Chico Barney: como resolver o mal que o futebol faz para a Globo
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Não me leve a mal, eu adoro futebol. Entre os esportes televisionados atualmente, acredito que seja um dos 20 ou 30 mais divertidos. Cai um pouco no ranking quando começam as Olimpíadas, mas tergiverso.
De qualquer forma, gosto mesmo é de novela e reality show. Cresci durante uma fase difícil do Avaí, então me faltaram referências próximas e instigantes no ludopédio, ao mesmo tempo, em que florescia o ápice da produção teledramaturgia nacional e o mundo cão ganhava contornos tecnológicos e interativos com No Limite, Casa dos Artistas e afins.
Há anos defendo o fim do futebol na TV aberta. Não por odiá-lo, como já expliquei nas linhas acima. Mas por amar e respeitar minha rotina. Os campeonatos transmitidos às quartas-feiras na Globo arruínam completamente a fluência da semana. O Jornal Nacional começa meia hora mais cedo, a novela é mais curta, o reality tem a duração de um combo de stories.
Fiquei consternado ao saber que essa semana meus chackras seriam desalinhados não apenas uma vez, como é praxe, mas duas. E na terça e na quinta, em vez da quarta, para piorar tudo. É como viver com jet lag. Deixa o ciclo cicardiano todo bagunçado. Vai além de um mero problema de grade de programação da Globo: não sou especialista, mas pode ser até uma questão de saúde pública.
A falta de previsibilidade em televisão pode ser fatal. Com uma audiência cada vez menos confiável, brincar com o horário das pessoas pode ser fatal. Estrela da Casa foi bastante prejudicado nesse sentido. Mania de Você, novela que estreou na segunda-feira e já terá enfrentado duas lombadas dessa estirpe em quatro dias, vai por um caminho ainda pior.
Mas escrevo tudo isso para dizer que a minha solução anterior, de banir o futebol da TV aberta, talvez não fosse a mais inteligente. Os números de audiência, o engajamento nas redes e o ávido incentivo dos patrocinadores comprovam que seria uma irresponsabilidade grande manejar o problema dessa forma.
Minha proposta para resolver o mal que o futebol faz à Globo atualmente é outro: e se tivesse futebol todo santo dia na grade da emissora? De segunda a sábado. Jogo não falta. Campeonato tem bastante. A única premissa necessária é que seja sempre no mesmo maldito horário. Para que novelas, realities e telejornais possam se adequar, assim como o cortisol do confuso telespectador.
Falta treta no Estrela da Casa
Sigo gostando muito do Estrela da Casa, o adorável reality ornitorrinco que mistura convivência a la BBB e competição musical estilo The Voice. Mas algo precisa acontecer para que o programa repercuta mais.
Desta feita, sinto que falta conflito e tensão. Acompanhamos muito passivamente o desenrolar das histórias, sem que haja um pulso firme guiando a criação de intrigas e conchavos.
A própria Globo investe pouco na narrativa dos participantes e suas interações no programa que vai ao ar na TV aberta. Creio que isso impede uma identificação maior do público.
Seria de bom alvitre um jogo da discórdia ou coisa que o valha nessas semanas que restam. Chamar o adversário de desafinado, dizer quem vai flopar nos charts, acusar alguém de parecer calouro do programa da Fadinha do Brasil.
Como costumo dizer nesse espaço, já não basta mais apenas existir! É preciso comover as pessoas. O povo brasileiro merece ter o Estrela da Casa na pauta do dia, e para essa chave girar é necessário agir.
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