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Editora de TV estatal russa que protestou contra a guerra não é encontrada

Mulher invadiu telejornal russo para protestar contra a guerra da Rússia com a Ucrânia - Reprodução/ Twitter @maxseddon
Mulher invadiu telejornal russo para protestar contra a guerra da Rússia com a Ucrânia Imagem: Reprodução/ Twitter @maxseddon

De Splash, em São Paulo

15/03/2022 10h40Atualizada em 15/03/2022 13h17

Marina Ovsyannikova, editora do Channel One Russia que foi detida após invadir a transmissão ao vivo pedindo o fim da guerra não foi mais localizada. A informação é do "The Washington Post".

O Channel One Russia é um canal estatal e principal fonte de notícias para muitos milhões de russos. A emissora segue a linha do Kremlin. Ontem, Ovsyannikova surgiu atrás da âncora segurando um cartaz protestando contra a guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

A mensagem na placa trazia um "sem guerra" em inglês e o restante escrito em russo. "Pare a guerra. Não acredite em propaganda. Eles estão mentindo para você aqui".

Segundo o "The Washington Post" o Comitê de Investigação da Rússia iniciou uma "pré-investigação" contra Ovsyannikova por invadir o estúdio.

A agência de notícias Tass informou que a editora pode ser acusada de desacreditar as forças armadas russas.

Antes de invadir o set do Channel One, Ovsyannikova gravou uma mensagem em vídeo na qual disse que seu pai é ucraniano e sua mãe é russa. Ela descreveu a guerra na Ucrânia como um "crime" e instou o povo russo a se manifestar publicamente.

Infelizmente, trabalhei no Channel One nos últimos anos, ajudando na propaganda do Kremlin. E agora estou muito envergonhada. Tenho vergonha de ter permitido que as mentiras fossem ditas nas telas da TV. Tenho vergonha de deixar o povo russo ser zumbificado. Marina Ovsyannikova

Ravina Shamdasani, porta-voz do escritório de direitos humanos das Nações Unidas, disse a repórteres em Genebra que as autoridades russas deveriam garantir que Ovsyannikova "não sofra represálias por exercer seu direito à liberdade de expressão".

James Cleverly, ministro júnior do Ministério das Relações Exteriores da Grã-Bretanha, disse à BBC que o Reino Unido estava "preocupado" com a segurança da editora.

"Esses atos de desafio dentro da Rússia... São incrivelmente importantes. Isso mostra um enorme grau de bravura para esses indivíduos protestarem no que é, sabemos, um estado autoritário opressivo. É muito importante que o povo russo entenda o que está sendo feito em seu nome", disse Cleverly.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky agradeceu à "mulher que entrou no estúdio do Channel One" em uma de suas atualizações em vídeo publicadas no Telegram.

Segundo o OVD-Info, grupo de direitos humanos que rastreia atividades de protesto e detenções na Rússia, milhares de pessoas que se manifestaram contra o conflito foram presas.