Sean Bean diz que supervisor 'estraga a espontaneidade' de cenas de sexo
Em entrevista à revista Variety, o ator Sean Bean disse que a presença de coordenadores de intimidade durante gravações "estraga a espontaneidade" de cenas de sexo.
O coordenador de intimidade é a pessoa no set de filmagens responsável por garantir que os atores estejam confortáveis e tenham seus limites respeitados durante esse tipo de gravação.
"Eu me sentiria mais inibido porque chama mais atenção para as coisas", afirmou o intérprete de Ned Stark em "Game of Thrones". E completou: "Acho que a forma natural como amantes se comportam seria arruinada se alguém transformasse tudo num exercício técnico".
Ele cita como exemplo a série "Snowpiercer", em que gravou uma cena de sexo com Lena Hall: "Acho que cortaram um pedaço. Muitas vezes, o seu melhor trabalho, aquele em que você tenta desafiar os limites e que é naturalmente experimental, é censurado pelas produtoras ou pelos anunciantes".
Questionado sobre o fato de que a função do coordenador de intimidade é garantir o conforto dos atores, Sean Bean argumenta: "Acho que depende da atriz. Essa [Lena Hall] já tinha feito cabarés musicais, então ela topava tudo".
A carreira de atriz de Lena Hall ganhou projeção em musicais da Broadway como "Kinky Boots", "Cats" e "Hedwig and the Angry Inch".
As declarações do ator causaram polêmica nas redes sociais. Uma coordenadora de intimidade afirmou: "No meu treinamento, TODOS os atores e vários membros da equipe relembraram algum incidente em que gostariam de ter um coordenador de intimidade presente na gravação. Filhos da p*ta assustadores como esse cara são a causa dessas experiências".
A atriz Reneé Rapp, da série "The Sex Lives of College Girls", também discorda de Sean Bean: "Essa declaração é muito prejudicial. Eles são essenciais para a nossa segurança. Sem a nossa coordenadora de intimidade, eu ficaria muito desconfortável. Ela garante que nossas gravações sejam seguras e que estejamos protegidos, além de garantir a comunicação entre todas as partes envolvidas".
"Eu ficaria desconfortável porque é muito vulnerável. Coordenadores de intimidade nos fazem sentir seguros. Por favor, pelo amor de Deus, pense antes de falar", completou a atriz.
Alguns questionaram se a espontaneidade nessas cenas realmente é necessária: "É literalmente o trabalho de um ator fazer momentos roteirizados parecerem espontâneos", disse o ator Richie Moriarty, da série "Ghosts".
Outros, ainda, relembraram o estupro da atriz Maria Schneider no filme "O Último Tango em Paris". Na véspera da gravação, o diretor Bernardo Bertolucci combinou com o ator Marlon Brando que a cena de sexo não seria simulada — mas a atriz, que na época tinha 19 anos, não foi consultada.
"A sequência da manteiga é uma ideia que eu tive com Marlon na véspera da filmagem. Eu queria que Maria reagisse, que ela fosse humilhada", contou Bertolucci numa entrevista de 2013. Ele também priorizou a espontaneidade: "Eu não queria que ela interpretasse a raiva, eu queria que ela sentisse raiva e humilhação".
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