Como Thalia busca desafiar a indústria musical com projeto 'do coração'

Eternamente lembrada no Brasil pela tríade das novelas das Marias ("Maria Mercedes", "Marimar" e "Maria do Bairro"), Thalía está em busca de reconexão com a música em seu novo projeto. A artista mexicana se transforma em fã com o novo disco, "Thalia's Mixtape", que vem acompanhado de um documentário já disponível no Paramount+.

Em três episódios, a cantora de 51 anos revisita a sua carreira e mostra como era tudo mato quando ela chegou lá, brincando com as tradições antigas com o vinil e a fita K-7 e as formas atuais de ouvir música. Para ela, essa é uma forma de "nadar contra a corrente" e o que se espera tradicionalmente de uma artista pop no cenário atual da indústria fonográfica.

"Eu precisava dessa conexão com essa música, com o vintage, com as fitas K-7. Busquei as parcerias com pessoas que são muito diferentes, mas são muito respeitosas com o talento de cada um na equipe", conta, em entrevista a Splash.

"Não é um projeto de Thalía, é um projeto de Ariadna Thalia, a fanática, buscando os ídolos de toda a sua vida",

"É um projeto que sai das mãos do Paramount+, e são três episódios em que falamos de música, da história da música, do vinil à web 3.0 e à inteligência artificial, recorrendo a músicas icônicas através da realeza do rock espanhol, que é parte do projeto."

Transformação no cenário musical

Ao longo dos três episódios, que contaram com um coreógrafo da Broadway desenvolvendo os passos para as apresentações de algumas canções, Thalia faz uma análise de como a indústria fonográfica se transforma a cada ano, com a ajuda da tecnologia.

A cantora traça uma comparação entre o processo de composição das músicas e como foi modificado ao longo das décadas.

"Hoje, você pode lançar uma música em um dueto e fazer algo de um gênero completamente diferente [do seu]", reflete. "É possível lançar singles constantemente, sem lançar um álbum."

Por isso, o que ela queria era navegar no sentido contrário:

A ideia era fazer um projeto delicado, que remetesse a todo esse aspecto retrô com fita k-7, LP, vinil, cartazes, pins. Os mais jovens vão entender de onde vieram as músicas que eles escutam em seus telefones, ou seja lá onde escutam, porque hoje está tudo na nuvem.

Neste sentido, o projeto se debruça também sobre como as redes sociais transformam o que estúdios buscam dos artistas. Cantoras como Halsey e Anitta já falaram sobre como o TikTok vem pautando o que pode se tornar uma música de trabalho, pois selos estão cada vez mais em busca de hits que possam viralizar na rede de vídeos curtos.

Sobre ideia de batizar o projeto como "Thalia's Mixtape", a cantora faz referência ao hábito de se criar mixtapes, que explica aos jovens como "a versão antiga das playlists em aplicativos de música", com uma seleção particular de músicas do agrado do ouvinte ou da pessoa que seria contemplada com o presente.

"O projeto levou quatro anos para ser feito, e filmamos no ano passado. Foram anos da minha vida em que sonhei em conhecer os meus ídolos e compartilhar isso com todos. É um projeto que vem do meu coração."