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OPINIÃO

Vai na Fé: Clara e Helena mereciam mais que um final feito às pressas

Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman) em Vai na Fé - Reprodução/TV Globo
Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman) em Vai na Fé Imagem: Reprodução/TV Globo

Lucas Rocha

De UOL em São Paulo

08/08/2023 12h22

As personagens Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman) realizaram o sonho de muitos autores, que é conseguir conquistar tantas pessoas a ponto de ter um ship famoso e com muitos fãs. Infelizmente, porém, a reta final de "Vai Na Fé" não faz jus ao casal apaixonante que deixou muita gente suspirando por aí.

Eu já tinha citado por aqui que Clarena tinha desaparecido nesses últimos capítulos, com poucas - ou quase nenhuma - trama no ar. E agora, nos 45 do segundo tempo, as duas reapareceram e... terminaram!

Admito que a motivação em si é interessante e super importante para ser debatida. A homofobia internalizada da Clara e o processo que ela precisa enfrentar para se descobrir é algo super pertinente para a história e a sociedade. Imagina quantas pessoas poderiam se identificar com esse arco.

Mas trazer isso agora no final?! Era para ter sido quando as duas começaram a namorar! A quantidade de cenas lindas e necessárias que podiam ter sido feitas. Potencial desperdiçado. Especialmente que, segundo os spoilers, as duas vão simplesmente reatar o relacionamento no último capítulo e vai ficar por isso mesmo.

Com isso, é impossível não lembrar toda a polêmica envolvendo as duas desde o início. Dos beijos censurados e mixurucas até a cena musical, que dava um recado claro sobre o boicote que as sequências homoafetivas estavam sofrendo.

E nesse pacote, aproveito para incluir Yuri (Jean Paulo Campos) e Vini (Guthierry Sotero). O tão comentado e aguardado casal gay, que quando finalmente ficou junto, subiu no telhado em questão de dias. Deram um chá de sumiço no Vini e arrumaram uma gravidez falsa para dar continuidade na trama de Yuri. Discutir bissexualidade do estudante direito? Vez ou outra e olhe lá.

"Vai na Fé" terminará sendo uma das tramas mais bonitas e históricas da televisão, isso não temos sombra de dúvidas. Mas também termina com esse gostinho de que poderia ter sido muito mais a comunidade LGBTQIA+. E aqui a culpa definitivamente não é de Rosane Svartman - o buraco é muito mais em baixo claramente. Mas é isso, um dia de cada vez. Uma batalha da outra também.