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Oruam analisa lei contra funk com apologia ao crime: 'Virei pauta política'

Oruam, 25, comentou o projeto de lei protocolado pela vereadora Amanda Vettorazzo (União Brasil) na Câmara Municipal de São Paulo. A proposta foi batizada de "PL anti-Oruam", em referência ao rapper do Rio de Janeiro.

Ele é filho de Marcinho VP, líder do Comando Vermelho que foi preso em 1996, fugiu e foi recapturado no ano 2000.

O que aconteceu

O funkeiro disse que os parlamentares encontraram a "oportunidade perfeita" para criminalizar o funk, quando um filho de traficante faz sucesso. "Virei pauta política, mas o que vocês não entendem é que a lei anti-Oruam não ataca só o Oruam, mas todos", disse no X.

Quem é Oruam?

Mauro Davi dos Santos Nepomuceno, conhecido artisticamente como Oruam, nasceu em 2001, no Rio de Janeiro. Ele é um dos principais nomes do trap nacional e acumula mais de 10 milhões de ouvintes mensais no Spotify, e suas músicas são relacionadas ao cotidiano de guetos e comunidades.

Oruam começou a se destacar no cenário do trap em 2021, quando lançou a música "Invejoso", ao lado de Chefin, Jhowzin e Raffé. A faixa viralizou nas plataformas digitais e abriu caminho para sua consolidação no gênero. No ano seguinte, ele participou de "Poesia Acústica 13", um dos projetos mais influentes do rap nacional, e, em 2023, esteve no álbum "VILÃ", de Ludmilla, na faixa "Malvadona".

O sucesso levou Oruam a assinar contrato com a gravadora Mainstreet Records, criada por Orochi, e a colaborar com grandes nomes do trap e do funk, como MC Ryan SP, MC Daniel e Xamã. Seu repertório inclui hits como: "Oh Garota Eu Quero Você Só Pra Mim", "Terra Prometida", que ganhou uma versão especial com João Gomes, "Rolê na Favela de Nave" e "Para de Mentir".

Oruam é filho de Marcinho VP, apontado como líder do Comando Vermelho e preso desde 1996. O rapper nunca conviveu com o pai, mas já declarou publicamente sua admiração por ele. No Lollapalooza 2024, subiu ao palco usando uma camisa com a imagem do traficante e pediu sua liberdade. Além disso, ele tatuou o rosto do pai no peito e também o de Elias Maluco, condenado pela morte do jornalista Tim Lopes, na barriga.

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Em entrevistas e nas redes sociais, Oruam defende que a prisão do pai já dura tempo suficiente e rebate críticas sobre sua relação com ele. Em uma publicação, afirmou: "30 anos que tiraram você de nós, olha onde nós chegamos, pai. Quero ser igual a você quando eu crescer".

Oruam também se destaca pelo estilo de vida ostentador, compartilhando imagens de carros de luxo e mansões. Ele já foi visto com um veículo avaliado em R$ 2,6 milhões e costuma exibir sua rotina extravagante nas redes sociais.

Outro símbolo de sua ostentação foi a compra de um gato da raça Savannah F1, considerado um dos mais caros do mundo. O felino, que pode custar até R$ 120 mil, se alimenta exclusivamente de presas frescas abatidas e tem genética selvagem, sendo descendente do serval africano.

O PL "anti-Oruam"

A proposta busca impedir que artistas cujas letras abordem temas relacionados ao crime organizado e ao consumo de drogas se apresentem em eventos financiados pelo poder público. A medida também chegou ao Congresso, com projetos apresentados pelo deputado Kim Kataguiri (União Brasil-SP) e pelo senador Cleitinho (Republicanos-MG), ambos afirmando que Oruam se tornou um símbolo de artistas que "promovem o crime".

O projeto de lei gerou reação no meio artístico e entre ativistas culturais. Parlamentares da oposição afirmam que a medida é uma "retaliação" contra expressões culturais da periferia, como o rap e o funk. Para a deputada Ediane Maria (PSOL), coordenadora da Frente Parlamentar do Funk na Assembleia Legislativa de São Paulo, a ofensiva contra Oruam e outros artistas é uma forma de criminalizar a cultura periférica.

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Vettorazzo, autora do projeto original, rebate as críticas. A vereadora criou um site com o nome e fotos de Oruam para incentivar a replicação da proposta em outras cidades. Ela argumenta que as letras do rapper "abriram as porteiras" para que mais artistas exaltassem criminosos em suas músicas.

Críticos da iniciativa afirmam que a proposta viola a liberdade de expressão e pode abrir um precedente para a censura cultural. Especialistas jurídicos, como o advogado Danilo Cymrot, doutor em Direito pela USP, consideram que impedir preventivamente a contratação de um artista com base na suposição de que sua música faz apologia ao crime é inconstitucional.

*Com matérias publicadas em 10/02/2025, 08/06/2024 e 24/03/2025.

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