Topo

Lollapalooza deve reunir 250 mil pessoas; é seguro circular sem máscara?

Público do Lollapalooza em 2019, última edição que aconteceu no Brasil antes da pandemia - Flavio Moraes/UOL
Público do Lollapalooza em 2019, última edição que aconteceu no Brasil antes da pandemia
Imagem: Flavio Moraes/UOL

Renata Nogueira

De Splash, em São Paulo

24/03/2022 04h00

O festival Lollapalooza 2022 —que acontece de amanhã até domingo no Autódromo de Interlagos, em São Paulo— será o primeiro grande evento do Brasil após a liberação do uso de máscaras em locais abertos e fechados no estado de São Paulo.

Apesar de a organização exigir o comprovante vacinal com no mínimo duas doses e recomendar o uso de máscaras, o acessório não será uma exigência e, no fim, caberá ao público decidir como se proteger.

A vacinação no estado já atingiu a meta de 90% da população elegível com duas doses e as internações e mortes por covid-19 também estão em queda em São Paulo. No entanto, o festival atrai público de outros estados e até mesmo de outros países, o que aumenta o risco de novas variantes do vírus.

Em 2019, em sua última edição no Brasil, o festival reuniu 246 mil pessoas nos três dias de evento. Para esse ano, com muita gente usando o ingresso comprado para 2020 e outras tantas que adquiriram entrada para 2022, a previsão é que esse público seja maior.

Splash conversou com médicos infectologistas* para indicar alguns cuidados para quem vai ao festival. O risco de se infectar em uma aglomeração é alto, mas o uso correto da máscara pode reduzir bastante e existem situações de maior e menor risco.

Precisa trocar a máscara?

chuva - Iwi Onodera/UOL - Iwi Onodera/UOL
Público do Lolla enfrentou chuva em 2019; umidade tira efetividade das máscaras
Imagem: Iwi Onodera/UOL

Depende do modelo da máscara e da situação. A programação musical do Lollapalooza começa por volta do meio-dia e os últimos shows podem ir até meia-noite. São 12 horas diárias de festival. A máscara N95, a mesma usada em UTIs de pacientes com covid, é a que mais protege e pode ser usada por muitas horas. Em caso de chuva, porém, ela perde sua efetividade e deve ser trocada.

Outra grande vilã das máscaras é a umidade. Independentemente do tipo de máscara que você escolher se rolar suor, chuva ou até mesmo excesso de gotículas de saliva, a recomendação é descartar a máscara úmida e substituí-la por uma nova. Fique atento com o suor e a cantoria e troque a sua assim que possível, E, claro, leve máscaras extras.

Na chegada e na saída

filas - Iwi Onodera/UOL - Iwi Onodera/UOL
Filas para entrar e sair do Lollapalooza costumam gerar aglomeração
Imagem: Iwi Onodera/UOL

Para evitar a infecção, a recomendação é clara: use máscara o tempo todo durante os deslocamentos. A organização do Lollapalooza já anunciou que não haverá estacionamento oficial no local neste ano e recomenda a ida de transporte público, van oficial ou carros de aplicativo.

Nos ônibus, metrô e trens da CPTM, o uso de máscaras continua obrigatório. Mas, para além da aglomeração dentro dos veículos, vale ressaltar que a chegada e saída do evento geralmente reúne uma grande quantidade de pessoas que complica o distanciamento. Nesse caso, a máscara é sua melhor proteção.

No banheiro

Festivais do porte do Lollapalooza usam banheiros químicos para dar conta de atender o grande número de pessoas que circulam pelo local. Apesar de individual, o banheiro químico é uma cabine fechada e com pouca circulação de ar e muita circulação de gente. Por isso, ao entrar nele é melhor colocar a máscara. Por quê? Se alguém tossiu ou espirrou lá dentro, as gotículas podem pairar no ar.

Na saída do banheiro não esqueça de higienizar as mãos com seu tubinho de álcool gel (será permitido levar até 50 ml). Se sua mão estiver suja de terra ou qualquer outra substância orgânica só o álcool não será suficiente. Procure uma torneira ou então use uma garrafinha de água para higienizar as mãos.

Na hora de comer e beber

Impossível ficar de máscara nessa hora, né? Nesse caso, os médicos recomendam praticar o distanciamento e comer sozinho, sem interagir. O Lollapalooza dispõe de diversos pontos de venda de comidas e bebidas, geralmente mais afastados da multidão que se aglomera em frente ao palco. A dica é: compre sua refeição e vá comer em um local mais distante e arejado. No autódromo, há espaço para isso.

Se estiver em grupo, evite ficar conversando ou dando risada enquanto come e tente manter uma distância de pelo menos 1,5 metro entre as pessoas. Dividir mesas com outros grupos que não o de pessoas de sua convivência também não é recomendado. Apesar dos riscos, não deixe de se hidratar e se alimentar. Se estiver em ambiente de aglomeração tire a máscara rapidamente apenas para se hidratar.

No Lolla Lounge

O Lolla Lounge é um local para os VIPs e só quem foi convidado ou pagou a mais pelo ingresso tem acesso. Mas o coronavírus não escolhe público vip ou comum. Mesmo sendo bastante arejado, o lounge é coberto e tem muita circulação de pessoas. Portanto, o ideal é que as pessoas mantenham a máscara no rosto. Na hora de comer ou beber vale procurar um local mais perto das janelas e áreas abertas do espaço. Evite também consumir alimentos expostos por muitas horas.

No meio da galera

grade - Mariana Pekin/UOL - Mariana Pekin/UOL
Fãs se aglomeraram nas grades dos shows na última edição do Lolla, em 2019
Imagem: Mariana Pekin/UOL

Um festival é um ambiente de total descontração e, após dois anos de pandemia, as pessoas já estão bem conscientes dos riscos e têm livre arbítrio para escolher o quanto querem ou não se expor a eles. Ir para a grade do show e se apertar entre outros fãs suados, cantando e emitindo gotículas de saliva definitivamente não é a situação ideal. Ainda assim, a máscara sempre dará uma proteção extra, até mesmo nessa situação. Para enfrentar a muvuca o ideal é escolher o modelo N95, aquele com elástico atrás da cabeça que fica bem ajustado ao rosto.

E depois?

Protegido com sua máscara ou não, um festival é um ambiente propício a infecção e vale usar o bom senso. Mesmo que não tenha sintomas, o ideal é se isolar por pelo menos sete dias depois do evento e fazer um teste antígeno para saber se contraiu o vírus. Caso isso não seja possível, ao menos evite contato direto com pessoas do grupo de risco, como idosos, imunossuprimidos e crianças não vacinadas.

*Médicos consultados: Mirian Dal Ben, médica infectologista do Hospital Sírio-Libanês; Evaldo Stanislau, médico do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e diretor da Sociedade Paulista de Infectologia; Estêvão Urbano, diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia e membro do comitê de enfrentamento ao covid-19 da Prefeitura de Belo Horizonte