Diretor de 'Emilia Pérez' pede desculpas após críticas: 'Não é realista'

O diretor do musical "Emilia Pérez", Jacques Audiard, pediu desculpas após uma onda de críticas pela forma que representou o México e um processo de transição de gênero.
Em entrevista à CNN, Audiard disse que obra era uma ópera e que, portanto, não é realista.
O que aconteceu
Audiard pediu desculpas aos mexicanos. "Mas, se há coisas que são escandalosas aos mexicanos em Emília, eu peço desculpas. Eu não estou tentando trazer respostas. O cinema não traz respostas, o cinema traz perguntas. Talvez as perguntas que trazemos em Emília são incorretas, talvez. A mim me pareceram interessantes."
O diretor disse que obra não é realista. "A forma que escolhi tratar esse filme é como ópera. Na ópera, uma parte não é realista."
O longa trata a história do cartel no México de forma romantizada, segundo críticas. O filme conta a história de Rita, uma advogada a serviço de uma grande empresa que está mais interessada em ganhar dinheiro inocentando criminosos do que em servir à Justiça. Ela é contratada para auxiliar o líder fugitivo de um cartel de drogas mexicano, Manitas, que quer abandonar os negócios e passar por uma cirurgia de redesignação sexual, para afirmar o gênero com o qual se identifica e mudar de vida.
Uma das críticas foi que o filme fala sobre o México sem atrizes e atores mexicanos. Há apenas uma única atriz mexicana da produção: Adriana Paz. Ela faz um papel secundário e sequer foi escolhida para concorrer nas premiações.
A produção chegou a justificar a escolha dizendo que não encontraram atrizes na América Latina. "As atrizes escolhidas eram melhores para os papeis", disse a diretora de elenco Carla Hool em entrevista ao SAG-Foundation. "Audiard olhou para todas igualmente. Ele não estava dizendo que queria uma atriz de renome. Ele só queria a melhor atriz para o papel. E acabaram sendo Selena Gomez e Zoe Saldaña"
Selena Gomez também foi duramente criticada pelo "descuido" com o idioma. Ela se defendeu e disse que teve apenas alguns meses para se preparar para o papel e para falar em espanhol. "Sinto muito por fazer o melhor que pude com o tempo que me foi dado. Isso não diminui o quanto trabalhei e coloquei o coração nesse filme", comentou em um vídeo que a criticava.
Outro tópico que desagradou bastante foi a representatividade. Segundo a Aliança Gay e Lésbica Contra a Difamação (GLAAD), "Emilia Pérez" não tem uma boa representação transgênero, ao propagar estereótipos da comunidade ao reciclar os estereótipos e clichês, apesar de ter como protagonista uma atriz trans: Karla Sofía Gascón. "É um retrocesso para a representação trans", disseram.
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