta que eles me fizeram, que não me deram muita opção de fazer um personagem que eu não poderia aceitar na época, que era uma prostituta, ali eu entendi e falei: 'não'".

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Juliana Silveira como Flor, protagonista de "Floribella", novela exibida pela Band em 2005
Juliana Silveira como Flor, protagonista de "Floribella", novela exibida pela Band em 2005 Imagem: Divulgação/Band

Ali me bateu errado no coração mesmo. Foi uma coisa intuitiva. Falei: 'estou recebendo a proposta que toda atriz no ano de 2007 quer, né? Que é um personagem da novela das nove e incrível para bombar'. Só que aquilo não me bateu legal. Falei: 'preciso preservar essa história. Se eu fizer essa transição brusca, meio que apagar essa história na cabeça do público'. Imagina, sair de Floribella e já entrar em outra imagem? Eu disse: 'isso não é maneiro fazer' e neguei o papel.

Juliana Silveira seguiu para Record após recusar o trabalho, mas a decisão por um bom tempo foi tema de reflexão entre ela e sua empresária. "Durante muitos anos isso foi uma questão para mim e até para a minha empresária. Ela falava: 'será que você não devia ter aceitado?' e eu dizia: 'calma, uma hora a gente vai entender isso'. Eu não devia ter aceitado e hoje não me arrependo. Sei que preservei algo que hoje eu consigo ver nos shows, o quanto essa personagem e essa história era importante para tanta gente e que eu não poderia mexer assim".

Foi um trabalho com propósito, né? A infância é um terreno que a gente fez a vida inteira. Quando você marca essa fase da vida da pessoa, existe uma responsabilidade de tudo que você plantou e construiu. Resolvi priorizar essa conexão com o público e a minha história mesmo. Acho que é você valorizar o teu trabalho.

Carreira e pressão estética

Juliana Silveira iniciou a trajetória na televisão na Globo, viveu período de dois anos na Band e atuou por alguns anos na Record. Ela crê que ter o controle de seus passos profissionais foi um trunfo para não ser obrigada a aceitar as imposições do mercado.

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É ter coragem de fazer o que a maioria não tem coragem. Em conversa de camarim com as minhas amigas, a maioria não tem coragem. Eu, em Malhação, via as meninas, a gente tinha entre 18 e 21, fazendo lipoaspiração da canela até a axila. Eu perguntava: 'por que você está fazendo isso?' e ouvi: 'tenho que estar num padrão'. Nos anos 2000, o padrão era uma coisa esquelética. As mulheres usavam calças abaixo da cintura.

Atriz detalha que não se rendeu a pressão estética para praticamente se tornar uma modelo para entrar no ar. "Eu ouvi muito que precisava colocar silicone, que precisava mexer na minha gengiva, porque o meu sorriso aparecia demais... Nunca ninguém falava pra gente sobre como lapidar o nosso talento. A gente era quase vista como uma modelo e eu falei: 'sou atriz e estou aqui pra aprender a interpretar'".

Tem uma coisa que a mulher muito bonita sofre é uma cobrança estética desde jovem. Eu falo: 'isso é pra tudo', isso é pra você negar personagem. Vão estar te dando um negócio que pra você naquele momento não é bacana dentro da tua trajetória. Só quem conhece a tua trajetória é você. Quem sabe onde você vai chegar. Eu sei quais são as minhas deficiências, quais são as minhas qualidades e o que eu preciso melhorar.

Autoconhecimento é fundamental para um ator ou atriz ter noção do que trabalhar e quais passos escolher para potencializar a carreira. "Você que tem que saber qual é o estilo que você quer fazer, se você quer série, se você quer comédia, se você quer terror, se você quer um texto mais elaborado, se você quer fazer Shakespeare no teatro. Você que tem que decidir isso por você. Não é o outro. Não é quem está de fora. Eu sempre pensei. Tenho essa carinha fofa, mas eu sou rebelde."

"Eu já não tô esperando mais nada"

Para 2025, Juliana Silveira planeja levar os shows de Floribella para as cidades de Recife, Fortaleza e Belo Horizonte. Além disso, ela vai gravar a segunda temporada da série Estranho Amor (AXN), aguarda resultado do teste para atuar em seu primeiro filme e fará a terceira temporada de Casa Amigas sobre turismo. A agenda de trabalho está cheia, mas nunca fechada para novas oportunidades.

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Tenho muita coisa pra desenvolver por aí. Se pintar uma novela ou uma série que eu não tô esperando, claro que vai ser super bem-vindo e vou agarrar a oportunidade com unhas e dentes e vou fazer da melhor forma possível. Mas eu já não tô esperando mais nada, sabe? Porque eu tô em movimento, eu mesma tô fazendo. Tô muito feliz com os meus projetos.

Na vida pessoal, a atriz se diz vivendo fase estável. Mãe de um jovem de 14 anos, ela decidiu não ter uma segunda criança e está celebrando 15 anos de casamento com o artista plástico João Vergara. "Sou super feliz e a gente vive super bem. Ele é um parceiraço e não me impede de nada. Ele é um parceiro mesmo que eu sempre sonhei em ter do lado. É um cara que admira esse meu lado empreendedor, que gosta de fazer negócio comigo, que gosta de me ver brilhar. Eu também adoro ver ele nos negócios dele. Tô num momento muito feliz. Eu não gosto nem de ficar falando muito."

Batalhei muito pra estar nesse momento. Eu entrei muito em crise. Os últimos seis anos foram muito difíceis pra mim profissionalmente. Posso dizer que eu comecei 2025 com o pé direito, com esse lance dos shows, e que foi uma vitória pra mim, porque entendi e materializei que eu realmente sou uma produtora também. Eu consigo produzir os meus sonhos.

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