Não é só no Oscar: filme brasileiro 'O Último Azul' é destaque em Berlim

Não é só "Ainda Estou Aqui" que vem ganhando a crítica internacional. Também não é apenas no Oscar 2025 que o Brasil disputa uma estatueta. O cinema nacional também é destaque no 75º Festival Internacional de Cinema de Berlim, que se encerra neste sábado (23).

Ao todo, 13 filmes brasileiros marcam presença no evento deste ano, incluindo "A Melhor Mãe do Mundo" (Anna Muylaert). "Um dos queridinhos do festival", avalia Vitor Búrigo no programa Plano Geral desta quarta-feira (19). "Anna sempre traz questões afetivas e familiares, e foi superelogiada nessa exibição", completa.

Outro destaque foi "Ato Noturno", de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon. O longa é um suspense erótico que acompanha o caso de um jovem ator e um político. "Foi muito bem recebido, ovacionado, todo mundo empolgadíssimo", afirma Búrigo.

A grande aposta, no entanto, é "O Último Azul", de Gabriel Mascaro, que concorre ao principal prêmio do evento, o Urso de Ouro. O Brasil não tinha representantes neste prêmio desde 2020, quando concorreu com "Todos os Mortos" (Marco Dutra e Caetano Gotardo).

Com Rodrigo Santoro e Adanilo, "O Último Azul" retrata um Brasil distópico em que uma mulher de 77 anos tenta realizar seu último desejo antes de ser exilada para uma colônia habitacional. "Gabriel Mascaro sempre traz assuntos que têm a ver com a nossa realidade", avalia Flávia Guerra. "Sou muito fã do cinema dele; acho um diretor interessante e que inova, arrisca e é muito atento".

Adanilo diz que o filme é sobre "empreender uma jornada", com cenas bonitas que retratam a região amazonense. "É um filme muito político, de como é envelhecer no Brasil (...) E como tentamos como cultura e país invalidar essas pessoas".

Amazonas vive 'boom' e ganha espaço no cinema

No ar em "Volta por Cima" (Globo), Adanilo esteve do Festival de Berlim para a disputa de "O Último Azul" pelo Urso de Ouro. Em entrevista ao Plano Geral, o ator indígena diz que o cinema brasileiro vive um momento importante, mas destaca o recorte regional do Amazonas, onde o filme se passa.

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Tem um sabor especial porque foi feito na minha casa, no Amazonas, com um monte de ator, atrizes e técnicos amazonenses. É um momento forte do cinema do Norte. E esse filme é um parceria do Norte e Nordeste [de onde é o diretor, Gabriel Mascaro].
Adanilo

O ator também destaca "Noites Alienígenas" (Sérgio de Carvalho), filme que estreou no Festival de Gramado em 2022 e funcionou como um "divisor de águas". "Foi o primeiro filme em que fiz um personagem que tem uma história diretamente ligada com os povos tradicionais da Amazônia", explica.

O ator chegou a voltar para Gramado em 2024, desta vez como diretor do curta-metragem "Castanho". "Estamos consolidando o cinema produzido na Amazônia como um dos maiores do nosso país e do mundo. Temos linguagem própria, investigamos coisas que só a gente sabe falar", diz.

Não é de uma hora pra outra que construímos a cena cultural de uma cidade. Tem muita coisa acontecendo há muito tempo. E, agora, sentimos esse 'boom', com o número de filmes amazonenses em festivais crescendo e atores amazonenses participando de grandes obras. Faz parte desse grande movimento de empoderamento de raças e gêneros dessas pessoas da Amazônia contemporânea.
Adanilo

'O Brutalista' pode levar prêmio de direção no Oscar

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Com o Oscar chegando, o filme "O Brutalista" se desponta como um dos grandes favoritos à estatueta na categoria melhor direção. O filme de Brady Corbet estreia nesta quinta-feira (20) nos cinemas brasileiros e narra o recomeço nos EUA de um arquiteto que foge da Europa pós-Segunda Guerra.

O filme já venceu o prêmio de direção no Bafta e no Festival Internacional de Cinema de Veneza deste ano. Agora, a corrida é pelo Oscar, premiação que ocorre em 3 de março. "Ele tem toda a chance de levar esse Oscar, sendo um ano atípico em que o melhor filme não ganha melhor direção", avalia Flávia Guerra.

Para Flávia, se tratar de um filme "extremamente autoral", com uma "assinatura peculiar" e que "só poderia ter saído da cabeça de Brady Corbet". "É um filme de autor, um projeto da cabeça dele, ousado. O filme tem muitas arestas: é regular, épico, cheio de grandiloquência. E é um longuíssimo filme —que tem até 14 minutos de intervalo—, como uma ópera", explica.

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