Sangue, urina e óleo para bebê: as 'festas' secretas promovidas por Diddy

Desde que P. Diddy, 55, foi preso, em setembro de 2024, uma série de documentários foram lançados, destrinchando o passado e as alegações contra o rapper. Ele é acusado de tráfico sexual, associação criminosa e extorsão.

Essas produções trazem relatos de violência, ameaças e abusos sexuais, além de detalhes das famosas "festas" promovidas pelo músico. Em entrevista para Splash, Emma Schwartz e Yoruba Richen, diretoras de "A Queda de P. Diddy", contam o que descobriram sobre esses eventos, além de bastidores da produção do documentário.

Entre as muitas acusações, chamaram a atenção do público as "festas" promovidas por Diddy. Ele já era conhecido pelas "festas do branco", grandes eventos que tinham entre seus convidados outros artistas e celebridades, mas as acusações revelaram que ele também promovia eventos mais discretos, os "freak-offs" e as "wild king nights".

As "festas do branco" eram eventos mais públicos, com cobertura da imprensa e grandes celebridades. "As 'festas do branco', onde todos estavam, tinham toda a pompa e circunstância, enquanto as outras eram eventos menores, mais intimistas, que ele orquestrava", explica Yoruba Richen.

Os 'freak-offs' e 'wild king nights' eram pequenos. Tinha poucas pessoas ali. Aconteciam, geralmente, em hotéis e eram organizados. Segundo o [assistente] Phil Pines, não eram cheios de celebridades. Há uma dissonância entre o que o público entendeu e o que descobrimos falando com as pessoas mais próximas [de Diddy].
Yoruba Richen

Cassie Ventura, ex-namorada de Diddy, afirmou que foi coagida pelo músico a participar dos "freak-offs". Ela afirmou que era obrigada por Diddy a se relacionar com garotos de programa nesses eventos e que usava drogas, porque assim "podia dissociar durante essas situações horríveis". Entre as substâncias oferecidas por Diddy estavam ecstasy, cocaína, cetamina, maconha, álcool e GHB, conhecida como a "droga do estupro". Ela também era agredida e filmada por Diddy nessas ocasiões.

Um assistente de Diddy afirma ter sido encarregado de organizar as "wild king nights" (ou "noites selvagens do rei"). Phil Pines conta que a lista de compras para essas festas, similares aos "freak-offs", era extensa: incluía ansiolíticos, cetamina, maconha, óleo para bebê, cogumelos, Viagra e lubrificantes.

Ele também precisava limpar os quartos de hotel após os eventos, para evitar cobranças a Diddy. "Chegando lá, você via o estrago. As manchas, as camisinhas usadas, o óleo para bebê, lubrificante escorrendo pela garrafa. Cacos de vidro, urina, sangue, manchas na mobília", diz Pines, no documentário.

Sem brincadeira, dava para escorregar porque tinha óleo para bebê por todo o chão. [...] O cheiro desse óleo [é um gatilho] agora.
Phil Pines

Continua após a publicidade

Pines também diz que foi coagido a transar com uma mulher em uma dessas festas. Diddy disse que o assistente precisava "provar sua lealdade ao rei" e transar com outra convidada. Ele diz que aceitou para evitar represálias, mas interrompeu o ato com a jovem quando o rapper se afastou.

Por que celebridades não falam sobre o caso?

As celebridades que cercavam Diddy hesitam em falar para proteger suas imagens, diz Schwartz. "Nós procuramos muitas pessoas, muitos grandes nomes. Acho que quando você chega a esse nível, há várias pessoas ao seu redor tentando proteger sua imagem. Mesmo que você não tenha nada ruim ou bom para dizer, às vezes as pessoas sentem que é mais seguro ficar em silêncio, especialmente quando vivem de sua imagem e de suas marcas."

As pessoas podem ser de um jeito em público e totalmente diferentes na vida particular. [...] Ele podia ser charmoso, um curador cultural incrível, mas havia outro lado cheio de violência, agressões, medo e intimidação.
Yoruba Richen

Ainda assim, pessoas do círculo de Diddy decidiram contar suas histórias no documentário. Além de Phil Pines, a produção também traz depoimentos de Kat Pasion, ex-namorada de Diddy; Thalia Graves, ex-namorada de um amigo do rapper; Lil Rod, produtor; além de amigos e ex-colegas do músico.

Os avanços do caso encorajaram mais pessoas a se manifestarem, porque elas querem ser parte da responsabilização [de Diddy]. [...] Elas querem responsabilizar esse homem e contar suas histórias pela primeira vez.
Yoruba Richen

Continua após a publicidade

Em nota à imprensa internacional, a defesa de Diddy diz que todas as acusações são "fictícias". "Esses documentários estão correndo para faturar em cima do circo midiático em torno do sr. Combs. Os produtores não providenciaram detalhes suficientes para que a defesa se manifestasse sobre essas acusações sem fundamento."

Todos os episódios de "A Queda de Diddy" estão disponíveis na plataforma de streaming Max.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.