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'Opinião racista é crime?': o que Monark já falou de controverso

Colaboração para Splash, em São Paulo

08/02/2022 16h06Atualizada em 08/02/2022 18h25

Bruno Aiub, conhecido como Monark, ex-apresentador do podcast Flow, polemizou ao defender a existência de um partido nazista no Brasil que fosse reconhecido por lei, mas, hoje, se desculpou assumindo que "foi burro" em suas afirmações e pedindo compreensão por estar "bêbado" durante a entrevista. O detalhe, no entanto, é que não é a primeira vez que o podcaster é criticado por suas falas — o Estúdios Flow anunciou a saída do apresentador pelas declarações.

Ontem, em entrevista com os deputados federais Kim Kataguiri (Podemos) e Tabata Amaral (PSB) no podcast Flow, o apresentador sugeriu a criação de um partido nazista no país sob alegação de que todos poderiam ter voz uma vez que, na sua opinião, "direita e esquerda ter espaço".

"A esquerda radical tem muito mais espaço que a direita radical, na minha opinião. As duas tinham que ter espaço, na minha opinião [...] Eu acho que o nazista tinha que ter o partido nazista reconhecido pela lei", disse Monark.

O podcaster logo foi rebatido por Tabata, que afirmou que o nazismo coloca a população judaica em risco. "Liberdade de expressão termina onde a sua expressão coloca em risco coloca a vida do outro. O nazismo é contra a população judaica e isso coloca uma população inteira em risco", disse a parlamentar.

Hoje, após os patrocinadores do podcast "Flow" repudiarem a opinião polêmica, o podcaster usou suas redes sociais para fazer um pedido de desculpas por ser insensível com a comunidade judaica e 'defender uma ideia de jeito burro'.

"Eu errei, a verdade é essa. Eu tava muito bêbado e fui defender uma ideia que acontece em outros lugares do mundo, nos Estados Unidos, por exemplo, mas eu fui defender essa ideia de um jeito muito burro, eu estava bêbado, eu falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica. Peço perdão pela minha insensibilidade", disse ele.

Importante destacar que no Brasil é considerado crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas e objetos de divulgação do nazismo, conforme o artigo 1º da Lei 7.716/89. Caso seja caracterizado o ato de divulgar ou comercializar materiais com ideologia nazista, a pena pode variar entre um a três anos de prisão e multa.

Homofobia x gostar de refrigerante

Em outubro do ano passado, Monark recebeu o humorista Antonio Tabet para uma entrevista no "Flow" e durante a conversa chegou a comparar a homofobia com gostar de refringente.

No diálogo, Tabet trouxe uma discussão sobre os casos de crime contra homossexuais. "Um cara que fala assim: 'eu acho que gay tem que apanhar na Avenida Paulista", afirmou ele. Monark, então, o interrompeu para expôr sua opinião:

E o cara que fala: 'eu amo refrigerante, nossa, com açúcar então. Amo pra carlh*, quero beber refrigerante e acho que todo mundo tinha que beber refrigerante.
Monark

Minutos após o debate avançar sem ambos chegarem em um denominador comum, o podcaster, que também indagou se seria crime questionar a eficácia da vacina, declarou que entendia a colocação do convidado.

Antonio Tabet, por sua vez, rebateu deixando claro que o apresentador não tinha conhecimento do que estava falando por não estar na pele das vítimas de crime de homofobia. "Não sei se você me entende. Não é crime beber refrigerante", declarou.

Opinião racista é crime?

Também em outubro de 2021, Monark usou seu perfil no Twitter para questionar se ter uma opinião racista seria crime. A grande repercussão da polêmica, inclusive, fez o iFood encerrar a parceria com o "Flow Podcast".

Com a repercussão negativa do questionamento, ele tentou se defender, afirmando que as pessoas queriam "criminalizar o pensamento".

Novamente, após inúmeras críticas por suas publicações, Monark voltou ao Twitter e disse que "muita gente" teria interpretado erroneamente sua defesa à liberdade de expressão com defesa a opiniões "hediondas" como racismo ou homofobia.

Demissão

Diante da grande repercussão negativa da declaração de Monark e a perda de patrocinadores, a Estúdios Flow, responsável pelo Flow Podcast, anunciou hoje a demissão do sócio e apresentador Bruno Aiub, o Monark, que defendeu a existência de um partido nazista reconhecido por lei no Brasil em um episódio do projeto.

Ao longo da nossa história, tratamos de temas sensíveis buscando promover conversas abertas sobre assuntos relevantes para a nossa sociedade, sem preconceitos ou ideias preconcebidas, pelo que acreditamos e defendemos. Reforçamos nosso comprometimento com a Democracia e Direitos Humanos, portanto, o episódio 545 foi retirado do ar. Comunicamos também a decisão que a partir de agora, o youtuber Bruno Aiub, o Monark, está desligado do Estúdios Flow.
disse a produtora.

A Estúdios Flow ainda se desculpou com a comunidade judaica e disse que vai superar essa situação "contribuindo para uma sociedade mais justa" e com liberdade de expressão "amparada por preceitos legais".