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Mallandro perdeu fortuna nos anos 80 e voltou com pegadinhas: 'Comprei BMW'

Quem vê Sérgio Mallandro, 68, aos risos fazendo os clássicos jargões "Rá", "Glu-glu" e "Yeah yeah" nem imagina que o humorista passou por maus bocados. Ele faliu na década de 90 após grande sucesso na TV, cinema e música, precisou se reinventar para dar a volta por cima e agora conta esta parcela de sua história no longa "Mallandro - O Errado Que Deu Certo".

Em entrevista para Splash, o humorista detalha a ideia do filme, exalta a participação de amigos no projeto — como a apresentadora Xuxa Meneghel e o ex-jogador Zico — e declara que venceu por saber que não podia desistir da vida.

Objetivo é pra mostrar pras pessoas não desistirem do que realmente acredita. Teve um momento da vida, em 1996, que, quebrado, comecei a fazer show no interior do interior, mas não desistia. Não perdi a minha essência porque perdi tudo.
Sérgio Mallandro

"Não tinha problema nenhum"

Sérgio Mallandro conquistou uma fortuna entre a década de 80 e 90 com os trabalhos em SBT e Globo e lançamentos de discos e filmes — como o campeão de bilheteria "Lua de Cristal", com Xuxa. De 1996 a 1999, ele, no entanto, viu todo o patrimônio ruir após sair da TV, perdeu imóveis e carros e topou até atuar como animador de festa para sustentar os dois filhos.

Mallandro se veste de príncipe como em Lua de Cristal
Mallandro se veste de príncipe como em Lua de Cristal Imagem: Divulgação

Você pode perder tudo. Agora, sua essência, que está dentro de você, ninguém pode tirar. Quis mostrar que, às vezes, você está vivendo um momento como esse e não pode desistir, porque existem problemas e obstáculos.

Recolhimento de carro por oficial de Justiça marcou a vida do Mallandro. "Oficial falou: 'Poxa, você é o Sérgio Malandro? Vim levar seu carro e meu filho é teu fã. Ele tem nove anos e está no hospital com câncer'. Peguei o meu bonequinho que fazia "glu-glu" e falei: 'Dá pro seu filho'. Ele ficou cheio de lágrimas nos olhos: 'Poxa, como é que vou levar seu carro?' e falei: 'Cumpra seu trabalho, já ia perder mesmo. Agora, não deixa de dar isso aqui pro seu filho'".

Chorei muito, mas não pelo carro. Chorava porque dentro da minha casa tinha meus dois filhos que estavam saudáveis. Vi que não tinha problema nenhum, que só tinha obstáculos. Foi aí que criei a teoria dos problemas e obstáculos.

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Humorista vê a persistência e a capacidade de improviso como diferenciais para não ter sucumbido diante do caos. "Tem que ser insistente, persistente, porque aí você consegue. Como consegui? Fiquei três anos vendendo todo meu patrimônio, como a gente mostra no filme, e, de repente, tinha R$ 7 na conta. Caramba, e agora? Meu irmão, eu saía pela rua com o projeto na mão."

Pegadinha de bomba em ônibus fez Mallandro voltar após anos ouvindo "não" na TV. "Naquela época, a gente dependia muito da TV, não tinha internet. O Amilcare [Dallevo] e o Marcelo de Carvalho me contrataram para o programa independente "Domingo Milionário". Na CNT Gazeta, essa pegadinha da bomba que explode no ônibus, que mostramos no filme, foi a pegadinha que fiz que ficou em primeiro lugar de audiência na CNT Gazeta".

Aí assinei contato com a Gazeta, explodi e, meu irmão, tudo voltou ao normal. Comprei um carro, um BMW, abria a capota e falava: 'Obrigado, meu senhor, "Glu-glu". O que quero falar? O filme mostra que você não pode desistir, você tem que ter a sua essência.

Sérgio Mallandro tenta evitar corte da luz em sua casa em filme
Sérgio Mallandro tenta evitar corte da luz em sua casa em filme Imagem: Divulgação

"Era pra eu dar tudo errado'

O nome do filme é inspirado no mesmo projeto de stand-up de Sérgio Mallandro com histórias travessas de sua vida. "Sempre fui um cara muito levado. As pessoas da família falavam: 'Ih, tem aniversário e vai convidar o Serginho? Ele é muito levado, vai jogar o doce nas pessoas, pegar o bolo'. Era muito levado, fui expulso de quatro colégios. Eu sempre tinha piadinhas no final da pergunta do professor".

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A relação com a família, segundo Serginho, mudou após a fama. "Depois que você vira artista, aí você vira o queridinho da família. É aquela tia que fala: 'Ele é meu sobrinho', a prima que fala: 'Ele é meu primo. Convida ele'. Então a vida dá muitas voltas, né? Uma hora você tá em cima, outra hora você tá embaixo. Tá que nem uma roda gigante."

O humorista diz ter vencido a falência por saber que o viam como o cara que não daria certo na vida. "Eu era pra dar tudo errado. Era levado, mas levado do bem. Nunca fui aquele cara que explodia banheiro, que falava mal das pessoas, nunca falei mal de ninguém ou [ser] aquele que agredia as pessoas. Nada disso, eu gostava de fazer graça".

"Malandro - Errado Que Deu Certo" porque a gente acabou dando certo, né? Larguei a faculdade e entrei no teatro, no Tablado, e minha mãe parou de falar comigo durante um ano e meio. Fui sair da minha casa, depois voltei, aí virei artista e é só alegria.

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