Ser 'normal' é uma maldição no filme 'Um Homem Diferente'

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"Um Homem Diferente" leva ao extremo a ideia de que o maior sonho de uma pessoa pode se tornar um pesadelo. Edward tem o rosto muito deformado por uma doença e provoca repulsa por onde passa. Aceita se submeter a um tratamento revolucionário (sim, ecos de "A Substância") e passa a exibir um rosto bonito.
A primeira consequência negativa é que Edward deixa de ser o ator ideal para o personagem que sua vizinha dramaturga escreveu especialmente para ele. E quem assume o papel é Oswald, um homem que tem a mesma deformação. A essência do filme está na insatisfação de Edward com sua nova condição de "normalidade", e as consequências disso.
Sebastian Stan, que faz o herói Soldado Invernal na Marvel e interpretou Donald Trump em "O Aprendiz", tem um desempenho espetacular como Edward, sob pesada maquiagem no início da história, que deu a ele o Globo de Ouro. Quem interpreta Oswald é Adam Pearson, ator que tem realmente a deformidade do personagem. Um filme singular, corajoso e que provoca muita reflexão.
"Um Homem Diferente", 2024
Direção Aaron Schimberg
Elenco Sebastian Stan, Adam Pearson, Renate Reinsve
Classificação 16 anos
Onde Prime Video (Trailer)
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Nas entranhas do regime que gerou um genocídio
O longa é baseado na história real de três jornalistas franceses que foram cobrir o regime opressor de Pol Pot no Cambodja, em 1977. O período do tirano no poder provocou um genocídio com mais de 1,7 milhão de mortos. O filme começa com distanciamento da emoção e, depois, passa a ser eletrizante. Irène Jacob, musa do diretor Krzysztof Kieslowski em filmes dos anos 1990, continua muito bonita e é uma atriz impressionante. "Encontro com o Ditador", 2024 | Direção - Rithy Panh | Elenco - Irène Jacob, Grégoire Colin, Cyril Gueï | Classificação - 14 anos | Onde - AppleTV, Prime Video

Uma outra aventura para o ator de "Capitão América"
Anthony Mackie está agora nos cinemas como Capitão América, enfrentando o Hulk Vermelho em novo longa da Marvel. Aqui, o ator se sai muito bem numa espécie de terror sci-fi pós-apocalíptico ambientado nas montanhas. Ele se une a duas mulheres para enfrentar monstruosas criaturas. Filme de ação que não decepciona, com poucos clichês, tem no elenco a brasileira Morena Baccarin, de "Deadpool". "Elevation: A Linha da Extinção", 2024 | Direção - George Nolfi | Elenco - Anthony Mackie, Morena Baccarin, Maddie Hasson | Classificação - 14 anos | Onde - AppleTV, ClaroTV+, Max
O QUE ESTÁ BOMBANDO

"O Brutalista" é belo e ousado, mas qual é seu público?
A praticamente uma semana da entrega do Oscar, no dia 2 de março, os cinéfilos querem assistir a todos os indicados e avaliar para qual filme torcer na festa pela TV. "O Brutalista" ganhou o Globo de Ouro e é um dos favoritos, mas conferir a obra não é lá muito fácil.
Primeiro, as três horas e 40 minutos de exibição, isso contando um ridículo intervalo de 15 minutos, ao que parece necessário para o público "nutela" que vai às salas atualmente. E a história não é exatamente empolgante.
Um arquiteto húngaro foge para os EUA na Segunda Guerra Mundial. Ele é apadrinhado por um milionário, que facilita a vinda da mulher e da sobrinha do artista para a América. Então, ele aceita construir para o mecenas um monumento dedicado à mãe do ricaço. Mas as sequelas da guerra atormentam o arquiteto.
O diretor Brad Colbert faz a interessante opção de falar sobre um grande evento (a guerra) por uma peça marginal (o monumento). Uma proposta muito boa, bem realizada, mas nada pop. Difícil achar o público para "O Brutalista".
"O Brutalista", 2024
Direção Brady Colbert
Elenco Adrien Brody, Felicity Jones, Guy Pearce
Classificação 18 anos
Onde nos cinemas (Trailer)

FIQUE DE OLHO
Uma promissora reunião de comédia e ficção cientifica, a série começou a ter seus episódios disponibilizados na Netflix. A protagonista é Endo Kiyomi, mãe solteira que trabalha num hotel perto do monte Fuji. Ele encontra um alienígena, como se fosse a coisa mais natural do mundo, e, com problemas pessoais atrapalhando sua vida, pede ajuda ao extraterrestre para resolver suas questões. Um humor cínico, tipicamente japonês. 'The Hot Spot', 2025 | Criação - Itaru Mizuno, Bakarhythm | Elenco - Nikako Ichikawa, Akihiro Kakuta, Anne Suzuki | Classificação - 14 anos | Onde - Netflix

PARA MARATONAR
Eis a fórmula: série policial com protagonista mulher, filmada em um lugar não muito convencional. No caso, uma produção norueguesa que mostra a detetive Maja Angell discordando da solução fácil dada ao assassinato de uma jovem num vilarejo. Ela duvida da culpa do acusado e insiste em investigar mais. E o que ela descobre não é pouca coisa. A atriz Hanne Mathisen Haga segura muito bem no papel principal. 'Outlier', 2020 | Criação - Kristine Berg, Arne Berggren | Elenco - Hanne Mathison Haga, Erik Smith-Meyer, Stein Bjorn | Classificação - 16 anos | Onde - ClaroTV+, Prime Video
CLÁSSICO É SEMPRE CLÁSSICO...

Por que assistir a "Masculino-Feminino"?
A carreira de Jean-Luc Godard (1930-1922) é dividida em três partes. Até 1968, dirigiu e escreveu filmes divertidos, um tanto intelectualizados, mas sempre solares. Depois, até a metade dos anos 1980, realizou longas e curtas de teor comunista, sem brilho. Na fase final, passou três décadas destruindo qualquer noção de linguagem cinematográfica em obras às vezes incompreensíveis.
Para as gerações mais novas, é um cineasta chato. Mas, há 60 anos, ele se estabeleceu como um dos maiores de todos os tempos, com seus filmes graciosos e leves, como "Uma Mulher É uma Mulher" (1961) e "Viver a Vida" (1962). Mais uma chance de comprovar isso é ver "Masculino-Feminino".
Já mais carregado de recheio intelectual, ainda é um filme romântico que mostra um grupo de jovens se divertindo e discutindo sem parar música, sexo e política. Neste filme, Godard tomou emprestado Jean-Pierre Léaud, o ator favorito de seu amigo François Truffaut. E ele ajuda Godard a pintar um retrato da juventude dos anos 1960.
"Masculino-Feminino", 1966
Direção Jean-Luc Godard
Elenco Jean-Pierre Léaud, Chantal Goya, Marlène Jobert
Classificação 16 anos
Onde Mubi (Trailer)
Só em Splash!

Adrien Brody brilha em um drama colossal
A imagem que o arquiteto húngaro-judeu László Tóth vê ao desembarcar em Nova York, após sobreviver ao horror do Holocausto, é a Estátua da Liberdade. Mas não como símbolo imponente de esperança, mas o reflexo da desorientação eufórica de László: de cabeça para baixo, trêmula, uma visão turva do "sonho americano". Este conceito permeia cada momento de "O Brutalista". Em uma imersão que ele não demonstrava desde "O Pianista", papel que lhe rendeu o Oscar, Adrien Brody molda a complexidade de László no abismo insondável entre a fragilidade e a fúria.

Além do Oscar: filme brasileiro brilha em Berlim
Não é só "Ainda Estou Aqui" que vem ganhando a crítica internacional. Também não é apenas no Oscar 2025 que o Brasil disputa uma estatueta. O cinema nacional também é destaque no 75º Festival Internacional de Cinema de Berlim, que termina neste sábado (23). Ao todo, 13 filmes brasileiros marcam presença no evento, com destaque para "O Último Azul", de Gabriel Mascaro, que concorre ao principal prêmio do evento, o Urso de Ouro. O Brasil não tinha representantes neste prêmio desde 2020, quando concorreu com "Todos os Mortos" (Marco Dutra e Caetano Gotardo).

"Política me desanimou": Dan Stulbach e a fé
Dan Stulbach, 55, interpreta o pastor Philip Murdoch em "Fé Para o Impossível". O longa, que chega aos cinemas nesta quinta-feira (20), é baseado na história de Renee Murdoch. Em 2012, a americana foi atacada por um homem que vivia em situação de rua e ficou entre a vida e a morte. Diferentemente do personagem, que não deixa transparecer qualquer dúvida quanto à recuperação da esposa, o ator "sempre questionou a fé". "As mudanças que o Brasil teve, e as pessoas radicalizando e se fechando para a conversa e para o diferente", diz o ator.
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