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'A Queda' tem tensão nas alturas de um digno filme de sobrevivência

"A Queda" mistura emoção e adrenalina - Divulgação
'A Queda' mistura emoção e adrenalina Imagem: Divulgação

Mariana Assumpção

Da Ingresso.com

01/10/2022 04h00

Antes de cogitar assistir "A Queda" nos cinemas, é preciso estar ciente de que, aqueles que sofrem de acrofobia (medo de altura), aerofobia (medo de voar) ou climacofobia (medo de subir ou descer escadas), sentirão incômodos constantes durante a exibição do longa.

Sim, o alerta é válido porque esta foi, sem dúvida, a primeira intenção do diretor e roteirista Scott Man ("O Sequestro do Ônibus 657"): provocar a tensão máxima usando e abusando de recursos que, para alguns, ativam gatilhos. Assim, em um filme de quase duas horas de duração, o coração acelera por mais da metade do tempo de tela — sem exageros, garanto.

A premissa de "A Queda" é simples, bem semelhante à de 127 Horas (2010), famoso "filme de sobrevivência" e suspense claustrofóbico. No longa de Scott Man, parece irônico pensar que espaços amplos e elevados, como uma antena de TV mais alta que a Torre Eiffel, provoquem tal sensação de clausura sufocante. Porém, a incapacidade de escapar dali, os dramas enfrentados por Becky (Grace Caroline Currey) e Hunter (Ginny Gardner) e a fotografia imersiva, mais do que garantem o sentimento na audiência.

A história do longa mostra as duas amigas, alpinistas experientes, enfrentando uma perda dolorosa. Dan (Mason Gooding), marido de Becky e parceiro de aventuras da dupla, morre tragicamente durante uma escalada.

Em meio ao luto, Becky se afasta da família, representada pela figura do pai (Jeffrey Dean Morgan), até que Hunter a convoca para um novo desafio: subir até o topo da torre de televisão B67, para que a viúva enfim supere o trauma adquirido após assistir ao amado acidentar-se fatalmente em uma montanha.

A partir daí, o espectador já é capaz de perceber a cilada na qual Becky e Hunter estão prestes a se meter. O local da escalada é totalmente deserto e, enquanto elas sobem os degraus que levam até o cume da antena, parafusos da estrutura começam a afrouxar, anunciando o pior.

"A Queda" não ostenta um dos scripts mais criativos, mas Scott Man e Jonathan Frank ("Vingança Entre Assassinos"), seu corroteirista, foram certeiros no ritmo empregado. A maior parte do filme se passa na bendita torre, enquanto as amigas bolam planos mirabolantes para escapar de um, aparentemente, inevitável destino.

As incontáveis tentativas de sucesso talvez pudessem ter sido reduzidas pela metade, já que, por alguns momentos, é possível traçar um paralelo entre Becky e o Coyote. Sim, ele mesmo, inimigo do Papa-Léguas nos desenhos, com seus produtos ACME que insistem em falhar.

Contudo, ainda assim, a construção das personagens é capaz de amenizar essa perspectiva tragicômica. Ao longo da narrativa, conhecemos mais a fundo cada uma das protagonistas, seus anseios mais íntimos e, inevitavelmente, criamos empatia por elas. O passado vem à tona em pequenas doses, evitando que apresentar duas mocinhas presas a uma torre torne-se enfadonho. Plot twist? Está lá! Reviravoltas surpreendentes também ajudam a escalonar a tensão da produção e evitar o marasmo.

No fim das contas, "A Queda" é sobre cair e levantar-se literal e metaforicamente. Um clássico filme de sobrevivência, com uma dose de intimismo e boas sacadas psicológicas. Duas mulheres que dividem experiências, dores e alegrias, lutam para que, juntas, possam superar os dramas do passado e a pequeníssima perspectiva de futuro. Contrariando as estatísticas, será que elas serão capazes de sobreviver a isso?

O filme estreia nesta quinta-feira (29) nos cinemas do Brasil - garanta o seu ingresso por meio do nosso site ou app.