Topo

Atriz mostra prints e diz que coach famoso por falas misóginas a ameaçou

Tiago Minervino

Colaboração para Splash, em São Paulo

25/02/2023 21h33Atualizada em 27/02/2023 22h30

O coach Thiago Schutz, conhecido como Red Pill, que virou meme por seus discursos misóginos, ameaçou atirar na atriz Lívia La Gatto.

Por meio dos stories de seu perfil no Instagram, La Gatto compartilhou o print de uma mensagem enviada por Schutz no privado, em que ele exige que a atriz e roteirista apague o vídeo em que ironiza o corte de um podcast visitado por Schutz. No trecho, viralizado nas redes sociais, o coach criticava uma suposta mulher que ofereceu uma cerveja enquanto ele bebia Campari.

Ao ver a sátira de La Gatto, o coach fez ameaças a sua integridade física

"Você tem 24 horas para retirar seu conteúdo sobre mim. Depois disso processo ou bala. Você escolhe", disse Schutz na mensagem a ela.

Ao denunciar a ameaça sofrida, Lívia Lagatto legendou: "Tchurma, o guerreiro campa me ameaçou. Devo me preocupar?".

Thiago Schutz também postou prints em seu perfil de ligações feitas para a atriz para que eles possam "trocar uma ideia".

Posteriormente, a artista rebateu o coach: "O curioso caso do macho que ameaça uma mulher de morte e não sabe por que ela não atende".

Lívia La Gatto também disse que está "tomando as devidas providências" e pediu aos seus seguidores que não enviem mensagens no direct do coach.

A Splash, Lívia contou que registrou boletim de ocorrência e que bloqueou Thiago no Instagram. Schutz publicou vídeo nas redes sociais dizendo ter sido mal interpretado.

"Vamos falar um pouco sobre como o Thiago se comunica, que acho que sempre foi um pouco mal interpretado. Então, eu sou um cara que eu uso muita gíria, eu falo muito palavrão. É a forma que eu me comunico, tá? Não tenho vergonha de falar dessa forma. Quando eu uso a palavra 'bala', não é no sentido literal. Para deixar isso bem claro para todo mundo", disse.

"'Mete bala', 'mete marcha', 'soca o pau', 'vamo embora', no sentido de vamos resolver essa questão. Essa questão precisa ser resolvida. É processo ou bora, vamos de outra forma. Esse é um ponto importante. Na sequência, eu faço algumas ligações nas quais eu não fui atendido", completou.

Quem é Thiago Schutz?

Autodenominado escritor, palestrante e apresentador, o coach ganhou notoriedade por discursos machistas e chega a cobrar até R$ 2.500 por uma consultoria.

Schutz faz parte dos aconselhadores "red pill", grupo de homens misóginos que deturpam o conceito do filme Matrix (1999). Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores no governo Jair Bolsonaro (PL), se define como um "redpillado".

O que são os 'redpillados'?

Hoje, pílulas vermelhas e azuis, da trilogia Matrix, fazem parte do vocabulário da direita e da extrema-direita em todo o mundo. "Red pill" é termo onipresente em grupos masculinistas.

No filme, o protagonista Neo (vivido por Keanu Reeves) ganha duas pílulas e tem de escolher qual tomar: a azul, que lhe permite seguir vivendo em um mundo de ilusões; ou a vermelha, para adquirir consciência sobre a realidade que o cerca.

No vocabulário masculinista, os "red pills" seriam homens que se opõem ao "sistema que favorece as mulheres", por terem alcançado um conhecimento privilegiado sobre isso. Já os "blue pills" continuariam vivendo em ilusão e, portanto, seriam usados pelas mulheres.

Há ainda uma categoria que não existe no filme: os "black pills", homens que concordam com red pills e acham que já não podem mudar nada no "sistema", assumindo uma postura mais niilista.

Entre pílulas de várias cores, um detalhe irônico: as duas diretoras de "Matrix", as irmãs Wachowski, são mulheres trans. Uma delas, Lilly, chegou a confrontar figuras públicas como Ivanka Trump, Elon Musk e até Abraham Weintraub pelo uso do termo "red pill" em apologia à extrema-direita.