Da gastronomia ao true crime: confira 5 dicas de livro para o fim de semana
O final de semana chegou e nada melhor do que curtir a companhia de um bom livro. O colunista Rodrigo Casarin e as repórteres Fernanda Talarico e Luiza Stevanatto, de Splash, oferecem cinco dicas de leitura que vão de temas leves, como a gastronomia e a enofilia, a gêneros mais intensos, como o true crime e o terror.
"As aventuras da China Iron", de Gabriela Cabezón Cámara (Moinhos, tradução de Silvia Massimini Felix)
Rodrigo Casarin - Uma moça mestiça que, ao lado de sua cadelinha, escapa do marido e encontra uma mulher inglesa. Juntas, cruzam o pampa argentino em direção do rio Paraná. Nesse périplo, se entregam ao amor, lidam com a natureza no entorno e constatam tudo aquilo que o homem pode provocar.
É de uma beleza rara esse romance que fez a argentina Gabriela Cabezón Cámara ser festejada não apenas em seu país. A obra é uma espécie de resposta ou contraponto a "Martín Fierro", de José Hernández, poema fundador da literatura dos nossos vizinhos. Fica o aviso: dá para ler perfeitamente Gabriela sem ter intimidade com José.
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Fernanda Talarico - "A Sangue Frio", de Truman Capote
Para os amantes de true crime, "A Sangue Frio" é um daqueles livros que precisam ser lidos. Escrito por Truman Capote, a obra considerada pioneira do jornalismo literário conta a história real do assassinato de quatro membros da família Clutter em Holcomb, Kansas, em 1959. O título acompanha a investigação do crime e o julgamento dos dois assassinos, Perry Smith e Richard Hickock.
Capote passou seis anos pesquisando o caso e entrevistando pessoas próximas às vítimas e aos assassinos. O resultado é este relato detalhado e envolvente que captura a essência do crime e seus efeitos devastadores para os habitantes de Holcomb.
"A Sangue Frio" é um livro poderoso e perturbador que explora a natureza do mal e as profundezas da depravação humana.
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Rodrigo Casarin - "Cork Dork: Loucos por Vinho", de Bianca Bosker (Sesi-SP, tradução de Eric Heneault)
Durante um jantar, após ouvir os planos de um sommelier, que a jornalista Bianca Bosker ficou encasquetada: como poderia existir um campeonato para avaliar as pessoas que servem vinhos? Foi o ponto de partida para mergulhar num universo que até então desconhecia.
"Cork Dork" é o relato do tempo em que Bianca passou metida entre fanáticos pela bebida. Gente que lhe ensinou a cuspir da forma correta e a aproveitar o melhor que um grande vinho pode oferecer - nem que para isso tenha que, se for o caso, prová-lo durante o sexo. Apresenta essa história pessoal com um texto fluído, leve, com boas pitadas de humor e agradáveis doses de ironia.
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"Cozinha Confidencial", de Anthony Bourdain
Luiza Stevanatto - Anthony Bourdain partiu em 2018, mas deixou de herança uma rica obra sobre comida e cultura. É possível que você conheça o chef americano da TV, por programas como "Lugares Desconhecidos" e "Fazendo Escala" (CNN). Esses programas, porém, só existiram porque, em 2000, Bourdain lançou o best-seller "Cozinha Confidencial".
O trunfo aqui é a sinceridade: Bourdain conta o lado pouco glamouroso da profissão e revela bastidores e truques dos restaurantes de forma perspicaz e bem-humorada. Posso adiantar um dos segredos: segundo o autor, é prática comum servir reciclar os pães da cestinha de couvert.
Se você não comeu os seus, eles podem ser passados adiante para outro freguês. Ele também dá dicas, e uma delas é passar longe de restaurantes com banheiros sujos: se o banheiro, que está exposto, é assim, imagine a cozinha? O livro se torna ainda mais ousado porque, à época, Bourdain era chef de um dos bistrôs mais badalados de Nova York.
"Cozinha Confidencial" não serve apenas boas histórias sobre as cozinhas pelas quais o cozinheiro passou. É também um mergulho na mente complexa, cheia de vícios, mas sempre brilhante de Anthony Bourdain.
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"Gótico Nordestino", de Cristhiano Aguiar (Companhia das Letras)
Rodrigo Casarin - O paraibano Cristhiano Aguiar faz uma mistura de traços da literatura de terror com elementos da tradição brasileira e da cultura pop nos nove contos que compõem essa coletânea. É um horror que se mescla ao Brasil do cangaço, da ditadura e dos nossos dramas mais recentes.
Com esse livro, Cristhiano Aguiar se estabeleceu como um possível elo entre a produção brasileira contemporânea e o que há de mais interessante na literatura do resto do continente, marcada pelo insólito em obras de gente como a argentina Mariana Enriquez e a equatoriana Mónica Ojeda. "Gótico Nordestino" valeu ao autor um dos prêmios da Biblioteca Nacional em 2022.
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