Topo

Ela nadou 3 horas e salvou um barco todo: a história real de 'As Nadadoras'

Filme "As Nadadoras" lançado pela Netflix é baseado em história real - Divulgação/Netflix
Filme 'As Nadadoras' lançado pela Netflix é baseado em história real Imagem: Divulgação/Netflix

Camila Corsini

Do UOL, em São Paulo

13/12/2022 04h00

O filme As Nadadoras, lançado em novembro pela Netflix, conta a história real da jovem Yusra Mardini. Refugiada síria, ela precisou nadar no mar Egeu por três horas e meia ao lado da irmã, Sarah, para sobreviver e ajudar a salvar mais 18 pessoas.

Disponível na Netflix desde o dia 23 de novembro, o longa conta a história da infância de Yusra e Sarah, em Damasco.

O filme foi dirigido pela cineasta egípsia-galesa Sally El Hasaini e estrelado por duas atrizes franco-libanesas que também são irmãs na vida real: Nathalie e Manal Issa.

Em meio à repercussão do filme, muitos se perguntaram sobre a história real de Yusra Mardini e o que aconteceu com ela até se tornar uma nadadora olímpica.

O que aconteceu com Yusra Mardini?

  • Em 2015, sua casa foi destruída em meio à guerra civil no país
  • Com a irmã e um grupo de sírios, passou por Líbano e Turquia
  • Na primeira tentativa de chegar à Grécia, o grupo foi frustrado pela guarda costeira turca
  • Na segunda, Yusra e Sarah nadaram por três horas e meia empurrando o barco em que estavam, que ficou à deriva
  • Passou por Macedônia, Sérvia, Hungria e Áustria até conseguir se estabelecer na Alemanha.

Quem é Yusra Mardini?

  • Refugiada síria de 24 anos que hoje mora na Alemanha
  • Embaixadora da Boa Vontade da Agência da ONU para Refugiados (Acnur) desde 2017
  • Nadadora que já competiu em duas Olímpiadas (Rio 2016 e Tóquio 2020)

"Os Jogos Olímpicos mudaram a maneira como eu penso sobre ser uma pessoa refugiada. Entrei no estádio no Rio e percebi que posso inspirar tantas pessoas. Percebi que 'refugiado' é apenas uma palavra, e o que você faz com ela é a coisa mais importante."
Yusra Mardini

Yusra Mardini - Vaughn Ridley/Getty Images - Vaughn Ridley/Getty Images
Yusra Mardini disputou os Jogos Olímpicos
Imagem: Vaughn Ridley/Getty Images

Em 2016, quando estreou em uma piscina olímpica, Yusra falou sobre voltar ao esporte depois de dois anos de pausa forçada. "Foi um pouco difícil pensar que, sendo uma nadadora, você poderia terminar morrendo na água." Ela competiu pelo Time Olímpico de Refugiados do COI (Comitê Olímpico Internacional).

Apenas um ano antes, a jovem teve que fugir da Síria e fazer uma travessia arriscada da Turquia até a Grécia pelas águas escuras do mar Egeu. O motor do bote em que estava parou de funcionar e começou a afundar. À deriva, a opção dela e da irmã, que sabiam nadar, foi empurrar a embarcação por cerca de três horas e meia com a ajuda de mais uma pessoa até Lesbos, na Grécia.

Para Yusra, o filme é muito mais do que entretenimento. "Este filme vai colocar a conversa na mesa sobre o que é uma pessoa refugiada, o que queremos mudar", disse a nadadora na noite de estreia do longa do Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF).

Em seu Instagram, Yusra postou recentemente sobre a repercussão do longa e agradecendo aos espectadores. "Sabíamos desde o primeiro dia como é importante compartilhar nossa história e as histórias de milhões de refugiados em todo o mundo." O filme ocupou a 2ª e 3ª colocação entre os mais assistidos da plataforma entre a estreia e o dia 4 de dezembro.

Yusra Mardini - Divulgação - Divulgação
Yusra Mardini inspirou filme lançado em novembro
Imagem: Divulgação

A obra já era descrita pela crítica como épica, mesmo antes da estreia oficial no streaming. O foco da história é a natação, paixão de Yusra e Sarah, e a jornada de ambas rumo à Europa. Para ela, toda a história foi contada. Os cineastas chegaram a visitar a casa da família na Alemanha e também os campos de refugiados gregos em que elas ficaram.

"Honestamente, o filme inteiro é a minha cena favorita! Eu chorei a cada dois minutos", disse Yusra.

As expectativas são de que o filme amplie ainda mais a voz de pessoas refugiadas. "Os sistemas educacionais precisam mudar: eles precisam ser mais abertos, precisam ensinar as histórias de pessoas migrantes e refugiadas", completa.