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Por trás de Elvis Presley: quem era Colonel Tom Parker, tirano e psicopata?

Fernanda Talarico

De Splash, em São Paulo

18/07/2022 04h00Atualizada em 19/07/2022 11h46

"Elvis" já chegou aos cinemas e a cinebiografia do rei do rock conta a história do cantor a partir da visão de Colonel Tom Parker, seu polêmico empresário. Interpretado por Tom Hanks, o homem se tornou uma figura controversa com o passar dos anos, com diversas polêmicas ligadas ao seu nome.

Há quem associe a degradação do astro à tirania com que o então empresário comandava a carreira de Elvis Presley. Para entender melhor quem era este homem, Splash te explica os detalhes da vida de Colonel Tom Parker.

Seu nome verdadeiro era Andreas Cornelis van Kuijk. Ele nasceu na Holanda em 1909 e, aos 20 anos, imigrou ilegalmente para os Estados Unidos. A sua partida aconteceu no mesmo dia em que a sua suposta amante, Anna, foi espancada e morreu em decorrência dos ferimentos. Segundo a polícia, foi um crime passional, mas nunca houve uma ligação direta do homem com o caso.

Quando chegou ao país, assumiu a identidade Tom Parker e se alistou ao exército, onde serviu por dois anos, até 1933. À época, ele foi afastado por indisciplina e teve uma crise nervosa. Ao ser examinado por uma junta médica, recebeu o diagnóstico de "depressão aguda psicogênica, estado de psicopatia constitucional e psicose". Ainda segundo a análise, ele tinha caráter violento e instável, além de ser considerado um "homicida em potencial".

Tom Hanks como Colonel Tom Parker e Austin Buttler em 'Elvis' - Divulgação - Divulgação
Tom Hanks como Colonel Tom Parker e Austin Buttler em 'Elvis'
Imagem: Divulgação

Então, Tom Parker começou a trabalhar em um parque de diversões e dizia ter nascido em Huntington, Virgínia Ocidental. Anos depois, começou a se envolver com a indústria musical do país.

Foi nessa época que surgiu o título honorário de "coronel": um governador da Louisiana o reconheceu pelos trabalhos prestados durante a campanha para sua eleição.

Em 1955, ele começou a ouvir comentários sobre um artista em ascensão em Memphis, Tennesse, que vinha chamando a atenção do público ao ser branco e cantar um estilo de música que misturava R&B e country. Era Elvis Presley.

Em entrevista à Variety, Alanna Nash, biógrafa de Colonel Tom Parker e autora de "The Colonel: The Extraordinary Story of Colonel Tom Parker and Elvis Presley", explicou que, à época, Elvis tinha um contrato com a Sun Records, conhecida por ter dado espaço a diversos nomes além do rei do rock, como Charlie Rich, Roy Orbison, Jerry Lee Lewis, Carl Perkins e Johnny Cash. No entanto, a fama de Elvis estava ficando cada vez maior, o que dificultava o agenciamento de Bob Neal, o então empresário. Colonel então viu uma oportunidade e começou a excursionar com o cantor, até que se ofereceu para cuidar de sua carreira.

Elvis aceitou e o contrato firmado dava metade dos ganhos do cantor ao empresário; o comum era de 10% a 15%.

O sucesso do cantor foi ficando cada vez maior, mas uma coisa chamava a atenção: Elvis nunca se apresentava fora dos Estados Unidos. Isso acontecia porque Tom Parker não era um cidadão americano e tinha medo que, ao checarem seu passaporte, descobrissem algo de seu passado.

Não sair do país se tornou um fardo para o rei do rock, que chegou a recusar uma oferta de US$ 2,5 milhões por uma turnê na América Latina.

Tom Hanks e Colonel Tom Parker - Divulgação e Getty Images - Divulgação e Getty Images
Tom Hanks e Colonel Tom Parker
Imagem: Divulgação e Getty Images

Em 1968, a relação entre artista e agente já estava bastante desgastada e apenas piorou quando Elvis desobedeceu o empresário e apareceu vestido todo de preto em um especial de Natal — Colonel queria que ele estivesse de Papai Noel. O programa foi um sucesso.

Um ano depois, em 1969, ele firmou um acordo para que o rei do rock fizesse residência em um cassino em Las Vegas, ou seja, se tornasse um artista recorrente.

Ele ficou por oito anos com um show fixo na cidade. Neste período, seu agente se afundou em dívidas de jogo e o obrigava a ganhar ainda mais dinheiro. Além disso, Elvis estava cada vez mais dependente de substâncias como tranquilizantes e anfetaminas, e Colonel Tom Parker fingia que não sabia.

Elvis morreu em 1977, aos 42 anos, e isso não impediu que o empresário continuasse ganhando dinheiro às suas custas, pois ele mantinha o controle do espólio do cantor. Foi preciso que a família Presley entrasse com um processo para conseguir os direitos.

Colonel Tom Parker morreu no dia 21 de janeiro de 1997, aos 87 anos, depois de sofrer um AVC.