Fantástico e grotesco: Novo filme de Anna Muylaert expõe dores femininas

Anna Muylaert volta às telonas com "O Clube das Mulheres de Negócios", que estreou na quinta passada (28). Em seu novo trabalho, a diretora explora o silêncio e as dores das mulheres em uma narrativa que mistura o fantástico e o grotesco para desconstruir dinâmicas de poder.

No filme, os papéis de gênero são invertidos em um mundo fictício onde o patriarcado entra em colapso. Nesse cenário, mulheres assumem posições de comando enquanto os homens são educados para a submissão. "É um ambiente tóxico, mas com os gêneros trocados nas dinâmicas de poder", explica Flavia Guerra, destacando o impacto visual e emocional da obra.

Anna Muylaert explica que o filme surge em um momento de fortalecimento das pautas identitárias femininas, mas também de reações contrárias a elas.

Vivemos em um momento do mundo em que as pautas identitárias da mulher estão se fortalecendo, e as reações a elas também. Esse é um filme que nasce nesse contexto e tem uma revolta em seu DNA. Anna Muylaert

Para a diretora, a obra trata de feridas sociais profundas, como a violência sexual e o silenciamento das mulheres. "A violência sexual é uma dor, e não poder falar sobre ou ser silenciada é uma dor tão grande quanto", avalia.

Filme divide opiniões

A narrativa ousada de "O Clube das Mulheres de Negócios" já provoca reações diversas. Segundo Muylaert, a obra gera interpretações polarizadas, indo de elogios à genialidade às críticas por ser uma "piada de uma nota só".

O filme é incômodo e causa opiniões divididas. Tem quem ache um filme genial, com muitas camadas, e quem ache um filme simples de uma piada só. Anna Muylaert

A recepção em sala de cinema também tem sido mista, com risadas em momentos cômicos e em cenas tensas. "É um filme que quis botar o dedo na ferida", avalia Muylaert.

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