Miss Brasil dispensa estaduais, tem misses biônicas e ausência de 3 estados

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O Miss Universe Brasil 2025 tem final marcada para a noite desta quinta-feira (13) e, pela primeira vez, terá apenas candidatas aclamadas, sem concursos estaduais para escolher as representantes de cada estado. Além disso, três unidades da federação não participarão.
O que aconteceu
O concurso, que tem novo licenciado desde 2024, dispensou a realização de disputas estaduais. Com isso, todas as 24 competidoras foram aclamadas, ou seja, escolhidas pelas organizações regionais com base em concursos anteriores, de outros estados ou afins.
Essa é a primeira vez que o concurso nacional acontece com todas as competidoras escolhidas dessa forma em quantidade de candidatas — na pandemia, a escolhida de 2020 foi sem concurso presencial. A reportagem de Splash entrou em contato com sete das 24 coordenações estaduais para comentar as suas escolhas e critérios de seleção, mas nenhuma respondeu até o momento desta publicação.
Não existe uma regra que proíba essa prática, porém ela divide opiniões de jurados e fãs. "Todas as fichas são apostadas nela [na nomeada]. Se ganha ou vai bem é sensacional, mas se perde é péssimo, todo mundo vai apontar quais outras poderiam ter sido indicadas", afirma Elaine Cristina, missóloga e diretora do Concurso Belezas do Brasil, que também destacou nunca ter visto todas as competidoras de um concurso serem escolhidas dessa forma.
Uma das possíveis razões para a aclamação no lugar de concursos é o tempo curto para a seleção. "Isso só é permitido quando não há tempo devido a uma mudança de datas do concurso", aponta o historiador de concursos de beleza venezuelano Julio Rodriguez Matute.
O último Miss Universe Brasil foi realizado em setembro passado, há apenas 5 meses. "A decisão sobre as aclamações recai exclusivamente sobre o diretor estadual e eles escolheram a candidata que poderia atender aos requisitos exigidos pela organização nacional. Vale ressaltar que a antecipação das datas do Miss Brasil foi anunciada há poucas semanas".
Ao anunciar a data do concurso, em dezembro do ano passado, o Miss Universe Brasil disse que o tempo é o "maior aliado" das competidoras, ao explicar a antecipação do concurso para a primeira quinzena de fevereiro. A justificativa foi antecipar a preparação para o Miss Universo 2025, em novembro na Tailândia
A Organização Miss Universe Brasil tem como propósito conquistar a 3° coroa do Miss Universe, o maior palco de celebração e empoderamento feminino do mundo. Sabemos que a excelência é construída com tempo, dedicação e uma preparação cuidadosa.
Organização do Miss Universe Brasil na época do anúncio

Alguns estados optaram também por misses biônicas, termo usado quando a mulher nascida em um estado é aclamada para representar outro. "Isso já aconteceu diversas vezes durante a história do Miss Brasil, um grande exemplo foi em 2003 quando Gislaine Ferreira disputou e não ganhou o Miss Minas Gerais e então foi indicada pelo Tocantins e no concurso nacional levou o título", recorda Izabela Garcia, missóloga administradora da página Voz de Miss.
Além disso, três estados não escolheram representantes e ficarão fora do concurso nacional, são eles: Rio de Janeiro, Distrito Federal e Roraima. A organização nacional não informou o motivo da ausência. O Miss Roraima está com inscrições para seu concurso de 2025.
Oportunidade de nova chance
A aclamação de uma miss deve seguir critérios definidos pela organização nacional. Em janeiro, o Miss Espírito Santo afirmou que a escolha da candidata Ana Carolina Ceolin Comério respeitou o resultado do último concurso (de 2024), em que ela ficou em segundo lugar. Segundo comunicado, a decisão de honrar o último concurso na aclamação "valoriza o mérito e reconhece o excelente trabalho das coordenações municipais e suas misses".
Apesar da aclamação de Ana Carolina, o Miss ES do próximo ano já tem data: será realizado em julho de 2025. "A vencedora desta edição representará o Espírito Santo no Miss Universe Brasil 2026, administrando um tempo maior de preparação para o nacional. Esta decisão não afetará o fluxo de trabalho dos concursos municipais organizados pelos coordenadores municipais credenciados", informa comunicado.

Elaine Cristina diz não ver problema em aclamar candidatas, principalmente se levada em consideração a adequação de calendário. "Eu vejo mais [problemas] em concursos de resultados escusos ou resultados duvidosos do que de uma aclamação direta, sobretudo de misses que têm potencial", afirma.
Izabela Garcia pontua que a preparação da miss demanda um longo período e muito investimento financeiro. "Caso a candidata não tenha como arcar com os custos, fica realmente difícil participar. Muitas conseguem parcerias e patrocinadores, porém, se não houver tempo hábil para buscar ajuda, a participação se torna inviável e a indicação de uma candidata que preencha os requisitos acaba sendo feita. E, infelizmente, não temos como garantir que a melhor foi eleita nesse caso."
Escolher uma representante direta também possibilita maior diversidade no concurso, como a atual representante mais velha na competição em toda história do concurso. "A Miss Rondônia é uma modelo grisalha [de 51 anos]. Se houvesse um concurso, a chance dela ganhar seria menor", avalia Elaine. "A aclamação possibilita um grupo mais diverso. É uma coisa boa. Obviamente, que isso não [deve] acontecer sempre, mas para ajuste de calendário é super válido."

Nem sempre um júri escolhe a melhor, tem vários exemplos aí, e eu não estou falando de idoneidade. O júri pode não ser gabaritado para tal, às vezes as opiniões divergem. Quantas e quantas misses passaram pelo Miss Universo e não venceram? E na nossa concepção eram as melhores. Então nem sempre a miss eleita por um júri é a melhor. O conceito de melhor e pior é subjetivo. Sempre vai haver divergências.
Elaine Cristina, missóloga e diretora do Concurso Belezas do Brasil
Das candidatas na final
Ao todo, 24 mulheres representarão faixas estaduais na final desta quinta-feira. Muitas já tinham participado de concursos anteriormente, inclusive do Miss Brasil, como é o caso das representantes do Piauí, Gabriela Lacerda (Top 2 no Miss Brasil 2021); de Sergipe, Saiury Carvalho (Top 5 no Miss Brasil 2017); e Goiás, Thaynara Fernandes (Top 10 no Miss Brasil 2015).
Seis delas não nasceram em seus estados de representação e são misses biônicas. Bruna Ramos Del Nero (Miss Ceará) nasceu em Mogi das Cruzes, na Grande SP; Caroline Fernandes (Miss Amapá) é nascida em Brasília; Cristina Leite (Miss Rondônia) em São Paulo; Érica Cássia (Miss Mato Grosso do Sul), em Nova Odessa, no interior de SP; e Laila Marian (Miss Paraíba) nasceu em Natal.
Pelo menos três têm experiência em concursos internacionais: Regiane Meire, Miss Rio Grande do Norte, representou o Brasil no Miss Aura International 2020 na Turquia; Karol Morais, Miss São Paulo, foi Miss Brasil no Miss Asia Global 2019 na Índia; e Paula Assunção já representou o Brasil no Miss Eco International 2023, no Egito (Top 11), e no Miss Planet International 2024, no Camboja (Top 18).
A atual Miss Brasil, Luana Cavalcante, é incerta na coroação de sua sucessora. Uma fonte próxima afirmou que ela não recebeu convite até a noite de terça-feira (11). Splash procurou a organização do Miss Universe Brasil e seu CEO Gerson Antonelli para saber se algum convite havia sido feito, e também não houve resposta. O espaço segue aberto.
Veja as candidatas do Miss Brasil 2025
























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