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Galvão Bueno expõe chateação com veto da Globo: 'Não sei o que houve'

Galvão trabalhou como narrador da TV Globo por 41 anos - Reprodução/Flow Sport Club
Galvão trabalhou como narrador da TV Globo por 41 anos Imagem: Reprodução/Flow Sport Club

De Splash, em São Paulo

23/03/2023 23h49

Galvão Bueno, 72, encerrou as transmissões de jogos de futebol pela Globo no final da Copa do Qatar, em dezembro de 2022, mas não significa que foi uma aposentadoria. O narrador irá estrear seu canal no YouTube com a exibição do amistoso entre Brasil x Marrocos, neste sábado (25), a partir das 18h30 (horário de Brasília).

Após 41 anos como uma das principais vozes da Globo no futebol, o narrador inicia a vida na internet e reunirá profissionais especiais que marcaram história ao seu lado para o jogo. Ele só está magoado com a emissora carioca por impedir que o ex-juiz Arnaldo Cezar Coelho participe da transmissão.

"Globo não gostou muito, mas o que eu posso fazer? E ainda tenho contrato com a Globo. Só fiquei chateado com a proibição de Arnaldo [Cesar Coelho] participar comigo. Arnaldo não tem mais contrato com a Globo desde 2018, mas ele tem uma televisão que é afiliada. No contrato lá atrás, não pode participar de nada sem aprovação e depois as coisas mudaram, mas o contrato dele tem 32 anos. Não sei o que houve. Ficaram chateados", declarou ele, em entrevista ao Flow Podcast, nesta quinta-feira (23).

A primeira pessoa que falei quando surgiu isso foi Arnaldo. As aspas dele foram as seguintes: 'claro que pode, Galvão'. Então, ele ficou feliz da vida, eu também... Eu lamento porque não era para ele trabalhar comigo. Era um momento de juntar uma dupla que trabalhou 30 anos juntos. Nós somos amigos mesmo. O combinado era fazer o jogo no sábado, pular no avião e botar ele para colher na vinícola. Deixa para lá, toca em frente.
Galvão Bueno

O narrador decidiu pela criação do canal no YouTube ainda em 2022. Ele já tinha acertado com a Globo que a Copa do Mundo no Qatar marcaria sua despedida, mas garantiu que, em nenhum momento, afirmou que iria se aposentar.

"Deixei muito claro, eu falei em todas as entrevistas que dei antes da Copa do Mundo, que disse que seria a minha última Copa do Mundo [na Globo]. Eu só tenho a agradecer a Globo, uma relação de confiança mútua e sabendo a importância que tinha no trabalho. Sempre tive a liberdade de falar o que queria. Fui a única pessoa até hoje a fazer comentários no Jornal Nacional ao vivo, não fazer reportagem. Então, sempre foi uma boa relação e confesso que algumas vezes falei com as palavras da família Marinho, porque era um editorial que precisava ser feito", pontuou.

Galvão Bueno ainda destacou que ficou muito honrado com a série de homenagens que recebeu na emissora. Ao encerrar a Copa do Qatar, ele não tinha ideia de como iria iniciar a vida na internet em 2023 e até recusou projetos para evitar não concorrer com o canal.

As homenagens que me fizeram na última Copa foram um espetáculo. Eu fiquei emocionado mesmo, mas eu deixei muito claro que eu não estava fechando um livro, que eu tava virando uma página... Então, quando foi feita essa parceria, há um ano, eu deixei tudo isso muito claro. Também não imaginava que a estreia do canal fosse com um jogo da seleção. Tive proposta para fazer final de Campeonato Paulista, para fazer Libertadores, até convite para estar no Mundial de Clubes com Cazé, mas achei que não era o momento e nem certo, porque eram produtos que a Globo estava fazendo e ia concorrer com eles.
Galvão Bueno

"Quando eu soube que a Globo não ia comprar o jogo da seleção por questão de horário, me senti à vontade e aí é o maior barato porque não sei quando vai ser a outra. O canal não vai ser para transmissão, porque vai ter programa de automobilismo com meu filho Cacá Bueno, multicampeão, vou fazer programa sobre futebol, mas agora voltar com jogo da seleção brasileira?", completou.

Na entrevista, Galvão confidenciou que não tinha como meta chegar em 2022 trabalhando na Globo. O narrador se via apenas narrando a Copa do Mundo no Brasil, em 2014, mas como estava "inteirão" foi acertando com o canal de atuar somente em jogos do Brasil a partir de 2021.

[A decisão] foi uma coisa conjunta. A gente já vinha falando nisso... Começou a falar de parar narrações em TV aberta no fim de 2016, mas tava inteiraço ainda e falei "vamos embora para Rússia". A Olimpíada [de 2020] foi o maior barato, porque eu tava apavorado. Era a primeira vez que ia fazer sem estar lá.
Galvão Bueno

"Numa conversa em jantar, teve um 'vamos embora até o Qatar' e eu 'vamos embora até o Qatar'. Da Olimpíada para frente, eu só transmiti jogos da seleção brasileira, amistosos e eliminatória e mais a Copa com o Brasil. Se o Brasil caísse, eu ia até o final da Copa como aconteceu. Foi muito emocionante aquela coisa toda que fiz durante os anos todos. Falei um monte de merda, mas tudo bem. Foi muito bacana", finalizou.

Contrato de Galvão com a Globo

De acordo com o colunista Ricardo Feltrin, de Splash, o contrato vitalício de Galvão Bueno com a Globo passou a ter validade a partir de janeiro de 2023. O vínculo tem algumas cláusulas ótimas para ambas as partes.

O contrato terá renovação automática e prevê exclusividade dele com o Grupo Globo em relação às TVs aberta, fechada e streaming.

No caso de outras plataformas, como YouTube, ele está liberado para criação de seu próprio canal, de trabalhar com outros canais (como o de Felipe Neto) e até de investir em novas estrelas (esportivas ou não).

No caso da publicidade, o contrato prevê dois tipos de acerto:

1 - Se agências e anunciantes procurarem a Globo porque querem o narrador e jornalista como garoto-propaganda, ele e a emissora dividirão o cachê em meio a meio (ou algo perto disso);

2 - Já as marcas que o próprio Galvão obtiver para atuar na publicidade, o cachê será integralmente dele; ele não pode, obviamente, procurar anunciantes que pertencem ao portfólio recente da Globo.

Procurada, a Globo, por meio da CGCom, negou que o contrato do profissional seja vitalício.