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BBB 25: Atitude de Diogo ao indicar Aline vai além do certo e errado

Domingão à noite e, que dureza, Aline experimentou o amargo sabor da frustração depois de criar expectativas em relação a Diogo, com quem havia iniciado o primeiro romance do BBB 25. Na segunda-feira (3), classificou o ator como a última pessoa com quem formaria uma dupla no programa, durante o Sincerão. Ele, porém, fez o oposto: escolhe a jogadora como a pessoa com quem ele formaria uma nova dupla.

Para quem perdeu, muito resumidamente, eu conto: Diogo teve a oportunidade de proteger Aline de ir para o paredão, mas escolheu defender outra dupla, os gêmeos João Gabriel e João Pedro. Aline só não caiu no paredão porque ganhou prova bate e volta.

Após o paredão, Aline foi prática e disse a Diogo o que parecia óbvio, algo como: se você colocou a gente no paredão, você prefere que a gente saia (em relação aos gêmeos). Ela poderia ter escolhido acreditar nas justificativas do namorado que negavam esse fato, mas preferiu ser pragmática.

Em algum momento, ela pode compreender as razões de Diogo para não ter sido escolhida como a prioridade dele naquele momento, mas não estará fazendo isso em cima de uma idealização.

Se Diogo agiu bem ou mal, pouco importa - e nem é possível classificar a atitude dele com tanta simplicidade. O que a gente precisa ter em mente é que não se tem controle sobre o outro, mas é possível ter algum controle sobre si próprio. O filósofo Jean-Paul Sartre disse: "O importante não é aquilo que fazem de nós, mas o que nós mesmos fazemos do que os outros fizeram de nós".

As expectativas que depositamos sobre o outro são uma projeção do nosso próprio desejo. Há uma profunda vontade de encontrar numa pessoa as qualidades que almejamos, o que, muitas vezes, nos impede de enxergar como uma pessoa realmente é.

Quando o indivíduo escolhe se apegar à realidade, e não ao ideal construído sobre o outro, que não é real, pode até não ser a escolha mais fácil imediatamente, mas evitará sofrimento no futuro.

Por que não é a escolha mais fácil? Quando estamos apaixonados e um conflito surge, a maneira que parece mais rápida de aplacar a dor é escolher acreditar nas justificativas do outro e seguir em frente com a relação, sem ponderar se é possível, de verdade, conviver pacificamente com o sofrimento infligido a nós.

O outro caminho possível não é, necessariamente, encerrar o romance ou nem cogitar a possibilidade de perdoar o que classificamos como um erro cometido. Nada disso! Mas estabelecer um diálogo honesto, ambos baseados no que aconteceu de concreto e nas motivações objetivas e subjetivas que levaram o outro a agir como agiu.

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Diogo escolheu, naquele momento e sob pressão, se manter fiel ao objetivo que tinha em mente: proteger pessoas pelas quais ele também nutre afeto (os gêmeos) e seu senso de justiça (não colocar no paredão uma dupla que já havia experimentado sofrimento demais, na cabeça dele, Vitória e Mateus).

Aline se frustrou, mas também admitiu que não havia feito nenhum combinado com Diogo sobre um proteger o outro. Mas, de acordo com as qualidades que ela valoriza, esperava em Diogo a proteção que sonhava receber de um par amoroso - e, teoricamente, ofereceria a ele se a situação fosse inversa.

Em situações como essa, é natural que se estabeleça uma transferência, onde projetamos no outro experiências que já trazemos em nossa trajetória, de relacionamentos amorosos anteriores, familiares, amigos, o que faz com que a dor pelas frustrações seja ainda mais intensa.

Diante de conflitos dessa natureza, é muito simplista tentar classificar uma pessoa como certa ou errada. E nem vem ao caso. O importante, mesmo, é ser honesto consigo mesmo e se perguntar: é possível conviver bem com o sofrimento de não ter tido expectativas atendidas e seguir em frente com essa relação?

*Vladimir Maluf é psicanalista clínico formado pelo CEP (Centro de Estudos Psicanalíticos), em São Paulo, jornalista e estrategista de conteúdo digital com passagens pelo UOL, Terra, Globo.com e iG e consultor sobre diversidade e produção de conteúdo digital. Ganhou o Prêmio UOL na categoria "Melhor Conteúdo" em 2020.
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